segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

História de um Natal diferente

Faltavam apenas dois dias para ser Natal. Isso, de certa maneira, incomodava-o. A razão era simples e podia ser dita em duas palavras: estava só. Pela primeira vez na sua vida de adulto, não tinha ninguém com quem comemorar a data que se aproximava.
Ia a caminho da sua aldeia. Pela janela do carro olhava a paisagem e sentia-se parte dela. Lá fora, a neve e o frio vestiam de branco o dia que chegava ao fim, timidamente.
Por vezes - pensava enquanto conduzia -, era preciso abandonar certos confortos e rumar a um destino que sabia ser o seu. Porquê esperar mais tempo e adiar o que tinha como certo? Não valia a pena. Estava consciente disso. Estava até orgulhoso da atitude tomada. Um homem não pode ceder. Nunca.
Preocupava-o o facto de não ter ninguém à sua espera. A solidão pode ser uma noite muito fria. Quem iria encontrar por lá? Ainda se lembrariam dele? Como estaria a Teresa? Nem ao certo se recordava da sua exacta fisionomia. Lembrava-se bem dos seus olhos grandes e brilhantes, poderosos, que o faziam estar acordado noites inteiras. Como seria o encontro, mais de vinte anos depois? Mas que encontro? Nem mesmo sabia se o que pensava agora poderia vir a acontecer. Seria uma enorme coincidência. Alguém, por certo, já a teria levado daquele lugar... Era melhor não pensar nisso.
Daqui a pouco mais de três horas chegaria ao fim da viagem. Estava disposto a abrir os braços ao rumo incerto da vida. E, ao pensar nisso, acelerou mais um pouco.


*esta história será continuada aqui

11 comentários:

Unknown disse...

Boa Carlos!
Belo início.
A solidão é algo que nos toca a todos de vez em quando, ainda que não o admitamos...

Gostei desta frase:
"A solidão pode ser uma noite muito fria."
Vamos lá ver se conseguimos trazer um pouco do calor do Natal ao "ele"! (e porque não a nós tb?!!)

Beijinho e obrigada!
:)

Anónimo disse...

Um começo para reflectir!
Agora há que acelerar para dar a volta ao assunto!

Já estou a imaginar a minha parte.

Abraço!

Cati disse...

Começa muitíssimo bem!
Adorei!
Espero que a Mónica ainda considere a minha tardia inscrição...

BEIJO enorme para si!

S. disse...

Wow! Que belo começo... este desafio promete! Até sinto um frio na barriga a tentar imaginar como estará a história quando chegar a mim. Obrigada, muito OBRIGADA mesmo pelo prémio, que quero muito receber, mas não sei o teu mail... snif! Se não quiseres deixá-lo aqui ou no meu blogue, eu deixo-te o meu e podes enviar para lá.
a.sofia.silva@hotmail.com

Carlos Lopes disse...

sofia: tens mail na tua caixinha...

cati: certamente que a mónica conta contigo. Todos contamos, aliás...

tugafixe: agora há mesmo que acelerar. A última frase do que escrevi vai mesmo nesse sentido. Com tanta aceleração, vamos lá ver se não há despistes;-)

Carlos Lopes disse...

mónica: ainda bem que gostaste do início. Ou foi só da frase citada por ti? ;-)
Vamos lá ver como vai ser o Natal desse "pobre coitado"...

Dani disse...

Não se esperava menos de ti, não é verdade? =)

E acelerou para a gata... vamos lá esperar o desenrolar...

Estou atenta!

Beijinhus!

Unknown disse...

Olá Carlos,
eu gostei dessa frase em particular, a qual soou muito bem porque o texto (todo ele) é excelente!
20 anos é muito tempo tempo, hein?
E dois dias?...hummm promete!;)
Beijinhos

Carlos Lopes disse...

daniela: obrigado pelo comentário. Estou cheio de curiosidade para ver crescer esta história...

mónica: pode viver-se mais em dois dias do que em vinte anos... Vamos lá ver se o "nosso homem" aproveita ;-)

Finding Essex disse...

Bom início! E pode-se viver uma vida num momento e um momento parecer uma eternidade.

Carlos esperemos q isto fique fixe, e q não se parta muita louça (hohohoho!)

Beijo.

Unknown disse...

Bom dia Carlos,
A Gata já se "espreguiçou" e a sesta fez-lhe muito bem mesmo. Não é que ela acordou cheia de vontade de continuar a nossa história?
Beijinho