quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Spiritualized
De Jason Pierce podemos sempre esperar discos narcóticos, perigosos, discos que nos transportam para territórios oníricos, onde a sensação que impera é a da levitação - o disco anterior a este chama-se, curiosamente, Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space, o que não deixa de ser curioso.
Let It Come Down não é um trabalho recente na discografia dos Spiritualized, mas é o disco que costumo escolher para ouvir quando o Verão mostra os primeiros sinais de querer partir e o Outono espreita as primeiras oportunidades de se mostrar. É magnífico, mesmo quando o ruído furioso de guitarras sujas vem despertar-nos do embalo quase sempre constante ao longo do disco. Canções como Don't Just Do Something, Straight And The Narrow ou Lord Can You Hear Me, fazem deste Let It Come Down uma obra portentosa, uma experiência quase religiosa. Este é o som da redenção e eu sou um dos fieis mais devotos dos Spiritualized.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Poética
As palavras alinham-se
acomodam-se no deserto
ao seu dispor
Valem pelo que não são
íntimo rigor
desde o início
E no momento final
versos que vagueiam
rente ao precipício
acomodam-se no deserto
ao seu dispor
Valem pelo que não são
íntimo rigor
desde o início
E no momento final
versos que vagueiam
rente ao precipício
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Futuro distante
Como encarar agora o mundo? Depois da súbita violência sofrida, a vida tinha agora outros contornos, mais densos, mais sombrios, precários. Diziam-lhe que fosse em frente, que de nada adiantava chorar mais um rio, que deixasse de pensar nesse momento. Mas como? Como, se as marcas eram tão visíveis, tão profundas, tatuadas para sempre nos dias vindouros? A vida não é um livro que se rasgue, não é uma folha que se risque ou se apague. Tudo permanece. E o seu receio era viver o futuro com essa certeza.
nota: esta imagem pode ser vista em http://olharmacro.blogspot.com/
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
...depois o filme
Como complemento, claro está. Um livro tem sempre outra magia, um prazer mais táctil, mais físico. O filme Amigos Imaginários, de Peter Cattaneo, chegou a Portugal em formato dvd. Confesso que fiquei surpreendido por vê-lo nas estantes das lojas da especialidade. Nem supunha que Pobby e Dingan existissem doutra forma que não em livro. Mas sim, existe e ainda bem. Não o vi, mas seguramente estará para breve mais esse encontro com a obra, agora de forma diferente, sabendo que as personagens vão ter um rosto, um corpo, uma respiração própria. Até lá, terei tempo para convocar um mar de gente que só eu conheço para juntos assistirmos à poderosa história de Kellyanne e seu irmão. Talvez Pobby e Dingan aparecam lá por casa também...
Primeiro o livro...
Este texto é uma delícia. Para saborear desde a capa até à última palavra. Pelo meio vive uma história arrepiante, sublime, de uma tristeza que nos magoa e ao mesmo tempo nos revigora e enche de coragem. Os amigos imaginários da pequena Kellyanne desaparecem e por causa disso Kellyanne adoece, definha, vai deixando, aos poucos, de existir. Como alimentar a fantasia das crianças em momentos de enorme desespero? Como lidar com a ausência, mesmo quando se procura algo que não existe, de facto? Como tornar real o que é invisível à vista de (quase) todos?
Esta obra de Ben Rice está editada em Portugal há vários anos. E há vários anos que o reencontro se dá, sempre de forma a causar em mim um espanto inusitado, profundo, difícil de explicar.
sábado, 22 de setembro de 2007
Caetanear II
No passado mês de Agosto a revista Rolling Stone brasileira colocou Caetano na capa. A ideia inicial era tê-lo nu, numa sessão fotográfica que seria, certamente, histórica. Não é virgem esta ideia de ver o grande baiano sem a mínima roupa. Basta lembrar a célebre capa (e contracapa, já agora) do Lp Jóia, de 1975. Agora, aos 65 anos, Caetano aparece desafiador, com ar contestatário, sublinhando essas ideias com cílios postiços, numa imagem que irradia sexo, transpira desejo e o contrário de tudo isso ao mesmo tempo. Dele sempre se soube ser um manipulador genial da palavra, do som e da imagem. Nada de novo, portanto. Caetano está de volta e isso será sempre motivo de capa. Mesmo que por debaixo dela esteja nu!
