domingo, 30 de novembro de 2008

Braço de Prata

A música que ouvem neste momento é a que abre o novíssimo disco do Tim. A mais bonita canção do ano chama-se Braço de Prata e é instrumental. Deixa-me completamente rendido. Escutem...

* graças ao meu amigo Lima estive na apresentação do disco, no Coliseu dos Recreios, acompanhado pelo meu velho amigo Janeca. Que sorte!

Poema


Abrir-te assim
página a página
os dedos no papel letrado
do teu corpo
e molhar a língua
para prender-te melhor
página a página
palavra por palavra
até ao mais íntimo de ti

Depois
fechar-me no teu corpo
sem saber que me perdi

sábado, 29 de novembro de 2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

As tintas do sonho

Em gestos seguros, traçava as linhas do seu coração. Pintava os desejos, as vontades, os impulsos da pele. Um pouco mais de sangue, de cor de sangue, uma pitada de anil, um breve esgar de verde para acalmar o ímpeto, na tela à sua frente. Tela branca, tela pura, tela nua, a inocência que aos poucos se perdia. E nessa insistência, pintou o sonho que só no sonho se insinua.

* esta imagem foi retirada do site http://www.amoneva.com/

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tragédia grega

Há dias em que nem tudo são flores, Quique!

O Mestre e o Rei

Caetano Veloso editará o seu novo trabalho de estúdio em 2009. Não se sabe, no entanto, muita coisa sobre o conteúdo do disco. Embora já esteja todo gravado, o processo de mixagem ainda não terminou. O disco resulta da apresentação ao vivo de um repertório que foi experimentado nos shows Obra Em Progresso, no Brasil. Primeiramente, o título escolhido era Transamba, mas Caetano alterou-o para Zii e Zie, expressão italiana que quer dizer Tios e Tias. Até que o disco se faça ouvir, podemos escutar a voz do baiano juntamente com a de Roberto Carlos, no show dedicado a Tom Jobim, que lá mais para o Natal sairá no duplo formato cd e dvd. A orquestração e os arranjos são de Jacques Morelenbaum. Coisa fina, certamente.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Poema

Deixo-te adormecer
enquanto as estrelas
se apagam no meu olhar

Mais tarde
quando a noite
for um lençol denso
sobre nós
acordarás em mim
o teu desejo

E assim
ambos despertos
acenderemos poemas
na carne dos nossos corpos
entreabertos

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Preaching Revolution

Aqui está o irmão mais novo do fabuloso Black Sheep,
de Julian Cope.
Chama-se Preaching Revolution e é um ep.
O vinil vermelho destrói corações. A música embala-nos. Wow!!!

Prenda estratégica

No dia em que fiz 27 anos (2/10/94) o meu amigo Janeca deu-me um cd de um músico que não conhecia. Tratava-se de Wim Mertens. O disco dá pelo nome de Stratégie De La Rupture e tornou-se desde essa data uma referência para mim. Tanto assim foi que fui comprando vários discos do talentoso compositor belga, mas nenhum me toca tanto como o que me foi oferecido há 14 anos atrás. Virtuoso do piano, minimalista devoto, Wim Mertens seria certamente escolhido para compor uma eventual banda sonora do Paraíso. Stratégie De La Rupture é um disco belo, de uma elegância transcendente, encontro perfeito para a voz alta de Mertens, apenas acompanhada ao piano tocado pelas suas próprias mãos.
Neste Museu dos Melhores Discos do Séc. XX, Stratégie De La Rupture ocupa um espaço que o distingue de todos os outros, talvez por ser mais luminoso, mais resplandecente, com um sotaque sonoro muito próprio. É uma obra com travo clássico, piscando o olho às canções - àquelas canções que nos podem marcar para a vida inteira -, mesmo não se tratando, verdadeiramente, de canções. É Wim Mertens, e isso já diz mais do que qualquer texto a propósito.

