quinta-feira, 26 de julho de 2007
É favor não incomodar...
Chegou o momento de descanso. Malas feitas e vontade em alta para uns dias longe dos sítios de sempre. O sul é o destino. O sol é o que se deseja. Enfim, férias! Lá para o final de Agosto voltarei a estas páginas. Até já.
Poema
Anoiteceu.
Florescem sombras
no interior das casas,
no interior de nós.
Tudo colapsa,
tudo parece ceder
como se fossemos restos
de um dia
por nascer.
Anoiteceu.
Florescem sombras
no interior das casas,
no interior de nós.
Tudo colapsa,
tudo parece ceder
como se fossemos restos
de um dia
por nascer.
Anoiteceu.
Senhor Fantasma
É sempre reconfortante levar mais alguns livros de última hora para as férias que se avizinham. Como este que comprei hoje e já jurei a mim mesmo não lhe tocar antes do sol algarvio me dar licença. Mais um livro de poemas a juntar a outros. Alguma prosa já está igualmente guardada para o mesmo efeito. Revistas também, para os fins de tarde.
Falar um pouco de Senhor Fantasma é-me impossível, como podem perceber do que escrevi. Mas a esperança que vá bem com o descanso ao sol é muito grande. E se o livro exigir dois dedos de whisky em momento de contemplação, ainda melhor.
Aliás, não há que ter medo de fantasmas...
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Diabos à solta
Já começo a sentir no ar a vontade de voltar. De voltar ao meu lugar, ao meu estádio para ver a minha equipa. De voltar às tardes e noites de glória, ao sofrimento de quem puxa por quem se gosta, vontade de gritar bem alto o único nome que me vai na alma naqueles momentos e sentir que vale a pena, que o coração aguenta sempre mais uma vitória, mais uma conquista, mesmo que fique apertado durante quase hora e meia para, de repente, rebentar de emoção.
Eu vou lá estar, vamos lá estar todos e vamos vencer quem por lá apareça.
Sempre!
terça-feira, 24 de julho de 2007
Três respostas
O que diz uma lágrima?
Que palavras
ficam escritas
enquanto escorre
nas linhas do rosto?
Histórias de encanto
ou de desgosto?
Que palavras
ficam escritas
enquanto escorre
nas linhas do rosto?
Histórias de encanto
ou de desgosto?
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Pato Fu
Ainda mal o ouvi e o juízo pode ser prematuro. Mas este nono disco da banda brasileira parece bem mais interessante que o anterior. Por isso a pressa em o colocar nestas páginas. Gosto muito de Pato Fu. É uma banda excêntrica, capaz de músicas inusitadas, com algum psicadelismo tropical à boa maneira d'Os Mutantes (embora sempre me parecesse despropositada essa comparação por parte da crítica, a verdade é que estou aqui a referir isso mesmo...). Chama-se Daqui Pro Futuro e deve estar disponível fisicamente no final mês que vem.
Curioso é o facto deste novo trabalho da banda mineira aparecer em selo próprio pela primeira vez na história do grupo e surgir já em formato digital em vários sites e blogs. A voz aparentemente mais frágil do Brasil (refiro-me a Fernanda Takai) já me canta aos ouvidos, uma vez mais!
domingo, 22 de julho de 2007
sábado, 21 de julho de 2007
The Fiery Furnaces
Gosto dos The Fiery Furnaces. São uma dupla imbatível em inventividade. Arrisco mesmo dizer que poucas são as bandas que numa só faixa espalham ideias que dariam para três ou quatro músicas. Window City é o novo disco de Matthew e Eleanor Friedberger que só sairá lá para Agosto ou Setembro. Já o tenho e gosto. Gosto das músicas longas, da excentricidade e da capa. Gosto muito da capa. Tem um ar retrô que vai bem com a atitude clever-clever que é a sua imagem de marca.
Mais um disco para o meu verão algarvio, daqui a dias...
