Hoje inventei um poema
caminho novo
para chegar a ti
Um plano mirabolante
que imaginei em silêncio
no momento em que te vi
Um jogo revigorante
de palavras como setas
ao mais íntimo de ti
Hoje inventei um poema
feito em sílabas discretas
como as que te deixo aqui
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Razões adormecidas
Hoje restam somente algumas folhas de outono... A natureza desfez-se da grandeza de outros dias e mostrou-se assim, romanticamente adormecida. Apenas o sol revelava nesse dia alguns sinais de esperança. Eu já não a tinha...
Foi ali que as nossas vidas resolveram ter um fim. Ela levantou-se, deu dois ou três passos avaliando neles o silêncio do meu espanto, virou-se para mim e disse algo tão baixinho que não consegui ouvir. Ou não quis, não sei... Eu fiquei quieto, tentando perceber as razões daquele momento. E quando, minutos depois, me afastei daquele lugar, ainda me lembrei de olhar para trás. Foi o que fiz...
As folhas mortas por sobre o banco de jardim eram o retrato perfeito da angústia que sentia.
* esta imagem foi retirada do site http://meialaranjainteira.blogspot.com/
Poema da infância em desalinho
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Poema
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Amantes
Tudo parecia meticulosamente arranjado, a luz na intensidade certa, as árvores em esguias elegâncias, as folhas espalhadas pelo chão em pose de contida negligência, o ar fresco a lembrar um verão fora de tempo. A natureza revelava uma vontade de ser vaidosa como nunca antes vira.
Só mais tarde descobri a verdadeira razão desse encantamento. Quando a noite chegou com os ciumes frios do seu escuro manto, tudo se revelou em mim, instantaneamente: também o dia e a noite se amam e se provocam, apesar de nunca se encontrarem para os prazeres da vida.
* esta imagem foi retirada do site http://meialaranjainteira.blogspot.com/
Poema em risco de colapso
Nem um passo mais
estão sem brilho
as passadas destes versos
em caminhos inquietos
por entre sombras
e pó
Apenas um passo mais
na ideia de um poema
e a ruína será plena
e os destroços reais
Poesia
hoje não te incomodo mais
estão sem brilho
as passadas destes versos
em caminhos inquietos
por entre sombras
e pó
Apenas um passo mais
na ideia de um poema
e a ruína será plena
e os destroços reais
Poesia
hoje não te incomodo mais
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Instantes e traduções
* Acordar: a vida faz-se de pequenos milagres
* Infância: restos que ficam no fundo da gaveta
* Era uma vez uma história que não teve vez de começar
* Pé de mulher, adormecido, mostra-se à beira da cama: eterno sonho de Cinderela
* Lábios: pára-choques do desejo
* Infância: restos que ficam no fundo da gaveta
* Era uma vez uma história que não teve vez de começar
* Pé de mulher, adormecido, mostra-se à beira da cama: eterno sonho de Cinderela
* Lábios: pára-choques do desejo
domingo, 25 de novembro de 2007
Poema
Debruçado sobre mim
sobre o papel
concha protectora
do que nasce
na escrita que aparece
A certeza absoluta
redentora
milagrosa
A escrita
é cada vez mais
a minha casa
sobre o papel
concha protectora
do que nasce
na escrita que aparece
A certeza absoluta
redentora
milagrosa
A escrita
é cada vez mais
a minha casa
sábado, 24 de novembro de 2007
Águas claras
Surgiu numa maré de Agosto. Foi a única vez que a vi, naquele dia em que o sol estava de cara alegre, raiando simpatias de verão. As águas claras, transparentes, fizeram-se ainda mais límpidas nesse momento. Tudo se passou com a rapidez de um suspiro, de um sopro de alma. Ainda hoje guardo a ideia de que só eu a vi, real, autêntica, como se de uma miragem se tratasse.
Este é o seu retrato, a imagem que ficou, registada assim. E se ao olharem nada virem, é porque a magia está em mim...
* esta imagem foi retirada do site http://bocadosdetudo.blogspot.com/
Antes do tempo existir
Houve um tempo anterior ao nosso em que tudo era mais belo, mais puro. Tempo em que as estrelas cabiam nas nossas mãos e as podíamos pendurar nas paredes dos nossos quartos, para que quando a noite chegasse, elas nos pudessem iluminar os sonhos tranquilos. Nesse tempo todos sabíamos ser felizes, porque a felicidade era um destino sem desvios, sem barreiras, que só muito mais tarde aprendemos a construir. Lembro-me bem desse tempo: o tempo em que existir tinha a forma estrelada de um sorriso.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Certas palavras
São tímidas
certas palavras
num só tempo
prazenteiras e assustadas
com olhos grandes
que nos julgam
sem que saibamos
julgá-las
São assim
certas palavras
tão esguias
elegantes
e educadas
que nos saltam
para o colo
em posições
descaradas
São furtivas
as palavras que procuro
em atitude
pouco exacta
leves
soltas
com breves tiques
de gata
certas palavras
num só tempo
prazenteiras e assustadas
com olhos grandes
que nos julgam
sem que saibamos
julgá-las
São assim
certas palavras
tão esguias
elegantes
e educadas
que nos saltam
para o colo
em posições
descaradas
São furtivas
as palavras que procuro
em atitude
pouco exacta
leves
soltas
com breves tiques
de gata
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Nedelle
Este é um ano onde as mulheres parecem ganhar vantagem nos meus ouvidos. No meu top ten de 2007 - que chegará a este sítio com uma surpresa, no mês de Dezembro -, as mulheres estão bem presentes.
Agora é a vez de Nedelle, e uma vez mais cheguei a ela com alguns meses de atraso. Chama-se The Locksmith Cometh, esta pérola feita de sons. São lindas, perfeitas, mesmo quando nem um minuto duram, tão efémeras, tão serenas, tão ao sabor do frio que aí vem, estas canções.
