Estou em greve de palavras
munido apenas de ideias inconstantes
e por isso estes versos
não são versos
antes coisas que guardo
na cabeça e noutros lugares
passíveis de arrumação
Sinto-me grevista de poemas
eu que nunca fiz uma greve fora de mim
por receio de trabalhar a meio
de qualquer coisa que devesse estar parada
Decidi não escrever mais uma linha
até morrer da doce sede
que me vai matando aos poucos
e tenho a garganta tão seca de dizer
o que a palavra não escreve
não diz nem imagina
Talvez seja melhor abrir um livro de poemas
e apontar com o dedo indicador
os versos que gostaria de escrever
se soubesse desenhar letras
como se desenham versos
no meu interior
sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
quinta-feira, 28 de junho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
(uma outra) Ode Marítima
Dois grandes autores encontram-se em alto mar. Thomas Mann lê Dom Quixote de La Mancha, e escreve sobre Cervantes e as suas personagens. A caminho dos Estados Unidos, na primeira de 10 viagens, o grande escritor alemão vai-nos mostrando a vida a bordo e relatando pequenos incidentes de percurso. O livro é de 2008, mas eu só agora entrei na viagem...
terça-feira, 26 de junho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Iconicamente, Bowie!
Este é mais um dos vários pictogramas que Viktor Hertz fez sobre artistas conhecidos, como é o caso de David Bowie. O conceito é simples: cada desenho representa uma canção do grande camaleão da pop. Por exemplo, no canto superior esquerdo podemos perceber que a imagem da rapariga em tons vermelhos nos remete para China Girl. Simples, não é verdade? Mas será mesmo assim? Aqui fica o desafio, para quem conhecer a obra de Bowie.
* clique na imagem para ver melhor.
domingo, 24 de junho de 2012
sábado, 23 de junho de 2012
Poema
Ocasionalmente
ando descalço pela casa
onde fui criança
e abro a gaveta dos bibes
e fecho-a logo de seguida
consciente de que há tempos
que nem nas orelhas me servem
Frequentemente
subo ao sótão da memória
mais antiga e recupero aviões
que me levam até áfrica
e me fazem descer (sem paraquedas)
na varanda onde o sol se punha
no mesmo instante em que nascia
Diariamente
sinto um ligeiro tremor
(como se os segundos me ferissem ao passarem por mim)
e chego ao fim do dia
com pequenas feridas que não saram
a não ser que adormeça
de mãos e coração abertos
ando descalço pela casa
onde fui criança
e abro a gaveta dos bibes
e fecho-a logo de seguida
consciente de que há tempos
que nem nas orelhas me servem
Frequentemente
subo ao sótão da memória
mais antiga e recupero aviões
que me levam até áfrica
e me fazem descer (sem paraquedas)
na varanda onde o sol se punha
no mesmo instante em que nascia
Diariamente
sinto um ligeiro tremor
(como se os segundos me ferissem ao passarem por mim)
e chego ao fim do dia
com pequenas feridas que não saram
a não ser que adormeça
de mãos e coração abertos
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Para combater o tédio
O Senhor Stein está a precisar de férias. Todos os que o conhecem, que na verdade não são muitos, não compreendem muito bem a razão do seu cansaço. Perguntar-se-ão alguns, certamente, o que poderá estar na origem do ar pouco simpático dos últimos tempos, o que foi feito da sua anterior bonomia, da palavra certeira e bem disposta que sempre dispunha. Não o percebem! Não o entendem nos tempos que correm! Há dias, em resposta a uma pergunta sobre a sua mudança interior, respondeu assim: "o que há em mim é sobretudo cansaço". Mas, ao invés de emborcar um copo de vinho após a resposta dada, bebeu um refrescante gole de Sumol de limão, desejoso que estava de experimentar esse novo sabor refrigerante.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Hitchcock
Talvez tenha chegado com a idade! O prazer de ter (e não necessariamente de ler na íntegra) certos livros / álbuns é já indesmentível em mim, e algo relativamente recente. O último exemplo é Alfred Hitchcock, de Paul Duncan, que mereceu edição portuguesa da Taschen. As imagens, de primeiríssima qualidade, e os textos que as acompanham deixam-me com um sorriso nos lábios. Adoro Hitchcock! Os seus filmes, as bandas sonoras dos seus filmes, os cartazes promocionais dos seus filmes, tudo o que tenha a sua marca me prende a atenção. Daí que, neste volume crescente de prazeres que associo ao velho mestre do cinema, me satisfaça enormemente com este volume de Paul Duncan.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
70 anos Caetanos!
