O disco Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009) parece ter sido marcado pelo fim do relacionamento de vários anos que o músico pernambucano manteve com a atriz Alessandra Negrini. Se assim foi, que Otto me desculpe, mas ainda bem. O disco é denso, tenso, sombrio, com um ou outro tímido raio de luz em dolente preguiça. Belo, muito belo, mesmo assim. Tantas são as vezes que a dor faz crescer coisas belas...
O título do disco evoca as primeiras palavras do romance A Metamorfose, de Kafka. Haverá necessidade de explicações suplementares perante a evidência de tal escolha? Não me parece. Na verdade, Otto surge metamorfoseado, com força renovada, e faz deste trabalho uma obra incontornável. Quem nunca ouviu Crua (a letra, se autobiográfica, até arrepia), ou O Leite (com a participação de Céu), ou as belíssimas 6 Minutos, e Naquela Mesa tem andado tão distraído que nem desculpa merece. Ainda vai a tempo. É só terminar de ler esta linha e procurar o disco na loja do costume.
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