quinta-feira, 1 de maio de 2008

Agora os nossos (som, escrita, imagem)

Sou do tempo do boom do Rock Português. Quando esse tempo me atingiu, não lhe dei muita importância. Entre dois ou três discos curiosos, um ficará para a história. Para a minha e para a outra também, certamente. O primeiro longa duração dos GNR trazia consigo um misto de rock-pop-indie que o colocava bem à frente de tudo o que por cá se fazia. Aquela faixa de quase meia hora (todo o lado B do vinil) dizia tudo sobre a vontade de inovar. Independança é a minha óbvia escolha!

António Lobo Antunes, quem mais poderia eu escolher? Foi muito difícil escolher um livro da sua já longa obra, mas A Morte de Carlos Gardel foi o eleito. É um livro seco, sobre a morte de um rapaz, sobre aqueles que são incapazes de amar, sobre as suas fraquezas... E descobrimos que esses, os incapazes, também podemos ser nós. A páginas tantas, uma personagem de nome Joaquim atira a seguinte frase: "Deus me livre de gostar das pessoas." E nisto se resume esta obra-prima da literatura portuguesa.

O cinema português é, na minha opinião, muito mais interessante do que por aí se diz. Isto digo eu, que nada percebo de cinema. Mas Kilas, o Mau da Fita, parece-me uma obra incontornável. Como resistir ao "chuleco", ao "malandro" que punha todas as suas meninas a render para sustentar a Madrinha? José Fonseca e Costa realizou um excelente filme e contou com a soberba interpretação de Mário Viegas (o Kilas do filme). Só os nomes das personagens dizem bem do delírio da obra: Pepsi-Rita, Lily-Bobó, Palito La Reine, entre outros. A cena da violação da Ana (Paula Guedes) é antológica.

* ainda hoje não existe em dvd, o que não se compreende de todo!

4 comentários:

redjan disse...

CL: count on me.... chego domingo e nesse dia atiro-me à tarefa ! E que boa tarefa !! Gandabraço, desculpa o meu fraco bloguismo dos últimos tempos

Red

Artur Guilherme Carvalho disse...

Boas escolhas. Tive na dúvida entre a EXPLICAÇÃO DOS PÁSSAROS e A MORTE DE CARLOS GARDEL.O KILAS sempre. Um marco das ultimas décadas do cinema português. INDEPENDANÇA com certeza. Um grande album.Nice choices
ARTUR

ARNALDO MESQUITA disse...

Carlos:

Quanto a saber tudo de cinema...enfim, é muita bondade do Artur. De facto, o filme que estreou o Quarteto, em 1975, foi "Sweet Movie" (Um Filme Doce), realizado em França pelo jugoslavo Dusan Makavejev que tinha anteriormente realizado o filme "WR. os Mistérios do Organismo", obra que pretendia transformar em cinema algumas das reflexões sobre a sexualidade, o comportamento e as relações sociais humanas da autoria do grande Wilhelm Reich. Quanto a "Sweet Movie", tem toda a razão: é uma espécie de gigantesco bacanal entremeado de tiradas revolucionárias/anarquistas, piscadelas de olho à psicanálise e às teorias radicais, muito bem feito, roçando por vezes a abjecção pura e dura.

Um grande abraço

Cati disse...

Excelentes escolhas dear friend. (Apenas não conheço o livro, mas parece-me bem...)
Alguém que gosta de GNR e não tem vergonha de dizê-lo deixa-me sempre bem disposta :)

Beijoca!