Caetano Veloso fará 70 anos no próximo dia 7 de agosto! Está um jovem, o mestre de Santo Amaro! Em preparação está uma edição discográfica de vários temas da sua obra, interpretados por gente tão diversa como Céu (Eclipse Oculto, do disco Uns), Marcelo Camelo (De Manhã, uma das primeiras composições de Caetano), ou Mariana Aydar (Araçá Azul, do disco com esse mesmo nome). Na verdade, este tipo de releituras raramente funciona bem, mas tratando-se de um cd que tem por base o trabalho do meu adoradíssimo Caetano, estou louco por conferir o que aí vem. Darei conta de tudo isto quando o tiver em mãos, claro está!
terça-feira, 19 de junho de 2012
José e Pilar
Os meus filhos não entendem o facto de eu gostar tanto de documentários. A verdade, diga-se, é que também nunca lhes expliquei, muito pelo facto de nem eu saber muito bem a razão. Quando virem, um dia mais tarde, este José e Pilar talvez entendam todos os porquês da coisa.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Poema
Quando me deito
deita-se o mundo
e apago os olhos
por já ser tempo
de os fechar
Quando me deito
não sou apenas
eu que me deito
deita-se o mundo
a me acompanhar
Quando me deito
contigo ao peito
apago os olhos
e fico a jeito
de te sonhar
domingo, 17 de junho de 2012
O submarino veio à superfície (uma vez mais)
In the town where I was born
Lived a man who sailed to sea
And he told us of his life
In the land of submarines
(o novo cd da revista Mojo traz 15 novas gravações de clássicos dos The Beatles)
sábado, 16 de junho de 2012
Two heads, two hearts, one song
Uma bela forma de amor pode ser isto: duas cabeças em sintonia e a cantarem a mesma canção!
(reparar nas mãos dadas, coisa que parece estar em vias de extinção)
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Play it again! (as histórias das canções)
Este é o livro do momento, feito pelos meus alunos do 12ºC. Pequenos contos pensados a propósito de canções que eles próprios escolheram. Pode ser lido clicando no link que deixo no final deste post. É só fazer o download. Boas leituras.
(http://www.bubok.pt/livros/5631/Play-it-again-as-historias-das-cancoes)
quinta-feira, 14 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
terça-feira, 12 de junho de 2012
In Memoriam
Reuni uma mão cheia de memórias
para que não se percam ainda mais
no mínimo tempo da existência
Vivem para além da vida que tiveram
as vozes da minha avó do meu avô
das minhas tias em minha eterna residência
Tenho-as à minha volta e dentro de mim
preenchendo a imensa falta que se adensa
pelos dias infinitos dessa ausência
E por isso este não é um qualquer poema
antes um olhar por sobre as mortes
que em mim são vida em permanência
para que não se percam ainda mais
no mínimo tempo da existência
Vivem para além da vida que tiveram
as vozes da minha avó do meu avô
das minhas tias em minha eterna residência
Tenho-as à minha volta e dentro de mim
preenchendo a imensa falta que se adensa
pelos dias infinitos dessa ausência
E por isso este não é um qualquer poema
antes um olhar por sobre as mortes
que em mim são vida em permanência
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Naxos (serviço público em estilo clássico)
A coleção Discover (da Naxos) é um luxo! Este Film Music (2 cds + folheto ensaio de John Riley com 25,000 palavras) é uma edição quase pecaminosa, de tão luxuriante. E para que a festa fosse ainda maior, custou-me, há dias, 3€ na Fnac!
domingo, 10 de junho de 2012
Da esq. para a dir.
