quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Razões adormecidas


Hoje restam somente algumas folhas de outono... A natureza desfez-se da grandeza de outros dias e mostrou-se assim, romanticamente adormecida. Apenas o sol revelava nesse dia alguns sinais de esperança. Eu já não a tinha...
Foi ali que as nossas vidas resolveram ter um fim. Ela levantou-se, deu dois ou três passos avaliando neles o silêncio do meu espanto, virou-se para mim e disse algo tão baixinho que não consegui ouvir. Ou não quis, não sei... Eu fiquei quieto, tentando perceber as razões daquele momento. E quando, minutos depois, me afastei daquele lugar, ainda me lembrei de olhar para trás. Foi o que fiz...
As folhas mortas por sobre o banco de jardim eram o retrato perfeito da angústia que sentia.



* esta imagem foi retirada do site http://meialaranjainteira.blogspot.com/

7 comentários:

  1. A poesia é magnífica, mas a prosa... a prosa sempre me cativou, pelo quão sincero se é, mesmo que as palavras não fiquem tão bem juntas... não sei se me faço entender, mas a prosa transmite-me autenticidade, simplicidade, sinceridade... e isso é duma beleza brutal.
    Gosto imenso de o ler neste registo também. Parabéns, é um escritor de mão cheia! É uma honra poder lê-lo diariamente. Um grande beijinho

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  2. Se todos conseguíssemos dizer adeus assim...
    Muito simples, muito belo - já sabe o que penso...

    Beijoca grande!

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  3. sofia: ainda bem que gostas do que vou escrevendo por aqui. Obrigado pelos elogios... E já vai sendo altura de me tratares por tu, ok? ;-) kiss para TI.

    cati: obrigado também. É bom ter leitoras assim. Kiss a preparar-me para ir dar aulas sobre Frei Luís de Sousa.

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  4. Quem és tu Romeiro?

    NINGUÉM!!!

    Os miúdos continuam a detestar?
    (",) Aposto que com um professor tão criativo, adoram!

    Um beijinho!

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  5. Nunca senti que os alunos detestassem a peça. Não é nada detestável, aliás. É de uma grande beleza trágica, como sabes. E esse é o desafio: mostrar-lhes isso.

    Kiss com testes para corrigir.

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  6. ' ... As folhas mortas por sobre o banco de jardim eram o retrato perfeito da angústia que sentia.'

    As mesmas folhas que naquele momento secavam um pranto presente e que como se que por magia noutro banco saberiam encontrar poiso e descanso ?

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  7. Num momento pintado com as mesmas cores, apanhei do chão 3 folhas de Outono... uma vermelha, uma laranja e uma amarela.
    São as únicas três palavras que restaram daquele banco de jardim. Três palavras que o vento deixou voar...
    "Hoje restam somente algumas folhas de outono..."
    :)
    Beijinho

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