Caetanear I
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Poema
Aqui
onde as pedras
ganham cor
ao sol
Onde o peso
que suporto
é a raiz
que me sustenta
Aqui
sítio sem sombras
nem idade
Deixo o que a voz
proclama
e diz:
Sou
quem semeia
o que não quis
onde as pedras
ganham cor
ao sol
Onde o peso
que suporto
é a raiz
que me sustenta
Aqui
sítio sem sombras
nem idade
Deixo o que a voz
proclama
e diz:
Sou
quem semeia
o que não quis
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
O passado, hoje!
Este segundo trabalho dos The Buggles tenho-o em vinil. Desde hoje que o tenho também em mp3. Não o ouvia há mais de quinze anos, seguramente. Apenas porque já não tenho forma de o tocar e o cd deste Adventures In Modern Recording é uma rara preciosidade que dificilmente se encontra a preço acessível. Sempre preferi este disco ao anterior - e primeiro da banda -, o muito conhecido The Age Of Plastic, cuja faixa Video Killed The Radio Star foi o teledisco de arranque da MTV. Acho-o um disco típico de certo período de música dos 80's. Trevor Horn comanda as operações e notam-se alguns tiques - poucos, felizmente - dos Yes. No fundo, o que me leva a escrever aqui estas linhas é o prazer do flash-back que ouvi-lo hoje me proporcionou. E não há como um bom disco para nos fazer reviver momentos que não podemos confessar em espaços tão públicos como este...
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Milagre
Não se dava com ninguém. Vivia consigo mesma e isso era o bastante. Era assim que gostava de pensar. Reclusa do seu próprio feitio, chegava a passar semanas inteiras sem sentir no rosto o calor do sol dos dias que passavam.
Mas por vezes a vida acorda-nos para outras realidades sem que nos apercebamos disso. Nesse dia olhou para a rua e viu o mesmo céu de sempre, mas tudo lhe pareceu novo, puro, inocentemente belo.
Tudo mudou desde então. Passou a querer a vida de outra maneira e enamorou-se pelo azul longínquo desse mesmo céu. Como forma de homenagear essa descoberta, esse milagre, passou a pintar de azul os seus olhos rejuvenescidos.
nota: esta imagem pode ser vista em http://olharmacro.blogspot.com/
Poema
Ao meu redor
rodam as contas dos dias
espiral do tempo
centrado em mim
raiz
sobre o meu corpo
em viagem
do princípio
até ao fim
rodam as contas dos dias
espiral do tempo
centrado em mim
raiz
sobre o meu corpo
em viagem
do princípio
até ao fim
domingo, 16 de setembro de 2007
Poema
Os dias perdidos
Sabia que não tinha idade para brincar como as crianças, mas essa certeza de nada lhe servia. Era mais forte do que ele. Mesmo quando o trabalho lhe exigia atenção, competência e concentração, havia sempre um momento para a fuga suprema: "Que fazer com este papel onde se lê URGENTE, deixado na minha secretária? Talvez dobrá-lo e fazer um barco, depois deixá-lo flutuar no rio Tejo que passa mesmo ao lado da cadeira onde me sento. Ou simplesmente amachucá-lo e tentar encestar no caixote do lixo do chefe. São três pontos garantidos!" - pensava.
Os dias eram assim perdidos...
E como era precavido, trazia sempre no seu bolso um carrinho pequeno que usava para evitar os engarrafamentos à hora de ponta.
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sábado, 15 de setembro de 2007
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Cê de Caetano ao vivo
Um disco de Caetano é sempre um acontecimento. Mesmo que não seja um trabalho de originais, de estúdio. Este é mais um cd ao vivo do mano Caetano. Aliás, os manos baianos(refiro-me também a Maria Bethânia, é claro) são dos músicos brasileiros com mais registos ao vivo, seguramente. E ainda bem. Este Cê ao Vivo saiu hoje no Brasil. Por cá ainda não tem data de edição marcada, mas não deve tardar muito. O disco de estúdio representou uma revolução na discografia recente de Caetano Veloso. Mais jovial, mais sexual, Cê caiu no gosto de muitos, mas o contrário também aconteceu a outros tantos. Não é (quase) sempre assim com os seus discos?
Foi gravado na Fundição Progresso (RJ) em 12 de Junho de 2007. A produção esteve a cargo de Moreno, seu filho.
E, para já, só temos a capa para nos entreter os sentidos...
