sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

(I Am Still Touched by Your) Presence, Bowie.


Capa da revista Uncut de março próximo. 
Mais um tributo ao génio.

* o título deste post recorda uma conhecida canção dos Blondie, um dos poucos ídolos vivos da minha juventude.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Je Suis Bowie


Caiu o pano sobre a vida de David Bowie. O mundo terá estremecido, sem que déssemos conta de que qualquer coisa estranha se passava. Devia estar a dormir, seguramente, mas quero acreditar que uma bonita melodia atravessou a minha noite, fazendo solto o sono que me embalou.
Depois, já desperto para mais um dia, recebi a terrível notícia... Era o tal estremecimento que falava há pouco. Chegou tarde, da mesma forma como eu próprio cheguei a Bowie, algo tardiamente. É que passei algum tempo a ouvir coisas que só existiram porque Bowie existiu, e não dei conta disso durante um largo período, desperdiçando horas e horas e horas a ouvir sucedâneos, em vez de dar valor ao original. Coisas da juventude, de que ainda hoje me penetencio.

Passei a manhã a dar aulas, e reservei os primeiros minutos de cada uma para falar de David Bowie. Disse aos meus alunos que eu, que tanto gosto de ser professor de Português e que não me vejo a ensinar qualquer outra matéria, gostaria de ser hoje, e apenas hoje, professor de Inglês. Se assim fosse, passaria as minhas aulas a falar do homem que inventou Ziggy Stardust, Threepenny Pierrot, The Thin White Duke e tantas outras marcantes personagens que soube encenar em toda a sua vida. A encenação, o teatro, a vida artificial, mesmo que coincidente com a verdadeira, foram o palco estético e musical de Bowie. Foi aí, nesse limbo entre o que existe e o que queremos que exista, que David Bowie soube viver, e viveu uma vida cheia, com toda a certeza. Eu continuarei a viver a minha parca vida, agora sem ele, mas sempre com ele também. Passaremos os dois, como neste preciso momento, a ouvir o que nos deixou, lado a lado. Umas vezes em silêncio, pensativo, outras de forma mais enérgica, quase rebel rebel. Nunca mais me atreverei a deixá-lo longe de mim por muito tempo. Até porque já tenho idade suficiente para perceber que a eternidade é uma mentira, sobretudo para alguns. Para Bowie, ao contrário, a eternidade não terá fim.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016