* já passou tanto tempo... Será que ainda te lembras de me teres dado este disco, Janeca?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Volta sempre

Um dia, quando o único espelho possível for o da memória, saberás olhar para ti sem o espanto de outros tempos. E dirás: eu nunca fui assim. Esse olhar penetrante tem mais de cinquenta anos e o que sinto tem o dobro dessa idade. Ainda teimas em aparecer-me sem névoas no olhar!!! Impávido, triunfante. Ainda bem. Mas pergunto-te: o que foi feito de mim, afinal? E só te peço que voltes, que voltes sempre. Volta amanhã. Volta para ficares no vazio deste espelho sem memória e sem lugar.

domingo, 23 de novembro de 2008

Nu com a minha música

" E eu corri pra o violão num lamento
E a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento"

* a canção Nu Com a Minha Música (Caetano Veloso) serve de título a este post.
** os versos reproduzidos a vermelho fazem parte da letra da canção Tigresa, também ela do genial baiano.
*** Gal Costa, fotografada por Antonio Guerreiro.

sábado, 22 de novembro de 2008

Simpsonizei-me


Cá estou eu, em versão The Simpsons
Brevemente aparecerei num episódio da série. 
Que honra!

Mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar



Este senhor faz 30 anos de carreira. Este senhor merece mais 30 anos de canções. Nós também.

* o último verso da canção Estrela do Mar serve de título para este post.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Poema


Apenas desejo o descanso
que todo o conforto
não consegue dar

Os dedos enlaçados em passeio
na paisagem ondulante
de uma praia a naufragar

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Com a pulga atrás da orelha



Vale a pena ouvir estes quase 5 minutos de conversa / música para percebermos que desconstruir também é construir. E também para percebermos que as canções são tão humanas (e, portanto, imperfeitas) como qualquer um de nós. Tudo isto na voz mágica de Caetano Veloso.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Poema















Somos pequenos
do tamanho breve
e inquieto do silêncio
entre palavras


esta imagem foi retirada do site http://digital-pixels.blogspot.com/

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Blondie & Me

Conforme previsto: o meu primeiro conto publicado online já está disponível. Aqui. E encontram a versão original, escrita no nosso português, clicando aqui.

Le meteur en scène


O que cabe nesta história, não cabe nestas linhas.



* Histoire(s) du Cinéma (Jean Luc Godard, 1988/1998) é uma obra imprescindível. Difícil, cansativa, mas fundamental. O cinema nunca foi pensado assim!

domingo, 16 de novembro de 2008

What?

A propósito do texto sobre o documentário "Roman Polanski: Wanted and Desired", escrito pelo meu amigo Jorge , revi há dias aquele que deve ser, simultaneamente, o filme menos visto e o mais criticado do realizador de Tess. Refiro-me a What? (também conhecido como Che? ou ainda como Diary of Forbidden Dreams), estreado em 1973 e que conta com Marcello Mastroianni e Sydne Rome como protagonistas. What? faz-nos pensar vagamente em Alice In Wonderland e revela-nos a história de Nancy, rapariga bonita e extremamente sexy que vai parar a uma villa mediterrânica, a meio da noite, depois de apanhar boleia de uns indivíduos que a tentam violar. Aí encontra refúgio durante alguns dias e conhece personagens verdadeiramente delirantes. What? é um filme votado ao esquecimento. Admito que possa até ser uma obra menor, mas há nele um lado ostensivamente revelador da perversão da mente humana, um erotismo bizarro e inconsequente, características que fazem desta película um tesouro por descobrir. E rever What? fez-me ter ainda mais vontade de ver o documentário acima referido.

sábado, 15 de novembro de 2008

Amanhã!

Parece que é amanhã! Se assim for, o conto que escrevi baseado no primeiro LP dos Blondie vai andar pelos ares de todo o mundo dentro de algumas horas. Já aqui tinha referido o site da Mojo Books. É muito bom e muito bem feito. Também já tinha feito referência ao facto de lhes ter mandado um conto original na esperança de vir a ser publicado. Fecha-se assim o ciclo. Parece que é amanhã!

