La Città Delle Donne é uma das últimas obras de Federico Fellini, e isso já quer dizer alguma coisa. A vertente onírica dos seus últimos trabalhos revela-se bem aqui. O sonho é o filme, e o filme é uma deambulação pela ideia do sonho. Pelo meio existem muitas mulheres com comportamentos libertários, feministas, e um homem de nome Snàporaz (que belo achado fonético!), interpretado por Marcello Mastroianni. O universo surrealista do filme não traz nada de novo ao espaço felliniano, mas a montagem da obra, a beleza de certos cenários, a música de Luis Bacalov, a loucura desregrada (passe o pleonasmo) dos 134 minutos de película, valem bem a pena. Gosto, muito particularmente, das tecituras que unem A Cidade das Mulheres a Oito e Meio, para mim o feito maior do cineasta italiano. São muitos os pontos concordantes entre as duas obras, e até algumas cenas - mas uma especialmente -, aproximam os filmes em questão. Numa altura em que o cinema vive na indecisão entre vários formatos, sendo o 3-D o filão mais recentemente explorado, ver La Città Delle Donne é um exercício retrô que muito me agrada. Viva Fellini!
Sem comentários:
Enviar um comentário