O agasalho da capa diz muito do que é o disco, aliás. E a cara de Nedelle também, com olhos grandes para nos ver melhor, e lábios carnudos para melhor nos embalar nos seus sussuros angelicais.
Poema
Sobre as águas
Os dias de outono tocam-nos a alma como nenhuns outros. São mansos, enganosos, evaporam-se aos poucos até serem noite. Vestem-se de castanhos lugares e pairam sobre nós, impondo-nos a melancolia dos grandes lagos parados, das águas quietas. Parecem ser o fim da vida!
Foi num dia assim que tudo aconteceu. Olhávamos a valsa das folhas caídas no pequeno riacho ao nosso lado: justapunham-se, afastavam-se logo em seguida, brincavam comandadas pelo sopro invisível da brisa do momento. A tarde mostrava já sinais de algum cansaço, mas a imagem da dança das folhagens enterneceu-nos profundamente. E ali, de mãos dadas, lado a lado, resolvemos que o futuro iria ser absolutamente nosso.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Poema
A poesia toca-nos
de raspão
faísca solta
no chão da escrita
E deixa em nós
(inocente mas feliz)
a marca esbatida
da cicatriz
que dura
para além da vida
de raspão
faísca solta
no chão da escrita
E deixa em nós
(inocente mas feliz)
a marca esbatida
da cicatriz
que dura
para além da vida
terça-feira, 20 de novembro de 2007
The show must go on ( mas parece que termina aqui...)
Subitamente, pousou o livro em cima da mesa. Olhou para mim num misto de espanto e desassossego. Por fim lá atirou:
- Você desculpe-me, amigo Artur, mas o que é isto?! Estou surpreso consigo! Você marca esta reunião, diz que é urgente, que tem um potencial best seller nas mãos, eu desmarco um encontro importante só para o ouvir e você traz-me isto!!!
- Pois, mas não chegou ao fim da história, ainda faltam alguns capítulos e lá mais para o fim...
- Vai-me desculpar- interrompeu-me -, mas não leio mais uma linha. Isto parece uma coisa de doidos, uma espécie de roteiro sem sentido de um filme do Almodovar ou coisa parecida, feito por um qualquer arménio desmiolado. Já reparou que não há unidade nenhuma nos capítulos que li? E que você também leu, segundo me disse... Não acha que tenho razão? Cada um dos seus amigos escreve à sua maneira e depois, é claro, dá esta salganhada sem pés nem cabeça!
- Claro que li, dr. - disse com os olhos um pouco tombados, reparando na alcatifa gasta do escritório.
- Vamos lá ver: você escreve bem, tem vários romances aqui publicados, é um dos nossos melhores escritores, vende como água no verão, e por isso acedi a este encontro, na esperança de que me trouxesse algo que valesse a pena, percebe? Que desilusão!!! O facto de serem seus amigos os autores desta coisa, deve tê-lo deixado cego, sem juízo crítico, percebe?! Isto não tem ponta por onde pegar.
- É a sua opinião e eu respeito. Parece que vim no dia errado. Lamento, lamento tê-lo feito perder o seu tempo - referi, apreciando agora algumas marcas fundas dos pés das cadeiras como pequenos buracos negros na alcatifa.
- Mas diga-me lá, ó Artur... Quem são estes seus amigos, o que fazem, têm alguma experiência de escrita? Já editaram alguma coisa? É que me parecem tão fracos, tão precários no domínio da narrativa... Olhe, se fosse a si dava-lhes um conselho: que tentassem outra via artística, sei lá... Pintar, fazer fotografia, qualquer coisa. Digo-lhe isto porque me referiu ontem ao telefone que todos eles são gente culta e interessada nestas coisas da leitura, das artes, enfim... Que façam um blog e que escrevam nele! Ainda por cima está na moda e talvez assim ganhem algum traquejo, percebe?!
- Percebo. Aliás, já percebi tudo. Talvez me tenha precipitado, peço-lhe desculpa...
- Ok, tudo bem, não se fala mais nisso. É que até o Bimbo da Costa - é assim que eu gosto de me referir ao animal -, meteram nesta embrulhada!!! E o outro também, o tipo das casas das meninas... Como é que se chama o gajo, que agora não me recordo? - disparou, acendendo um cigarro.
- Pronto, dr. Não o aborreço mais. Se não se importa retiro-me agora. Tenho umas voltas para dar e já vão sendo horas de me por a andar.
- Um abraço, então. E olhe, não vá assim tão cabisbaixo que me põe a mim com problemas de consciência. Que diabo, você já me conhece e sabe que comigo as coisas são ditas na hora, sem rodeios.
- Claro, dr. Claro. Não se preocupe. Um resto de bom dia, então. Com licença...
- Vá lá à sua vida e não fique assim. O texto nem é seu, caramba!!!
Virei costas e saí. No elevador, olhei para o espelho e percebi que estava cheio de olheiras. Quem me mandou a mim meter-me numa coisa destas? Os amigos servem para isto mesmo, eu sei. Mas como lhes vou dar agora a notícia? Como? Vão ficar de rastos! Talvez aquilo dos blogs não seja má ideia. Talvez se interessem por isso, quem sabe...
* para quem quiser ler os textos deste desafio, é aqui que tudo começa...
- Você desculpe-me, amigo Artur, mas o que é isto?! Estou surpreso consigo! Você marca esta reunião, diz que é urgente, que tem um potencial best seller nas mãos, eu desmarco um encontro importante só para o ouvir e você traz-me isto!!!
- Pois, mas não chegou ao fim da história, ainda faltam alguns capítulos e lá mais para o fim...