* todos os que quiserem lê-lo poderão fazer o download do ficheiro. Apenas terão de efectuar o vosso registo no site da Mojo Books. É muito rápido e simples. Depois poderão também, se quiserem, imprimir o conto. Sai em formato / tamanho de cd, o que não deixa de ser original. Para quem quiser ir adiantando serviço, aqui fica o site: http://www.mojobooks.com.br/

Andar nas nuvens

Quanto do meu esforço te parece inglório? Acabo sempre por andar nas nuvens, como gostas de dizer. Ao menos fosse essa a verdade escondida no mar dos dias. Mas não. A vida passa como se fossemos um balão ao vento e o vento pára sem nos avisar. Assim será quando soltarmos as mãos e fizermos jus ao caminho fatal da existência. Para já, mesmo que não gostes ou não queiras, vou vagando pelos ares do tempo, como bandeira que ondula em sinal de resistência.

* a imagem que ilustra este post é um frame do filme Otto e Mezzo, de Federico Fellini.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Dream on, little boy, dream on...

Eu e a Joan fugimos. Estamos em digressão europeia. Regressarei assim que acordar deste sonho. Não vale a pena serem invejosos. A inveja é uma coisa muito feia...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O som do Natal em Marte

Enquanto escrevo estas linhas vou ouvindo (em repeat) o novo disco dos The Flaming Lips. Não se trata de um disco qualquer. É, antes de mais, a banda sonora do filme Christmas On Mars, já aqui referido num post anterior. E a verdade é que esse pormenor pode fazer toda a diferença. As bandas sonoras acompanham imagens, e por isso podem ficar presas a esse universo fílmico, limitadas, assim, na sua função de acompanhantes da acção cinematográfica. Mas, por outro lado, também podem sobreviver sozinhas, gozando da magnanimidade da sua áudio existência. E é mais esse o caso do disco que aqui comento. Vive bem sozinho, e se assim é, imagino como se revelará quando acompanhado pelas imagens marcianas de Christmas On Mars... Os sons algo sinfónicos, ameaçadores, experimentais, atmosféricos, criam ambientes sonoros de uma enorme elegância. Não parece um disco dos The Flaming Lips. A voz de Wayne Coyne, por exemplo, nem sequer se faz ouvir nas doze faixas do álbum. É todo ele instrumental. E se a música de Marte for assim, então talvez um dia se consiga lá morar.

Build Up


Estávamos no ano de 1970. Rita Lee convida os manos Mutantes e grava com eles o seu primeiro disco a solo. Ainda hoje considero que Build Up é um dos melhores discos da sua carreira, o que aliás não é dizer muito, visto que os discos de Rita Lee nunca atingiram a grandiosidade dos trabalhos d' Os Mutantes, enquanto foi ela a voz principal da banda. Mas o tempo passou e estamos quase no fim de 2008. Build Up ganhou estatuto de disco de culto e por isso a belíssima Nina Becker ( a voz feminina dos meus adorados Orquestra Imperial) anda a cantá-lo na íntegra, um pouco por todo o Brasil. Magnífica ideia! Esses shows nunca chegarão a Portugal. É um pouco essa a nossa sina, embora não nos possamos queixar assim tanto nos dias que correm. A verdade é que Portugal começa a ser um palco interessante em termos de concertos. Deixo-vos aqui o cartaz que anuncia o evento. Quem conhece a capa do disco de Rita Lee perceberá o encanto da imagem. Pode ser que vire disco... Pode ser.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Antoine Doinel

Chegou-me ontem pelo correio, via UK. Hoje vou conhecer a tua infância, Antoine Doinel.
Lá mais para a noite conversamos...

É espantoso perceber como a névoa aprimora a clarividência do olhar.

domingo, 9 de novembro de 2008

Percebeu?

Senhora Ministra: esta mensagem é para si. Espero não ter de lhe explicar o que quer dizer. E olhe que quer dizer muitas coisas. É, simultaneamente, séria, irónica e provocatória.