Poema
Hoje
visitei paixões antigas
um livro um gerânio a voz do vento
Quem sabe
se amanhã
vestirei de outras cores
o desalento
visitei paixões antigas
um livro um gerânio a voz do vento
Quem sabe
se amanhã
vestirei de outras cores
o desalento
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Três poemas para Mia Couto
I
Estendes as palavras como saias
e no manto delas
sussurram as vozes das micaias
II
Nem sempre a terra nos sustenta
a braços com seus vazios
nem sempre da água nascem rios
rumo a paragens distantes
e quase nunca as noites frias
são maiores do que os instantes
III
Agora
o tempo desperta em novas vagas
e a palavra já assenta
na ténue certeza das miragens
(* estes poemas foram publicados no jornal Ecos de Belém, a oito de Outubro de 1994, embora apareçam agora ligeiramente modificados.)
Estendes as palavras como saias
e no manto delas
sussurram as vozes das micaias
II
Nem sempre a terra nos sustenta
a braços com seus vazios
nem sempre da água nascem rios
rumo a paragens distantes
e quase nunca as noites frias
são maiores do que os instantes
III
Agora
o tempo desperta em novas vagas
e a palavra já assenta
na ténue certeza das miragens
(* estes poemas foram publicados no jornal Ecos de Belém, a oito de Outubro de 1994, embora apareçam agora ligeiramente modificados.)
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Poema
Deve ser da lua
do calor da noite
do vento que passa
Ou talvez da estrela
que brilha mais alto
por cima de mim
Quem sabe é do mar
que se escuta ao longe
depois do horizonte
Ou por não passares
pela minha vida
que hoje estou assim
do calor da noite
do vento que passa
Ou talvez da estrela
que brilha mais alto
por cima de mim
Quem sabe é do mar
que se escuta ao longe
depois do horizonte
Ou por não passares
pela minha vida
que hoje estou assim
Brain Donor
Já tem seis anos este disco, mas continua a rodar nos ares lá de casa e no meu iPod. É rock sujo, garage rock, estridente, e tem tudo aquilo que em princípio não deveria gostar. Mas adoro. Talvez por ser mais um dos side projects de Julian Cope...
Chama-se Love, Peace & Fuck (sim, isso mesmo), e a banda (um power trio) dá pelo nome de Brain Donor. Se lhe apetecer gritar e pular ao som de algo mais ruidoso, já sabe o que pode procurar.
Uma última palavra para a capa (foto acima): sinistra, psicadélica, uma obra-prima.
ps: também existe em versão vinil duplo, e só vos digo que é um objecto maravilhoso.
terça-feira, 17 de julho de 2007
A geografia do corpo
Parece um deserto
estendido entre lençóis
de areia.
O corpo não mata a sede
quando a vontade
escasseia.
estendido entre lençóis
de areia.
O corpo não mata a sede
quando a vontade
escasseia.
Yada yada yada
A oitava série já por aí anda. E, se não me engano, é a penúltima. Antes do Natal vamos poder ter todos os episódios em casa. Apesar de já os ter visto vezes sem conta, sabe sempre bem vê-los uma vez mais.
Quem é o seu preferido? Elaine Benes, Cosmo Kramer, George Costanza ou Jerry Seinfeld? Não vale a pena responder. A pergunta de nada serve. Afinal, esta é uma série sobre isso mesmo: coisa nenhuma!
Acho que está na hora da minha t-shirt do Kramer sair da gaveta, uma vez mais!