- Vai-me desculpar- interrompeu-me -, mas não leio mais uma linha. Isto parece uma coisa de doidos, uma espécie de roteiro sem sentido de um filme do Almodovar ou coisa parecida, feito por um qualquer arménio desmiolado. Já reparou que não há unidade nenhuma nos capítulos que li? E que você também leu, segundo me disse... Não acha que tenho razão? Cada um dos seus amigos escreve à sua maneira e depois, é claro, dá esta salganhada sem pés nem cabeça!
- Claro que li, dr. - disse com os olhos um pouco tombados, reparando na alcatifa gasta do escritório.
- Vamos lá ver: você escreve bem, tem vários romances aqui publicados, é um dos nossos melhores escritores, vende como água no verão, e por isso acedi a este encontro, na esperança de que me trouxesse algo que valesse a pena, percebe? Que desilusão!!! O facto de serem seus amigos os autores desta coisa, deve tê-lo deixado cego, sem juízo crítico, percebe?! Isto não tem ponta por onde pegar.
- É a sua opinião e eu respeito. Parece que vim no dia errado. Lamento, lamento tê-lo feito perder o seu tempo - referi, apreciando agora algumas marcas fundas dos pés das cadeiras como pequenos buracos negros na alcatifa.
- Mas diga-me lá, ó Artur... Quem são estes seus amigos, o que fazem, têm alguma experiência de escrita? Já editaram alguma coisa? É que me parecem tão fracos, tão precários no domínio da narrativa... Olhe, se fosse a si dava-lhes um conselho: que tentassem outra via artística, sei lá... Pintar, fazer fotografia, qualquer coisa. Digo-lhe isto porque me referiu ontem ao telefone que todos eles são gente culta e interessada nestas coisas da leitura, das artes, enfim... Que façam um blog e que escrevam nele! Ainda por cima está na moda e talvez assim ganhem algum traquejo, percebe?!
- Percebo. Aliás, já percebi tudo. Talvez me tenha precipitado, peço-lhe desculpa...
- Ok, tudo bem, não se fala mais nisso. É que até o Bimbo da Costa - é assim que eu gosto de me referir ao animal -, meteram nesta embrulhada!!! E o outro também, o tipo das casas das meninas... Como é que se chama o gajo, que agora não me recordo? - disparou, acendendo um cigarro.
- Pronto, dr. Não o aborreço mais. Se não se importa retiro-me agora. Tenho umas voltas para dar e já vão sendo horas de me por a andar.
- Um abraço, então. E olhe, não vá assim tão cabisbaixo que me põe a mim com problemas de consciência. Que diabo, você já me conhece e sabe que comigo as coisas são ditas na hora, sem rodeios.
- Claro, dr. Claro. Não se preocupe. Um resto de bom dia, então. Com licença...
- Vá lá à sua vida e não fique assim. O texto nem é seu, caramba!!!
Virei costas e saí. No elevador, olhei para o espelho e percebi que estava cheio de olheiras. Quem me mandou a mim meter-me numa coisa destas? Os amigos servem para isto mesmo, eu sei. Mas como lhes vou dar agora a notícia? Como? Vão ficar de rastos! Talvez aquilo dos blogs não seja má ideia. Talvez se interessem por isso, quem sabe...
* para quem quiser ler os textos deste desafio, é aqui que tudo começa...
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Receita para um mundo melhor (brincadeira de criança...)
Uma criança
expira
contra o vidro da janela
Depois
com o dedo
risca o espaço embaciado
E não há forma
mais sublime
de ver o mundo melhorado
expira
contra o vidro da janela
Depois
com o dedo
risca o espaço embaciado
E não há forma
mais sublime
de ver o mundo melhorado
Último momento
Há tantas histórias como esta! Que importa a minha, que nem história é? Não deixaram que fosse, que acontecesse... E estou cansado desta existência imposta. Não quero mais a frieza das palavras, a tranquilidade gélida dos dias em ordem, meticulosamente civilizados, assépticos, falsos, inconsequentes...
Houve em mim uma vontade luminosa de existir, de me entregar, lava acesa, sopro de vida incandescente...
E por isso, queria apenas que as últimas linhas desta história - que história é esta que nem princípio tem? -, fossem o rastilho da fogueira impossível que há em mim e um adeus derradeiro antes do último gesto.
* imagem de Catarina Almeida
A lição dos dias
A lição dos dias
que passam
subitamente
se revela:
A vida
tem o sentido
de nos perdermos
nela
que passam
subitamente
se revela:
A vida
tem o sentido
de nos perdermos
nela
domingo, 18 de novembro de 2007
Nocturno
Anoitecia. As luzes do mundo fundiam-se mansamente com o passar das horas. As árvores despidas denunciavam a dieta dos dias, magras, ossos de madeira à mercê do vento. Lá em cima, o manto escuro que Deus dá à noite mostrava-se disposto a cumprir o seu destino.
Eu caminhava sem saber porquê, sem sentido aparente, movido apenas pelo desejo de encontrar o que o dia nos sabe oferecer quando chega ao fim: a imagem perfeita da tradução da vida!
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
Poema
A coragem
dos poetas
não se encontra
nas palavras
isoladas
dos seus versos
A coragem
dos poetas
não se mostra
na grandeza
dos seus anseios
secretos
A coragem
dos poetas
só existe
nos abismos
indizíveis
dos afectos
dos poetas
não se encontra
nas palavras
isoladas
dos seus versos
A coragem
dos poetas
não se mostra
na grandeza
dos seus anseios
secretos
A coragem
dos poetas
só existe
nos abismos
indizíveis
dos afectos
sábado, 17 de novembro de 2007
Adeus
Agora que as tinha como íntimas lá de casa, agora que os meus dias se acostumaram ao seu balanço, agora que guardava secretamente o desejo de poder vir a vê-las de guitarras em punho num qualquer local do país, agora que mostrava aos amigos a minha mais recente descoberta - mesmo que tardia -, agora que esperava ansiosamente pelo próximo trabalho destas meninas, logo agora que gozava do prazer de as ter como minhas, elas resolveram terminar!!!
