Não te encontro
para além do nome no papel
não te encontro nas marcas
dos pés descalços no chão
em dias de calor
nos vincos dos lençóis
onde já não dormes
nas sobras da memória
que se apaga
com o vento
a empurrar
os dias um a um
Não te encontro
onde ainda existes
(permanência parda
do que foste)
não te encontro
no momento
de luz
que a lembrança
vai deixando
apagar
como se não pagasse
a conta há muito tempo
Aliás as nossas dívidas
estão saldadas
sem que ambos
nos revíssemos nelas
e pelo menos assim
poderei dizer
(não sem dúvidas
terríveis...)
que as memórias
do que fomos
são já feias
de tão belas
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