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Poema
Este é um poema falhado
um poema sem sentido
preso
frágil
sem abrigo
poema desperdiçado
em perigo
o avesso da poesia
pouco ágil
parco
eclipsado
que se deixou adormecer
em tempo errado
um poema sem sentido
preso
frágil
sem abrigo
poema desperdiçado
em perigo
o avesso da poesia
pouco ágil
parco
eclipsado
que se deixou adormecer
em tempo errado
A vida em concerto III
Não há muito tempo para respirar e pensar que estamos de novo a viver a nossa vida rotineira. No início de Novembro, dia 6, o Coliseu dos Recreios vai estar de novo em festa. Cheio de estrelas. Rufus Wainwright apresenta Release The Stars. O canadiano bisa na sala onde apresentou um concerto memorável há ano e meio atrás. Agora volta com um trabalho que tem crescido em mim como já não esperava que viesse a acontecer. E ando de tal maneira rendido ao disco que lá estarei, de coração aberto, para escutar Going To A Town, Do I Disappoint You e, por exemplo, Not Ready To Love. Depois sim, a vida pode continuar.
A vida em concerto II
Até tremo os dedos ao escrever estas linhas... Se estivesse a falar, falaria baixinho, quase em sussurro, como se deve falar perante os deuses sagrados dos nossos ouvidos. Ainda por cima será a primeira vez que irei ouvir David Sylvian e isso será um grande acontecimento. Sei que tenho de me preparar, de tomar um ou outro calmante, porque é raro, muito raro alguém poder estar perto daqueles que se passeiam apenas nas nuvens do planeta. E Sylvian não vem só para o palco do CCB. Steve Jansen, Keith Lowe e Takuma Watanabe também vão lá estar. E é desta que o sonho da levitação se concretiza. Tenho a certeza absoluta. Será a 21 do próximo mês.
A vida em concerto I
No início do Outono que se avizinha, Portugal vai ser palco de concertos imperdíveis. Não apenas estes que referirei, certamente. Mas nesses três vou lá estar e isso fará de mim um homem mais feliz. A 12 e 13 do próximo mês é a vez do Mestre apresentar Cê ao Vivo. A julgar pela lista de canções presentes no cd a sair dentro de dias (mas para já somente no Brasil, infelizmente) bem como do dvd (ainda sem data de lançamento marcada, segundo julgo saber), o show promete. Os mais de sessenta anos de idade não parecem fazer estragos em Caetano. Está mais jovem, mais solto, mais rocker. Caetano traz para este seu espectáculo muitas músicas de início de carreira, algumas do londrino Transa, como Nine Out of Ten ou You Don't Know Me. E para quem não o conheça (haverá alguém?), o mítico Coliseu dos Recreios de Lisboa é o local perfeito para o encontro se dar.
Quem não o for escutar não merece perdão...
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Poema
Um dia
estava cansado
um outro
fui ver o mar
o azul doce
e brilhante
ficou-me preso
ao olhar
se um dia
estive cansado
no outro
deixei de estar
estava cansado
um outro
fui ver o mar
o azul doce
e brilhante
ficou-me preso
ao olhar
se um dia
estive cansado
no outro
deixei de estar
Reencontro
Teria 13, 14 anos, não mais.
Lembro-me perfeitamente da tarde em que ouvi Joyce pela primeira vez. Em casa da minha amiga Teresa Ouro - (há quantos anos não a vejo nem sei dela?), os sons de Feminina fizeram-se ouvir e o fascínio foi imediato. Depois, a faixa Clareana fez o resto. Estava perdido de amores por este disco. Por este, apenas. Depois disso a cantora e intérprete brasileira nunca mais me fascinou. Ou, pelo menos, nunca mais como naquele dia, naquele quarto, na companhia de uma outra amiga (há quantos anos não a vejo nem sei dela?), de nome Lena.
Cerca de 25 anos depois, Joyce reaparece na minha vida. E uma vez mais com o mesmo disco... Difícil de encontrar nos dias que correm, este trabalho de Joyce não perdeu qualidades. Continua a soar-me nostálgico, mágico, encantador. Exactamente como no momento em que chegou até mim, naquele quarto, naquele dia, na companhia feminina da Teresa e da Lena.
