terça-feira, 15 de abril de 2008

Poema

Vai distante o tempo
sinto uma ausência
no meu corpo
no corpo dos outros

A minha filha chora
e o choro dela vem de mim
o sal das lágrimas são gotas
do copo d'água à minha frente

De um trago
de um só golo
bebo o único som das lágrimas
deste tempo

*este poema foi escrito a 14/11/1997, num momento em que a minha filha chorava. Tinha quase 5 meses de vida. Encontrei-o ontem, por mero acaso, ao desfolhar um livro de Eugénio de Andrade.

6 comentários:

  1. "...e o choro dela vem de mim..." É tão bonita esta imagem...


    *HÁ acasos que são muito bem vindos, como o desfolhar de um livro...

    ResponderEliminar
  2. :)

    (aceito o desafio, mas não me ocorre nada... Tenho de cumpri-lo num determinado prazo?)

    ResponderEliminar
  3. em bicos de pés: o prazo é da tua conta;-)

    ResponderEliminar
  4. Tu consegues tirar magia das lágrimas de um bebé de 5 meses?!?! Brilhante!

    ResponderEliminar
  5. daniela: como podes ver, os meus "dotes" de nada servem ;-)

    ResponderEliminar
  6. Uau...

    (só me ocorre este comentário, damn me!)

    ResponderEliminar