segunda-feira, 16 de julho de 2007
A geografia do rosto
Duas ilhas
lado a lado
o céu azul
(e palmeiras agitando ao seu redor)
Um pequeno monte
a encimar a fenda
aberta em espanto
E o gesto inquieto
de um sorriso franco
lado a lado
o céu azul
(e palmeiras agitando ao seu redor)
Um pequeno monte
a encimar a fenda
aberta em espanto
E o gesto inquieto
de um sorriso franco
domingo, 15 de julho de 2007
"A ti también te vale pito?" *
Não sou amante absoluto de cinema. Prefiro os livros e os discos. No entanto, por vezes, surgem certos filmes que me fazem rever um pouco esta minha posição. É o caso de Temporada de Patos, de Fernando Eimbcke. Este mexicano fez desta sua primeira obra um momento de cinema muito interessante. De repente, a harmonia de uma tarde num bairro suburbano vai sofrendo alterações inesperadas. Tudo gira à volta de dois jovens rapazes, uma jovem rapariga e um entregador de pizzas. Mas dizer isto é quase nada dizer e por isso vale a pena acrescentar mais algumas particularidades: uma tarde com falhas de electricidade, um quadro onde se vislumbram alguns patos e um bolo de marijuana, por exemplo. O resto é pura magia. A imagem a preto e branco confere ao filme um toque final de classe indie, como convém.
Quem resistirá a uma imagem como esta, belíssima?
(* E tu, também te estás nas tintas?)
Cabeças grandes
Eis um livro absolutamente fantástico. Pessoas Que Usam Bonés-Com-Hélice é um título estranho, eu sei. O livro também, mas é irresistível. A banda desenhada portuguesa pode orgulhar-se de José Carlos Fernandes. O livro saiu em 2003 e a minha descoberta é tardia. Só o encontrei há uma semana, perdido numa estante Fnac. O humor é genial, corrosivo, desarmante.
Os perímetros encefálicos destas personagens são proporcionais ao delírio a que o livro nos remete. O Homem que Teme uma Invasão Chinesa Iminente, O Homem que Sonha Ser capaz de Levitar, ou O Caixa de Supermercado que Vê Poetas Famosos em Todo o Lado são exemplos do que acima digo. Mas há tantos mais...
Quem não ler este livro merece uma cabeçada!
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Só as mães são felizes
Lembro-me de estar no Jardim da Música e ouvir Zezé Ferrari cantar "Disparo contra o sol / sou forte sou por acaso / minha metralhadora cheia de mágoas / eu sou o cara..." Esperávamos noites inteiras por esta e outras músicas...
Estes versos são de Cazuza, os primeiros da canção O Tempo Não Pára.
Vem isto a propósito do livro que estou a ler neste momento.
Chama-se Só as Mães São Felizes e foi escrito pela mãe do próprio, Lucinha Araújo. Leio-o sofregamente, exactamente da maneira como Cazuza viveu a sua própria vida até chegar ao céu. O seu tempo, no entanto, nunca parou.
De facto, a eternidade é o único caminho que o tempo não consegue parar.
(* a edição portuguesa traz um cd representativo da obra de Cazuza.)
Karamba!
Andei a mexer em caixotes antigos e encontrei o primeiro de muitos números de uma revista que marcou uma época em Portugal. M.E.C. e Paulo Portas eram os nomes que mais se notavam, mas também Carlos Quevedo, por exemplo. Que alegria quando era dia de sair a K. Ainda durou algum tempo, mas acabou.
Esta era a capa do primeiro número e a foto não enganava: havia qualidade lá dentro. Como a própria dizia em jeito de slogan, "Quem Tem K Sempre Escapa". Infelizmente, não esKapou...
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Poema
Sento-me quieto
desafiante
o olhar na distância
dos espaços.
O corpo inerte
e soçobrante
a desfiar os cansaços.
desafiante
o olhar na distância
dos espaços.
O corpo inerte
e soçobrante
a desfiar os cansaços.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
O tempo em nós
Vamos
no tempo dos dias,
atentos,
despertos,
verdadeiros.
E nem sentimos
que vivemos
nos soluços dos ponteiros.
no tempo dos dias,
atentos,
despertos,
verdadeiros.
E nem sentimos
que vivemos
nos soluços dos ponteiros.
terça-feira, 10 de julho de 2007
Urso Panda
Mais um disco para o meu verão!
Corrijo: acho que este disco também estará comigo nas estações seguintes.
Imaginem sons dos Beach Boys escondidos por detrás de sons estranhos, delicados, viciantes. É isso, um vício. Perigoso, portanto.