As Electrelane já não existem mais. Se elas soubessem da tristeza que me assola a alma, tenho a certeza que reconsiderariam...
Enfim, adeus.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Casa
Também as casas envelhecem. Também o sangue cor de tijolo não resiste às intempéries da vida. Era tão bonita, cheia de sol, de risos entre paredes, de alegrias de crianças que corriam mais depressa do que o vento. Esta era a minha casa. Este foi o berço do que sou. Ainda hoje não percebo porque ficou assim. Porque resolveu mostrar o avesso do que era, porque não quis ficar límpida e perfeita como sempre a vi... Talvez para não me fazer sentir mais velho, para que não olhasse para ela e visse nos seus contornos a alegria de um tempo que findou. Ou talvez porque morre sempre primeiro quem mais gosta de nós.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
Poema tristíssimo
Diz-me
qualquer coisa
triste
que me faça estremecer
uma palavra
que me turve a vista
e me impeça
de te ver
Diz-me
qualquer coisa
muito triste
algo que não saiba
já de cor
para que assim
se apague o dia
e o mundo
ao meu redor
qualquer coisa
triste
que me faça estremecer
uma palavra
que me turve a vista
e me impeça
de te ver
Diz-me
qualquer coisa
muito triste
algo que não saiba
já de cor
para que assim
se apague o dia
e o mundo
ao meu redor
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Poema
Bienvenue, Simone
Foi a notícia do dia. Ontem, era já noite, fiquei a saber que a banda Au Revoir Simone vem a Portugal no início do próximo mês. No dia 5, para ser exacto. E o concerto será no Santiago Alquimista.
As Au Revoir Simone são Erika Forster, Annie Hart e Heather D'Angelo. Vivem em Brooklyn, New York. E tocam tão bem, são tão melódicas, tão angelicais, que parecem mesmo figuras de outro mundo.
Daqui a 100 anos farão, certamente, a banda sonora do ceu. Por enquanto, fazem apenas a dança tranquila dos meus dias.
* as Au Revoir Simone contam com dois trabalhos editados: Verses of Comfort, Assurance and Salvation e The Bird of Music.
** lembrei-me agora que seria engraçado irmos todos (nós, os bloggers de serviço) ao concerto, para um copo ao som destas meninas...
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Promessa
terça-feira, 13 de novembro de 2007
1 imagem… 2 dias… 11 bloggers
Tinha no branco
da tela
o espaço da sua vida
e na extensão
dos seus braços
o olhar louco
do artista
Pintava estrelas
que via
sem saber a luz
que tinham
e as melodias das cores
nos pincéis
resplandeciam
Pintava como se o mundo
fosse acabar
algum dia
e no enredo dos gestos
dos corações em histeria
deixou a alma na tela
no momento em que morria
*este é mais um desafio lançado a vários bloggers. os textos dos participantes podem ser vistos através dos links existentes nos comentários.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Independança
Foi com imenso prazer que li há poucos dias que o primeiro disco dos GNR vai ter, finalmente, edição em cd. Que alegria! Lembro-me tão bem de o escutar, no início dos anos 80, e de ficar maravilhado com o som meio rude do grupo. Na estreia mostravam bem que não eram uma banda fácil. Basta lembrar que o lado B (sim, havia um lado A e outro lado ainda...) tinha uma única faixa: Avarias, com 27 minutos de duração.
Na primeira parte da rodela de vinil podíamos ouvir Agente Único, O Slow que Veio do Frio ou Hardcore (1º Escalão). A festa estava garantida e Portugal passava a ter uma banda rock inventiva, sem medo de arriscar.
A edição que sai a 19 de Novembro tem extras como Portugal na CEE, Sê um GNR e ainda o máxi-single Twistarte. Não se pode pedir mais!
Não serei eu o único a estar feliz, pois não?
* a Valentim de Carvalho, responsável por esta edição, trará a público outros discos que há muito se reclamava: Álibi, de Manuela Moura Guedes ou Qualquer Coisa Pá Música, de Jorge Palma.
Ladainha em jeito de queixa para quem maldiz a vida
...e o futuro
que não chega
que não mostra
o que reserva
e o presente
que não passa
que embaraça
e atormenta
e o passado
que não deixa
que a vida
me aconteça...
que não chega
que não mostra
o que reserva
e o presente
que não passa
que embaraça
e atormenta
e o passado
que não deixa
que a vida
me aconteça...
domingo, 11 de novembro de 2007
Manhã eterna
Entre amigos as noites fazem sempre mais sentido. Como daquela vez, na casa velha, numa madrugada infinita, entre poemas e beijos (que são, de facto, a mesma coisa, não achas?), juntos uns aos outros no canto da sala, debaixo de uma constelação de pequenos planetas de luz do candeeiro. O instante era de total silêncio. Apenas nos olhávamos, felizes de estarmos ali, presos ao sabor dos pensamentos que nos invadiam a pele em arrepios constantes. Cada olhar, um estremecimento doce e quente. E quando o meu se cruzou com o teu - lembras-te? -, disse, timidamente, os versos que ergueram a manhã:
"Esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo com o receio de que não
te coubesse no dedo"
* estes versos são de Jorge de Sousa Braga (Poema de Amor), presentes no livro, De Manhã Vamos Todos Acordar Com Uma Pérola No Cu
** esta imagem foi retirada do site http://bocadosdetudo.blogspot.com/
sábado, 10 de novembro de 2007
Tela do mundo
Sempre soubera o seu lugar no mundo. Seria, talvez, a sua única grande certeza na vida. As cores da terra, o cheiro das folhas, pequenas veias de hera correndo exteriores ao corpo, a seda azul distante e altiva, lá em cima, a fazer de céu o tempo inteiro. Só assim gostava de existir. De estar perto das coisas rasteiras, porosas, terrenas. Era um apelo implacável: deitar-se no chão e ficar ali, estendido, como se fosse terra também. As mãos agarrando ervas, pequenas raízes, restos que a terra nos dá.