Olá, Chris! Olá, Debbie! Olá, Jimmy! Olá, Frank! Olá, Nigel! Olá, Clem!
(hoje temos jam session na minha cabeça, ok?)
sábado, 9 de junho de 2012
Poema
Nem sempre tiramos da vida
a vida que ela contém
Bem nos embalam os pássaros
para sermos aves também
São eles que voam alados
nos sonhos que estão em nós
E presos vamos andando
nos passos de sermos sós
a vida que ela contém
Bem nos embalam os pássaros
para sermos aves também
São eles que voam alados
nos sonhos que estão em nós
E presos vamos andando
nos passos de sermos sós
sexta-feira, 8 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Poética da manhã
O gesto que abre a janela
(quem o comanda
quem o controla?)
faz acordar a manhã
Restos dos olhos da noite
nas folhagens nas estradas
como farrapos de lã
São muitas
as sobras da escuridão
agora que o dia nasce
de um gesto sem intenção
quarta-feira, 6 de junho de 2012
terça-feira, 5 de junho de 2012
The book people
[...]
- You follow the river upstream 'til you come to the old steam railway line. Then you go on and you go on until you get to where the book people live.
- The good people?
- No, book. The book people. You've not heard of them?
- No.
- People who vanished. Some were arrested and managed to escape. Others were released. Some didn't wait to be arrested. They just hid themselves away. Up in the farm country; the woods and the hills. They live there in little groups. The law can't touch them. They live quite peaceably and do nothing that's forbidden. Though, if they came into the city, they might not last long.
- But how can you call them book people... If they don't do anything against the law?
- They are books. Each one, men and women. Everyone, commits a book they've chosen to memory, and they become the books. Of course, every now and then, someone gets stopped, arrested. Which is why they live so cautiously. Because the secret they carry is the most precious secret in the world. With them, all human knowledge would pass away.
[...]
Ray Bradbury, in Fahrenheit 451
segunda-feira, 4 de junho de 2012
domingo, 3 de junho de 2012
Illuminated, only by tears (III)
Neste terceiro e último post dedicado a Dr. Dee, chegou a vez de Apple Carts (ao vivo, no Andrew Marr Show). Este mais recente disco de Damon Albarn, aconteça o que acontecer até ao final do ano, tem lugar garantidíssimo no meu Top 10 de 2012. Hallelujah, hallelujah...
* O título desta série de posts é um verso da canção The Moon Exalted, que quando cantado por Damon Albarn, quase me faz chorar...
sábado, 2 de junho de 2012
Livros intactos
O Senhor Stein percorreu inúmeros alfarrabistas à procura de um exemplar de Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Em nenhuma das buscas que fez teve o sucesso pretendido. Desanimado, voltou para casa descrente da sua sorte. Mais tarde, já passava da uma da manhã, deitou-se e adormeceu rapidamente. Sonhou com livros queimados, com vozes autoritárias que o deixaram sobressaltado, com pessoas de olhar terno que diziam palavras bonitas, escondendo-se logo a seguir. Quando acordou, levantou-se e olhou para a sua mesa de cabeceira. Todos os livros que lá se encontravam faziam crer que os sonhos, por vezes, nada mais são do que realidades distantes. Por isso, espreguiçou-se e sorriu.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Illuminated, only by tears (II)
Um segundo, de 3 posts, dedicado a Dr. Dee, o novíssimo trabalho de Damon Albarn. Mais uma vez, a canção que pode ouvir neste vídeo, não é exatamente igual à do disco. Trata-se de uma apresentação ao vivo, no Latter with Jools Holland. Senhoras e senhores, O Spirit, Animate Us!
* O título desta série de posts é um verso da canção The Moon Exalted, que quando cantado por Damon Albarn, quase me faz chorar...
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