A vida, como alguns discos, tem sentidos circulares que nos enternecem.
nota: um abraço muito agradecido ao (((SOLIDOWN))), sem o qual este reencontro não teria acontecido.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
O que sempre quisera
Naquele dia tudo lhe parecia ainda mais insuportável. O sol queimava qualquer alma que se movesse, os dias eram longos, tão longos que avançavam noite dentro, a solidão pesava-lhe nos ombros, no olhar, nos ossos. A sua vida era tudo isto, mistura de angústia, desespero e pó. Nesse dia resolveu ir mais longe, romper a norma das horas e dos minutos, transgredir o tempo. Não foi preciso coragem. Bastou um forte suspiro, fechar os olhos e dar o primeiro passo. Avançou. Deixou a vida à beira da árvore e conseguiu, finalmente, o que sempre quisera.
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domingo, 9 de setembro de 2007
Poema
Agora é a vez dos risos
dos gritos que voam
acima das casas
das corridas sem parar
e dos cansaços ofegantes
Agora é a vez da alegria
das crianças sem sossego
das aventuras vividas
dos sonhos mais delirantes
A vez de estarem tão perto
as memórias mais distantes
dos gritos que voam
acima das casas
das corridas sem parar
e dos cansaços ofegantes
Agora é a vez da alegria
das crianças sem sossego
das aventuras vividas
dos sonhos mais delirantes
A vez de estarem tão perto
as memórias mais distantes
Vampiros antigos
Quando era miúdo, os livros da Colecção Vampiro faziam as minhas delícias. O meu pai tinha vários lá por casa e passou a comprar mais alguns quando se apercebeu do meu genuíno interesse por essa colecção. Gostava especialmente dos de Georges Simenon, do célebre Inspector Maigret. Confesso que as capas dessas obras sempre me atraíram. Grandes nomes da pintura nacional colaboraram para o crescimento da colecção. E essas capas fantásticas foram, sem dúvida, responsáveis por ter lido as histórias dessa personagem algo soturna, mal encarada, sempre disposta a atacar mais um cachimbo, enquanto pensava nos casos que tinha para desvendar. No entanto, devem ser poucas as personagens da literatura policial com um fundo tão humano como Maigret. Duro, mas compreensivo, mesmo com alguns dos criminosos. Maigret sempre foi um policial diferente, único.
E nunca, como nessa altura, os vampiros tiveram um charme tão especial.
sábado, 8 de setembro de 2007
Imagens
A sinfonia do vento fazia bailar as roupas como se fossem vento elas também. Foi assim todo o verão. Mas todos nos cansamos das rotinas e um dia tudo muda. Do vento faz-se a brisa, do barulho das danças nasce o silêncio. E, por vezes, tudo termina rapidamente. Como agora. Sobram apenas pequenos sinais de cor na imensidão da parede branca do palco.
nota: esta imagem pode ser vista em http://olharmacro.blogspot.com/
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
O início de tudo
Faz quarenta anos que Caetano Veloso existe em disco e falta pouco mais de um mês para estrear em Portugal o seu show CÊ. Hoje ouvi pela enésima vez mais um dos seus discos. Exactamente o primeiro, Domingo. Em 1967 o mundo inteiro passaria a conhecer dois nomes de dois jovens músicos baianos: Caetano Velloso (com dois éles, na altura) e Gal (assim, sem apelido). O disco foi gravado em parceria porque a editora julgou arriscado apostar em dois trabalhos solos de dois nomes desconhecidos. Pois é, a vida está cheia de ironias e esta foi somente mais uma...
Caetano continua intocável, Gal foi-se perdendo a partir de finais de 70, apenas pontualmente se encontrando com a boa forma. O Tropicalismo ainda não tinha dado o seu primeiro grito e Domingo transbordava de bossa-nova. Mas quem ouvia Coração Vagabundo, Onde Eu Nasci Passa Um Rio ou Avarandado, certamente sentiria que algo de muito importante estava a acontecer naquele momento...
nota: o cd CÊ ao Vivo sai no Brasil dia 14 deste mês e conta com 17 faixas. Um dvd do mesmo show também sairá proximamente com um total de 22 canções.
Poema
Já não recordo
os pássaros no jardim
nem a criança que fui
em gesto apressado
para os fazer voar
De pouco serve a memória
mancha sem alma
quase murcha
estendida aos pés da cama
a descansar
os pássaros no jardim
nem a criança que fui
em gesto apressado
para os fazer voar
De pouco serve a memória
mancha sem alma
quase murcha
estendida aos pés da cama
a descansar
PJ Harvey
Não é sobre o novo disco de PJ Harvey que escrevo, embora não faltem razões para isso: é muito diferente dos seus registos habituais, feito ao piano, sem as guitarras sempre prontas à distorção do disco anterior, intenso, íntimo, de longe o seu disco mais pessoal.