Nesses momentos - e esse era o prazer supremo -, sentia fazer parte de uma grande tela pintada por um deus imensamente humano.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
Teardrop me
Há muito que tinha vontade de escrever algumas linhas sobre este disco. Em 1981, chegava eu a casa depois de mais uma manhã de liceu, quando liguei o rádio e ouvi Passionate Friend.
Não sabia que música era aquela e só consegui chegar a tempo de apanhar o título da canção. Uma revolução havia começado na minha cabeça! Que coisa maravilhosa, moderna, fora do seu tempo! Tinha de saber quem a cantava.
Nesse mesmo dia, depois do almoço, fui até à única discoteca que existia no sítio onde morava e vi, na montra, uma capa de um LP que me deixou siderado... Tão elegante, uma imagem um pouco turva, distorcida, no ponto exacto para me impressionar artisticamente. Entrei para saber que disco era aquele. Gostei, desde o início. Depois, o que aconteceu foi, talvez, um dos momentos mais importantes daquilo que gosto de apelidar de banda sonora da minha juventude... Pelo meio da audição do álbum, Passionate Friend fez-se festa nos meus ouvidos. Nem acreditava no que me estava a acontecer!
Os deuses estavam do meu lado e tinham-me apresentado uma banda maravilhosa: The Teardrop Explodes. O disco era Wilder e eu passei a ser uma pessoa muito mais feliz.
Poema
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Da noite
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Cinco greguerías & have a nice day
1) As estrelas são as gambiarras da noite.
2) O relógio espreguiça-se, pontualmente, às 10 e 10.
3) O fumo foge do vício do cigarro.
4) Nas almofadas dormem os sonhos por nascer.
5) Rapidamente, o balão fica de estômago cheio.
* este post resulta de um desafio partilhado pelos bloggers presentes nos comentários aqui ao lado, à distancia de um clique. Vale bem a pena conferir.
(uma greguería por dia, nem sabe o bem que lhe fazia)
2) O relógio espreguiça-se, pontualmente, às 10 e 10.
3) O fumo foge do vício do cigarro.
4) Nas almofadas dormem os sonhos por nascer.
5) Rapidamente, o balão fica de estômago cheio.
* este post resulta de um desafio partilhado pelos bloggers presentes nos comentários aqui ao lado, à distancia de um clique. Vale bem a pena conferir.
(uma greguería por dia, nem sabe o bem que lhe fazia)
Os amantes
Depois da ânsia da espera, o dia chegara em todo o seu esplendor. Há quanto tempo esperava pelo momento que estava a minutos de acontecer? Era só preciso mais um esforço, um pouco mais do tempo que se esgotava, minuto a minuto, no desejo de o encontrar. Afinal, os encontros mais não são do que a festa de um instante que acontece e que fica para sempre!
Imaginava o futuro que sentia estar tão perto, ao fim do caminho que percorria, ao alcance de um sopro do coração. E quando chegasse, deixaria que tudo acontecesse, ali mesmo, onde as folhas do chão fazem a cama dos amantes.
* esta imagem foi retirada do site http://meialaranjainteira.blogspot.com/
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Poema
Sabiamente
crescem sem pressa
de crescer
À minha volta
(ou eu à volta deles?)
vão-me ensinando
os dias
para além
do amanhecer
Espanto de serem crianças
vindos do que houve em mim!
E ao olhá-los
guardo nos olhos
alegrias de jardim
* para a Bárbara e Lourenço
crescem sem pressa
de crescer
À minha volta
(ou eu à volta deles?)
vão-me ensinando
os dias
para além
do amanhecer
Espanto de serem crianças
vindos do que houve em mim!
E ao olhá-los
guardo nos olhos
alegrias de jardim
* para a Bárbara e Lourenço
Stars have fallen over us last night
No interior das palavras
O deslumbre do momento
a revelação
primordial
As palavras
em estado puro
virginal
sintonia perceptível
com o seu próprio
respirar
A nudez absoluta
transparente
óssea
celular
em claridade
indescritível
Só por dentro
das palavras
se encontra o indizível
a revelação
primordial
As palavras
em estado puro
virginal
sintonia perceptível
com o seu próprio
respirar
A nudez absoluta
transparente
óssea
celular
em claridade
indescritível
Só por dentro
das palavras
se encontra o indizível
Branca de Neve revisitada
Branca de Neve terá sido, provavelmente, o primeiro amor de papel de muita gente. Teria de voltar aos meus primeiros anos para confirmar se assim aconteceu comigo também. Mas uma coisa é certa, ainda hoje olho para essa personagem com olhos miúdos, de criança embevecida perante tão bonita figura: elegante, etérea, celestial.
Annie Leibovitz é a autora desta imagem. A Branca de Neve é Rachel Weisz - de About a Boy, filme baseado no romance de Nick Hornby, lembram-se? -, que aqui encarna fulgurantemente a candura essencial da personagem, inundada por raios de sol que apenas existem para a iluminar ainda mais. Segundo consta, os animais não são reais. Apenas os coelhos têm vida própria. No entanto, o que interessa é a mistura entre o humano e o transcendente que esta imagem encerra. Branca de Neve em carne e osso, mas também genuína e nívea como boneco animado de sempre. Esta é uma imagem que subverte o tempo e o modo, tornado-se encontro com o passado e assunção dos tempos presentes. Pura e sensual.