Panda Bear é Noah Lennox (dos Animal Collective) e o trabalho chama-se Person Pitch. Tenho dado comigo deitado a ouvir Person Pitch do início ao fim, repetidamente. De noite, que é quando sabe melhor.
E de noite, fico com a cabeça cheia de sol!
domingo, 8 de julho de 2007
Poema
Ainda vou a tempo
de um último segredo
uma última palavra
para resgatar a vida inteira:
nos braços
que me estendes
vive a esperança derradeira.
de um último segredo
uma última palavra
para resgatar a vida inteira:
nos braços
que me estendes
vive a esperança derradeira.
A música que apetece
Ainda não está fisicamente disponível, mas já se pode ouvir nos ares da net.
Chama-se Hey Venus! e é mais um grande disco dos Super Furry Animals. A capa é um convite ao delírio e o disco confirma isso mesmo: este novo trabalho dos SFA é um dos melhores da discografia da banda e quando se ouve, o verão sabe melhor, tem outro encanto, outra dimensão. Por cá não são muito conhecidos, nem nunca serão, presumo. Mas a verdade é que quase sempre isso é muito bom sinal...
quinta-feira, 5 de julho de 2007
A Tempestade ou O Livro dos Dias
É um dos grandes discos da genial banda de rock brasileiro, Legião Urbana. Foi lançado em 1996 e pouco tempo depois Renato Russo morreu. Não é considerado o melhor disco da banda e alguma crítica na altura foi severa com os rapazes de Brasília. Mas tem Quando Você Voltar, por exemplo. Ultimamente tem rodado muito na minha cabeça, a melodia, a letra, a canção inteira, adulta, perfeita.
Vai, se você precisa ir
Não quero mais brigar esta noite
Nossas acusações infantis
E palavras mordazes que machucam tanto
Não vão levar a nada, como sempre
Vai, clareia um pouco a cabeça
Já que você não quer conversar.
Já brigamos tanto
Mais não vale a pena
Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV
Sei que existe alguma coisa incomodando você
Meu amor, cuidado na estrada
E quando você voltar
Tranque o portão
Feche as janelas
Apague a luz
e saiba que te amo...
Heróis transfigurados
O vigésimo e último volume da colecção
Spirou no Públicosai dentro de duas semanas, no dia 18 deste mês. Que pena! Seria óptimo que se prolongasse por mais outros tantos livros. Sei que as Publicações Asa vão editar de novo as aventuras de Spirou e Fantásio ainda este ano, em capa dura. Menos mal...
O interessante nestes vinte livros é vermos as transformações sofridas pelas personagens em termos gráficos, de autor para autor. Como, por exemplo, em Os Gigantes Petrificados, de Yoann-Vehlman. Aqui, os conhecidos Spirou e Fantásio, Zorglub e Champignac parecem outros, mostrando ao mundo inteiro que o tempo transfigurou os imaginários de todos nós.
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Livro falado
Quando era adolescente li vários livros de Jorge Amado. Exactamente aqueles que todos leram: Os Capitães de Areia, Gabriela Cravo e Canela, A Tenda dos Milagres, São Jorge dos Ilhéus...
Houve um, no entanto, que nunca consegui ler nem ter. Chama-se Bahia de Todos os Santos: Guia das Ruas e dos Mistérios da Cidade de Salvador da Bahia. Sempre tive vontade de o ler, mas nunca o consegui encontrar. Talvez não tenha procurado o suficiente, confiando que a vida se encarregaria de mo trazer às mãos.
A verdade é que, agora, o destino cumpriu-se. Tenho ouvido um disco com excertos desse livro - em estilo spoken word -, com música do genial Egberto Gismonti e narração do próprio Jorge Amado! Que mais se pode desejar? É uma autêntica raridade, só possível pela existência da internet.
Assim sabe bem ouvir a voz dos autores imortais!
terça-feira, 3 de julho de 2007
segunda-feira, 2 de julho de 2007
A Chama Imensa
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