Quero referir-me à capa, apenas. Se houvesse votação, lá para o fim do ano, em algum jornal ou revista da nossa praça, para a melhor capa de disco de 2007, esta teria o meu voto. Belíssima, PJ Harvey parece etérea, de uma imensa fragilidade, de outro século (e não me refiro ao anterior), capaz de despertar nos menos atentos uma qualquer chama interior, um desejo inconfessável, a demora do olhar. Brilhante, na luz-não-luz Vitoriana do ambiente que promove.
Diz-se que a imagem da capa parece ter sido inspirada pelo quadro de James Abbott McNeill Whistler (1861), intitulado The White Girl (Symphony in White No. 1). O título do disco é White Chalk...
nota: White Chalk sai a 24 de Setembro.
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Poema
Krautrocksampler
Ainda a propósito da edição recente do novo livro de Julian Cope - com referências bem presentes neste blog, aliás - lembrei-me de trazer para estas páginas um outro volume que o mesmo autor publicou nos anos noventa. Para quem quiser ter uma ideia bem clara da revolução musical que se fazia na Alemanha dos anos 70, este é um bom ponto de partida. O difícil é encontrar as edições inglesas, mas sempre pode tentar a alemã, a francesa ou a italiana. Foi com este livro que descobri Neu!, Can, Faust, Cluster, Harmonia, entre tantos outros. E porque vale mesmo a pena, aqui fica a sugestão.
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Eat To The Beat
Este foi o primeiro disco que comprei na vida. Ainda hoje sinto a memória desse momento de grande prazer: levar para casa essa rodela de vinil a que chamávamos LP. Depois foi só colocá-lo na aparelhagem e ouvir o que tinha dentro...
Eat To The Beat é um disco pop perfeito. Para quem não se lembra, tem Dreaming, Union City Blue, Shayla, Slow Motion, Atomic, entre outras preciosidades. Foi o primeiro disco da história da música a ter todas as suas 12 faixas em teledisco. Um video album (era esta a designação em inglês) completo em versões VHS e Beta no ano de 1979! Muito à frente, de facto. Depois das várias edições digitais em cd chegou a altura de mais uma: Eat to the Beat: Collectors Edition/+DVD.
Os Blondie continuam a ser grandes.
Poema
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Música de outro mundo
Este disco é uma recente descoberta surgida da leitura, ainda em marcha, de Japrocksampler. Já ouvi vários dos trabalhos discográficos do Top 50 de Julian Cope, mas Parallel World tem tido em mim um efeito devastador. Mais do que qualquer outro dos discos que já ouvi indicados nessa extensa tabela. No bom sentido, é claro. É música japonesa porque a banda e os seus membros são nipónicos, mas na verdade o disco em questão está bem dentro dos parâmetros do Krautrock, bem kosmische, à maneira de uns Cosmic Jokers, Ash Ra Tempel ou Cluster, por exemplo. Klaus Schulze foi o produtor do disco (1976) e isso diz quase tudo.
É música espacial, meditativa, como se feita num outro lugar menos terreno que este onde vivemos. Faz bem à alma, descansa-nos das mazelas dos dias apressados. É música terapêutica que não necessita de prescrição médica. Experimente. Vai sentir-se melhor.
A Far East Family Band já faz parte da minha família musical.
sábado, 1 de setembro de 2007
Mojo books
Imagine um disco da sua preferência. Imagine o que diria sobre ele no sentido de o poder traduzir numa narrativa de ficção. Agrada-lhe a ideia? Pois é, alguém já tinha pensado nisso antes e criou a Mojo Books. Já há trinta e oito livrinhos na colecção e muitos deles são bem interessantes. Histórias baseadas em discos como Bone Machine (Tom Waits), ou Sgt. Peppers (The Beatles), Ziggy Stardust (David Bowie), ou Dummy (Portished) são apenas alguns dos títulos disponíveis. O último é inspirado em Ocean Rain (Echo & The Bunnymen), de Tatiana Pereira. Muitos dos autores das obras são pouco ou nada conhecidos que tentam aproveitar oportunidades de edição. Basta apenas aceder ao site e fazer o download para ficar com o livro em formato de cd. Uma ideia brilhante.
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