Nunca esteve tão bela e fugaz, digo eu como criança que fui. Nunca esteve tão próxima e luxuriante, digo eu com a idade que tenho.
* esta imagem foi retirada do site http://sound--vision.blogspot.com/
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Stars will fall over us tonight
Hoje há estrelas em Lisboa. No Coliseu, melhor dizendo. Rufus Wainwright vai apresentar-nos Release The Stars, disco que não tem tido na crítica o impacto dos dois trabalhos anteriores. Eu gosto do álbum, gosto cada vez mais, a cada audição cresce sempre um pouco mais, e está à beira de se tornar um dos melhores do ano. Se o concerto for tão bom como o último que deu há dois anos atrás, vai ser fulgurante! Desta vez a primeira parte do espectáculo não vai estar entregue a Joan As Police Woman, o que é uma pena. Mas não se pode desejar o céu e o paraíso numa mesma noite estrelada, eu sei.
Poema
Estou aqui
exposto ao frio
branco deste chão
sem receios
sem vontades
semente
plantada em vão
Estou aqui
preso ao que digo
substância em gestação
sem anseios
sem verdades
num punhado de palavras
no lugar do coração
exposto ao frio
branco deste chão
sem receios
sem vontades
semente
plantada em vão
Estou aqui
preso ao que digo
substância em gestação
sem anseios
sem verdades
num punhado de palavras
no lugar do coração
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Medo do silêncio
O susto do silêncio
de não haver
mais o que pensar
o que dizer
o que fazer
com esta escrita
sem raízes
E que destino dar
a estes versos
que apenas querem
ser felizes
de não haver
mais o que pensar
o que dizer
o que fazer
com esta escrita
sem raízes
E que destino dar
a estes versos
que apenas querem
ser felizes
domingo, 4 de novembro de 2007
O tamanho do mundo
As grandes cidades fascinavam-no. Recordava com um prazer pouco contido os filmes que viu quando criança: que lindas eram Londres, Paris, Nova Iorque... Mas agora que habitava fisicamente o sonho que sempre tivera, as grandes cidades não eram já as mesmas. Mais turvas, mais ruidosas, mais capazes de o fazerem sofrer. Ou talvez não fosse das cidades, mas da relação que se tem com elas. Tão grandes que nos esmagam, que nos devolvem ao tamanho genuíno: o de sermos pequenas ilhas em forma de gente.
* esta imagem foi retirada do site http://sound--vision.blogspot.com/
Ampulheta humana
O areal estende-se
à minha frente
como memórias em pó
Ajoelhado
com a mão cheia de areia
peneiro o passado
em busca
do que ficou
à minha frente
como memórias em pó
Ajoelhado
com a mão cheia de areia
peneiro o passado
em busca
do que ficou
Passeio no tempo
Um fim-de-semana fora de casa é sempre um momento especial de fuga. Mesmo quando o cansaço do trabalho continua presente, apesar de renegado para segundo plano, tal o desejo de ver novas paragens, outras realidades. Cem quilómetros acima da Lisboa e o mundo parece outro, singular, diferente e implacavelmente nosso. Muito mais nosso do que nos dias vulgares.
Em Óbidos estivemos entregues a uma infância que já não sentia tão presente há muito tempo. Filhos e pais tiveram, naquele preciso momento, a mesma idade. Afinal, viajar no tempo é bem possível...
Do cimo das muralhas do Castelo, a vista é deslumbrante, e percorrer parte desse longo caminho é sentir a vertigem do que se vive com o que em tempos se viveu. No alto da Torre Sul julgo mesmo ter conseguido ver, ao longe, muito ao longe, um menino de feições próximas das minhas, de espada na mão, a acenar, triunfante, para aquele que distintamente o via, naquele exacto momento, três décadas depois.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
TOPas?
A revista brasileira Rolling Stone juntou músicos, críticos e estudiosos de várias áreas culturais e pediu-lhes que escolhessem os 100 melhores discos de sempre do seu país. Todos sabemos que estes tops valem o que valem, mas não deixam de ser interessantes como pontos de discussão. Aqui fica a listagem e também o espaço para as opiniões que possam aparecer.