Talvez numa outra vida

"I would fuckin' love to be a rock star!"

sábado, 8 de novembro de 2008

"This is the one I will try to be lonely with"

É já amanhã. A minha adorada Joan As Police Woman passará por Sintra, naquela que é a sua terceira tournée em Portugal, a primeira acompanhando Rufus Wainwright, as duas últimas já como verdadeira cabeça de cartaz. Ouvir os discos da cantora americana é um exercício de puro prazer. Ouvi-la ao vivo é uma experiência ainda mais prazerosa. Já a ouvi sentado a pouco mais de um metro de distancia, no palco onde actuava. Foi deslumbrante. Nessa noite, eu e o meu amigo Nuninho estivemos em órbita durante quase duas horas. Amanhã lá estaremos de novo, nas filas da frente, para a ouvir (suspiro...) e ver. O programa é de arromba, porque a noite pode não acabar com o fim do concerto. O nosso amigo Lima promete levar-nos ao backstage logo após o final do show. Mas não é tudo! Parece que ainda haverá hipótese de ceia e copos com a minha deusa indie do momento. Se nos dias seguintes não for dando notícias por aqui, uma de duas coisas aconteceu certamente: ou fugi com a Joan, ou o meu coração não aguentou...

* a fotografia que ilustra este post mostra a t-shirt que levarei amanhã ao concerto. Os discos que aparecem na imagem são verdadeiras relíquias sonoras que fazem parte da minha colecção de cds.

** o título deste post reproduz dois versos da canção To Be Lonely.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Poema

Recordo os dias claros
na sombra dos teus olhos
e é já noite lá fora

Mais um verso e é tão tarde
que tudo esqueço
enquanto a memória arde
de novo nos teus olhos
nos teus ombros
até que a ponta dos dedos
vive a febre desses tempos

Recordo ainda assim
os dias claros
e vazios de existência
e nessa existência
fecho os teus olhos
e adormeço

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Poema

Acabar o dia
acabar o verso
o dia suspenso
no acabar do tempo
que assim mesmo perdura...

Silvo ou luz?

O mistério reduz a vida
a uma simples figura

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

From now on...

Agora resta apenas a dúvida: mudará alguma coisa, de facto?
Vamos lá pôr tudo preto no branco...

Para onde?

Por onde caminhar no meio de tudo isto? Se os caminhos são tão estreitos para o que levamos da vida, para onde? Para onde a urgência dos segundos, para onde o tempo, o bosque e os sons do seu próprio coração? Para onde as perguntas sempre as mesmas, para onde o próximo passo, o derradeiro adeus que se adivinha? Nas páginas da vida que escrevemos e deitamos para trás das costas, no vento que as leva sem retorno, nos sentidos que espreitam ainda como fantasmas por adormecer. Vai ser dia daqui a pouco e ainda eu estou por nascer.

* esta imagem foi retirada do blog http://olharmacro.blogspot.com/

terça-feira, 4 de novembro de 2008

"Beauty Is The New Punk Rock"

Começo a ficar impaciente! Mesmo muito impaciente!

Poema

A manhã começa sempre
com os sons dos sinos

Na nossa casa
ainda há nuvens
onde dormir

Por isso dorme
na paz do tempo
que sempre existiu

O que ouves no teu peito
é apenas a dor que te fugiu

* reparo agora que este é o tricentésimo poema que publico neste blog. Já é um número de respeito...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Perguntar / Responder



Que lugar ocupamos nós nos filmes? Ou na vida? Que melhor lugar seria a vida se fosse feita das vidas dos filmes!!!

* excerto do filme , de Fellini, com Claudia Cardinale e Marcello Mastroianni.

domingo, 2 de novembro de 2008

Em tempo de crise


Rir é sempre o melhor remédio.

* encontrei um site de e-cards absolutamente maravilhoso. Espreitem e vão ver que não se arrependem...

sábado, 1 de novembro de 2008

This Charming Band

Os 10 singles lançados pelos The Smiths entre 1983 e 1986 vão ser brevemente reeditados em versão remasterizada. Sairão em formato de 7'', o que só prova que o revivalismo do vinil está aí para ficar. Ainda tenho esperança de ver os meus filhos saírem de casa rumo ao liceu com dois ou três LPs debaixo do braço, como eu fiz tantas e tantas vezes. Talvez seja apenas uma questão de anos... Se esta é uma notícia interessante, a verdade é que não se percebe o porquê de não haver em versão remasterizada os trabalhos de longa duração da banda inglesa. A qualidade de som dos cds dos The Smiths é francamente má e os discos em questão são, como se sabe, francamente bons. Pode ser que a reboque destes lançamentos cheguem boas (e merecidas) notícias.

* a imagem que ilustra este post é a capa original do single This Charming Man.