Há muito que procurava ter estas edições nas minhas mãos. Tenho, como já referi neste blog, várias edições de Fábula de Veneza, uma delas em italiano, comprada na cidade onde a ação desta fábula se desenrola. No entanto, nenhuma das obras era a cores, como a que tenho agora. A leitura desta nova edição da Fábula revelou-se, sobretudo pela novidade da cor, um prazer enorme. Para além de me colorir a imaginação, coisa que obviamente nunca me havia acontecido, esta Fábula de Veneza contém três textos muito interessantes, à laia de prefácios. Um deles, a abrir o livro, é assinado pelo próprio Hugo Pratt, e já o conhecia. Intitula-se A Herança da Minha Avó, e nele podemos seguir o caminho das memórias do autor, principalmente no tempo em que era criança, guiado pela velha senhora até ao Antigo Ghetto de Veneza, local onde descobriu gente e sítios fascinantes, como o Pátio Secreto, a Passagem Estreita da Nostalgia, ou o Serralho das Belas Ideias. Muito do onirismo da obra nasceu nesses locais, sem dúvida. Depois segue-se A Fraternidade, A.G.D.G.A.D.U. (À Glória do Grande Arquiteto do Universo), texto assinado por Luigi Danesin, sobre os meandros das grandes Lojas Maçónicas. Finalmente, antes de Corto Maltese cair do telhado de uma casa, aterrando em plena reunião secreta da R.L. Hermes, podemos ler Manifesto Maçónico, de novo por Luigi Denesin. Como não podia deixar de ser, todos os textos surgem profusamente ilustrados com imagens e desenhos de grande beleza. Trata-se, claramente, de uma edição cuidada, surgida ao público em 2004, pela saudosa Meribérica/Liber Editores, lda.
Já em relação às Helvéticas, possuía apenas uma edição francesa, e por isso ler agora o texto em português foi (quase) um ato cerimonioso. As 23 páginas iniciais (somente a partir da vigésima quinta começa, de facto, as Helvéticas) são primorosamente ilustradas por Pratt, e nelas podemos ler um texto sobre a presença de Corto Maltese em território suiço, bem como algumas informações sobre os 24 cantões desse país. Esta excelente edição é, uma vez mais, da Meribérica/Liber Editores lda, datada de novembro de 2000. Depois de lidas as páginas aqui descritas, a aventura começa, e nela se fundem sonho e realidade. As Helvéticas e Fábula de Veneza podem agora viver ainda mais em mim, mais reais do que nunca. Posso, inclusivamente, sonhá-las a cores, e isso é um tremendo privilégio!
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