Os 100 melhores discos de sempre da Música Brasileira:
01. Acabou Chorare (Novos Baianos, 1972)
02. Tropicália ou Panis et Circencis (Vários, 1968)
03. Construção (Chico Buarque, 1971)
04. Chega de Saudade (João Gilberto, 1959)
05. Secos e Molhados (Secos e Molhados, 1973)
06. A Tábua de Esmeralda (Jorge Ben, 1972)
07. Clube da Esquina (Milton Nascimento & Lô Borges, 1972)
08. Cartola (Cartola, 1976)
09. Os Mutantes (Os Mutantes, 1968)
10. Transa (Caetano Veloso, 1972)
11. Elis & Tom (Elis Regina e António Carlos Jobim, 1974)
12. Krig-Ha Bandolo (Raúl Seixas, 1973)
13. Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi, 1994)
14. Sobrevivendo no Inferno (Racionais MC’s, 1998)
15. Samba Esquema Novo (Jorge Ben, 1963)
16. Fruto Proibido (Rita Lee, 1975)
17. Racional Volume 1 (Tim Maia, 1975)
18. Afrociberdelia (Chico Science & Nação Zumbi, 1996)
19. Cabeça Dinossauro (Titãs, 1986)
20. Fa-Tal - Gal a Todo Vapor (Gal Costa, 1971)
21. Dois (Legião Urbana, 1986)
22. A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (Os Mutantes, 1970)
23. Coisas (Moacir Santos, 1965)
24. Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Carlos, 1967)
25. Tim Maia (Tim Maia, 1970)
26. Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972)
27. Nós vamos Invadir Sua Praia (Ultraje a Rigor, 1985)
28. Roberto Carlos (Roberto Carlos, 1971)
29. Os Afro-Sambas (Baden Powell, Quarteto em Cy e Vinícius de Moraes, 1966)
30. A Dança da Solidão (Paulinho da Viola, 1972)
31. Carlos, Erasmo (Erasmo Carlos, 1970)
32. Pérola Negra (Luis Melodia, 1973)
33. Caymmi e Seu Violão (Dorival Caymmi, 1959)
34. Loki? (Arnaldo Baptista, 1974)
35. Estudando o Samba (Tom Zé, 1976)
36. Falso Brilhante (Elis Regina, 1976)
37. Caetano Veloso (Caetano Veloso, 1968)
38. Maria Fumaça (Banda Black Rio, 1977)
39. Selvagem? (Os Paralamas do Sucesso, 1986)
40. Legião Urbana (Legião Urbana, 1985)
41. Meus Caros Amigos (Chico Buarque, 1976)
42. O Bloco do Eu Sozinho (Los Hermanos, 2001)
43. Refazenda (Gilberto Gil, 1975)
44. Mutantes (Os Mutantes, 1969)
45. Raimundos (Raimundos, 1994)
46. Chaos A.D. (Sepultura, 1993)
47. João Gilberto (João Gilberto, 1973)
48. As Aventuras da Blitz (Blitz, 1982)
49. Racional Volume 2 (Tim Maia, 1976)
50. Revolver (Walter Franco, 1975)
51. Clara Crocodilo (Arrigo Barnabé, 1980)
52. Cartola (Cartola, 1974)
53. O Novo Aeon (Raúl Seixas, 1975)
54. Refavela (Gilberto Gil, 1977)
55. Nervos de Aço (Paulinho da Viola, 1973)
56. Amoroso (João Gilberto, 1977)
57. Roots (Sepultura, 1996)
58. António Carlos Jobim (Tom Jobim, 1963)
59. Canção do Amor Demais (Elizeth Cardoso, 1958)
60. Gil e Jorge Ogum Xangô + D2 (Gilberto Gil e Jorge Ben, 1975)
61. Força Bruta (Jorge Ben, 1970)
62. MM (Marisa Monte, 1989)
63. Milagre dos Peixes + D2 (Milton Nascimento, 1973)
64. Show Opinião (Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale, 1965)
65. Nelson Cavaquinho (Nelson Cavaquinho, 1973)
66. Cinema Transcendental (Caetano Veloso, 1979)
67. África Brasil (Jorge Ben, 1976)
68. Ventura (Los Hermanos, 2003)
69. Samba Esquema Noise (Mundo Livre S/A, 1994)
70. Getz/Gilberto Featuring Antônio Carlos Jobim (Stan Getz, João Gilberto e Antônio Carlos Jobim, 1963)
71. Noel Rosa e Aracy de Almeida (Aracy de Almeida, 1950)
72. Jardim Elétrico (Os Mutantes, 1971)
73. Angela Ro Ro (Angela Ro Ro, 1979)
74. Õ Blésq Blom (Titãs, 1989)
75. Tim Maia (Tim Maia, 1971)
76. A Bad Donato (João Donato, 1970)
77. Canções Praieiras (Dorival Caymmi, 1954)
78. Gilberto Gil (Gilberto Gil, 1968)
79. Álibi (Maria Bethânia, 1978)
80. Gal Costa (Gal Costa, 1969)
81. Psicoacústica (Ira!, 1988)
82. O Inimitável (Roberto Carlos, 1968)
83. Matita Perê (Tom Jobim, 1973)
84. Qualquer Coisa/Jóia (Caetano Veloso, 1975)
85. Jovem Guarda (Roberto Carlos, 1965)
86. Beleléu, Leléu, Eu (Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia, 1980)
87. Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (Marisa Monte, 1994)
88. Nada Como Um Dia Após O Outro Dia + D2 (Racionais MC’s, 2002)
89. Carnaval na Obra (Mundo Livre S/A, 1998)
90. Quem é Quem (João Donato, 1973)
91. Cantar (Gal Costa, 1974)
92. Wave (Tom Jobim, 1967)
93. Lado B, Lado A (O Rappa, 1999)
94. Vivendo e Não Aprendendo (Ira!, 1986)
95. Doces Bárbaros + D2 (Gil, Bethânia, Caetano e Gal, 1976)
96. A Sétima Efervescência (Júpiter Maçã, 1996)
97. Araçá Azul (Caetano Veloso, 1972)
98. Elis (Elis Regina, 1972)
99. Revolução por Minuto (RPM, 1985)
100. Circense (Egberto Gismonti, 1980)
Os 100 melhores discos de sempre da Música Brasileira:
01. Acabou Chorare (Novos Baianos, 1972)
02. Tropicália ou Panis et Circencis (Vários, 1968)
03. Construção (Chico Buarque, 1971)
04. Chega de Saudade (João Gilberto, 1959)
05. Secos e Molhados (Secos e Molhados, 1973)
06. A Tábua de Esmeralda (Jorge Ben, 1972)
07. Clube da Esquina (Milton Nascimento & Lô Borges, 1972)
08. Cartola (Cartola, 1976)
09. Os Mutantes (Os Mutantes, 1968)
10. Transa (Caetano Veloso, 1972)
11. Elis & Tom (Elis Regina e António Carlos Jobim, 1974)
12. Krig-Ha Bandolo (Raúl Seixas, 1973)
13. Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi, 1994)
14. Sobrevivendo no Inferno (Racionais MC’s, 1998)
15. Samba Esquema Novo (Jorge Ben, 1963)
16. Fruto Proibido (Rita Lee, 1975)
17. Racional Volume 1 (Tim Maia, 1975)
18. Afrociberdelia (Chico Science & Nação Zumbi, 1996)
19. Cabeça Dinossauro (Titãs, 1986)
20. Fa-Tal - Gal a Todo Vapor (Gal Costa, 1971)
21. Dois (Legião Urbana, 1986)
22. A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (Os Mutantes, 1970)
23. Coisas (Moacir Santos, 1965)
24. Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Carlos, 1967)
25. Tim Maia (Tim Maia, 1970)
26. Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972)
27. Nós vamos Invadir Sua Praia (Ultraje a Rigor, 1985)
28. Roberto Carlos (Roberto Carlos, 1971)
29. Os Afro-Sambas (Baden Powell, Quarteto em Cy e Vinícius de Moraes, 1966)
30. A Dança da Solidão (Paulinho da Viola, 1972)
31. Carlos, Erasmo (Erasmo Carlos, 1970)
32. Pérola Negra (Luis Melodia, 1973)
33. Caymmi e Seu Violão (Dorival Caymmi, 1959)
34. Loki? (Arnaldo Baptista, 1974)
35. Estudando o Samba (Tom Zé, 1976)
36. Falso Brilhante (Elis Regina, 1976)
37. Caetano Veloso (Caetano Veloso, 1968)
38. Maria Fumaça (Banda Black Rio, 1977)
39. Selvagem? (Os Paralamas do Sucesso, 1986)
40. Legião Urbana (Legião Urbana, 1985)
41. Meus Caros Amigos (Chico Buarque, 1976)
42. O Bloco do Eu Sozinho (Los Hermanos, 2001)
43. Refazenda (Gilberto Gil, 1975)
44. Mutantes (Os Mutantes, 1969)
45. Raimundos (Raimundos, 1994)
46. Chaos A.D. (Sepultura, 1993)
47. João Gilberto (João Gilberto, 1973)
48. As Aventuras da Blitz (Blitz, 1982)
49. Racional Volume 2 (Tim Maia, 1976)
50. Revolver (Walter Franco, 1975)
51. Clara Crocodilo (Arrigo Barnabé, 1980)
52. Cartola (Cartola, 1974)
53. O Novo Aeon (Raúl Seixas, 1975)
54. Refavela (Gilberto Gil, 1977)
55. Nervos de Aço (Paulinho da Viola, 1973)
56. Amoroso (João Gilberto, 1977)
57. Roots (Sepultura, 1996)
58. António Carlos Jobim (Tom Jobim, 1963)
59. Canção do Amor Demais (Elizeth Cardoso, 1958)
60. Gil e Jorge Ogum Xangô + D2 (Gilberto Gil e Jorge Ben, 1975)
61. Força Bruta (Jorge Ben, 1970)
62. MM (Marisa Monte, 1989)
63. Milagre dos Peixes + D2 (Milton Nascimento, 1973)
64. Show Opinião (Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale, 1965)
65. Nelson Cavaquinho (Nelson Cavaquinho, 1973)
66. Cinema Transcendental (Caetano Veloso, 1979)
67. África Brasil (Jorge Ben, 1976)
68. Ventura (Los Hermanos, 2003)
69. Samba Esquema Noise (Mundo Livre S/A, 1994)
70. Getz/Gilberto Featuring Antônio Carlos Jobim (Stan Getz, João Gilberto e Antônio Carlos Jobim, 1963)
71. Noel Rosa e Aracy de Almeida (Aracy de Almeida, 1950)
72. Jardim Elétrico (Os Mutantes, 1971)
73. Angela Ro Ro (Angela Ro Ro, 1979)
74. Õ Blésq Blom (Titãs, 1989)
75. Tim Maia (Tim Maia, 1971)
76. A Bad Donato (João Donato, 1970)
77. Canções Praieiras (Dorival Caymmi, 1954)
78. Gilberto Gil (Gilberto Gil, 1968)
79. Álibi (Maria Bethânia, 1978)
80. Gal Costa (Gal Costa, 1969)
81. Psicoacústica (Ira!, 1988)
82. O Inimitável (Roberto Carlos, 1968)
83. Matita Perê (Tom Jobim, 1973)
84. Qualquer Coisa/Jóia (Caetano Veloso, 1975)
85. Jovem Guarda (Roberto Carlos, 1965)
86. Beleléu, Leléu, Eu (Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia, 1980)
87. Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (Marisa Monte, 1994)
88. Nada Como Um Dia Após O Outro Dia + D2 (Racionais MC’s, 2002)
89. Carnaval na Obra (Mundo Livre S/A, 1998)
90. Quem é Quem (João Donato, 1973)
91. Cantar (Gal Costa, 1974)
92. Wave (Tom Jobim, 1967)
93. Lado B, Lado A (O Rappa, 1999)
94. Vivendo e Não Aprendendo (Ira!, 1986)
95. Doces Bárbaros + D2 (Gil, Bethânia, Caetano e Gal, 1976)
96. A Sétima Efervescência (Júpiter Maçã, 1996)
97. Araçá Azul (Caetano Veloso, 1972)
98. Elis (Elis Regina, 1972)
99. Revolução por Minuto (RPM, 1985)
100. Circense (Egberto Gismonti, 1980)
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Solidão (roteiro para cena de cinema)
Espaço vazio
trémula luz acesa
Um copo tombado
em restos de vidro
no tampo da mesa
trémula luz acesa
Um copo tombado
em restos de vidro
no tampo da mesa
Subscrever:
Mensagens (Atom)