Acabou setembro
e se bem me lembro
agora virá o vento
a desdobrar-se num tempo
que não gosto
e aposto que trará chuva
e outras lágrimas do céu
Agora acabou setembro
e se bem me lembro
isto já me aconteceu
domingo, 30 de setembro de 2012
sábado, 29 de setembro de 2012
Falsa montada
O cavaleiro e o seu cavalo: imagem de fim de férias, trotando a caminho de casa.
* confesso que já me tinha esquecido desta imagem, tirada pela minha filha, a meu pedido. Descobri-a há dias, e aqui fica, para a posteridade.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Poema
Da minha janela vê-se o mar
e o navio que passou
levou-me nele sem saber
que navegar pode ser
uma forma de encontrar
o que nunca pude ver
O navio que passou
levou-me a voz e o olhar
e agora o que restou
foi a vida que ficou
suspensa até eu voltar
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Up from the skies
Já tem alguns anos, mas o tempo parece não ter passado. Eu vi e ouvi um concerto desta digressão, no Coliseu dos Recreios, e agora dou por mim a reviver toda essa noite ouvindo o que foi cantado numa noite italiana de 94. A música cruza tempos, países, corações. Caetano e Gil são verdadeiras dádivas que vêm lá de cima, up from the skies.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Um cachecol para os ouvidos
Mais um dos Discos do Ano!
Disse-o ontem, e mantenho a aposta.
Efterklang - Piramida
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Que venham outono e inverno, que já tenho onde me aconchegar!
Piramida, o novo trabalho dos dinamarqueses Efterklang ("reverberação", em português), é posto hoje à venda. Este disco é um caso muito sério, tão sério que me agarrei a ele com unhas e dentes, e já está no meu Top de 2012. A vida, quando nos entra pelos ouvidos, faz-nos renovar a alma pelo menos uns 20 anos!
domingo, 23 de setembro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
O passado presente
Ando preso à televisão, e isto é muito pouco normal em mim. Preso a uma novela recente, que passa todas as noites (de 2ª a 6ª) no meu moderno lcd. No entanto, o que vejo, muito para além daquilo a que assisto, é uma novela de outrora, que passava todas as noites (de 2ª a 6ª) no antigo televisor a preto e branco do tempo da minha infância. Tudo isto é tão inusitado, quanto verdadeiro! Mas nada posso fazer, porque ♪♪ eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim ♪♪...
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Fim de Coleção
Foram precisos 20 anos (23, para ser preciso) para ter os últimos dois volumes das Obras de Carlos Drummond de Andrade, editados pela Europa América. Ainda hoje me pergunto como foi possível ter passado tanto tempo entre a compra dos primeiros seis volumes, e a aquisição dos dois que findam a coleção! Adoro Drummond, e o facto de ter estes volumes pousados, atualmente, na minha mesa de cabeceira, enche-me de uma certa nostalgia que me conforta e sabe bem. Há coisas que parece terem mais valor, quando vividas fora do seu tempo natural. Duas décadas é muito tempo? É muito tempo o tempo dos prazeres tão duradouros? Para quê estas perguntas, se as respostas estão (agora) mesmo à mão de folhear?
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Poema
A vida de se ser poeta
dá um aperto no peito
quando um poema sem jeito
vinga sem queremos que vingue
e da batalha resulta
não o texto pretendido
mas um outro que nos lembra
o que queríamos esquecido
dá um aperto no peito
quando um poema sem jeito
vinga sem queremos que vingue
e da batalha resulta
não o texto pretendido
mas um outro que nos lembra
o que queríamos esquecido
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Poema
Perdi muitos versos ao entardecer
Distraindo-me com a luz que se esvaía
Depois com a noite tudo regressava
Exceto o encanto que nos versos ia
E quando dei por mim tudo era breu
Nos poemas claros como a luz do dia
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Um novo começo
Começa daqui a algumas horas, e agora de forma ainda mais séria, um novo ano letivo. O regresso às aulas faz com que tudo volte à estaca zero. Professores e alunos partem mais pobres, por inúmeras razões que todos conhecemos, mas que não importa agora referir. Resta-me uma pálida esperança em dias melhores, visto que os professores e alunos que conheço são, na sua grande maioria, gente que não se conforma e tudo fará, mesmo com alguma tristeza devido ao momento presente, para fazer de Portugal um destino melhor do que aquele que conhecemos atualmente. E se a mudança pode estar nas nossas mãos, então façamos o que sabemos fazer melhor, e vamos ao trabalho. Os nossos alunos esperam por nós, e nós esperamos muito deles. Até já!
domingo, 16 de setembro de 2012
Poema para Raymond Carver
Queria escrever um poema
para Raymond Carver
mesmo sabendo que no fim
se o pudesses ler, Raymond
dirias que esta e aquela palavras
deveriam ser mudadas
substituídas por outras
que acabarias por sugerir
e que eu aceitaria de bom grado
porque no fundo
o que eu queria escrever
era um poema para ti
(1938 - 1988)
sábado, 15 de setembro de 2012
Rentrée
O Senhor Stein regressou de férias, mas a precisar delas, ao mesmo tempo. A ideia é simples, e conta-se em poucas palavras: as férias, à sua maneira, deixam o Senhor Stein exausto. É o calor excessivo, a dolência que a praia dá, as noites quentes e suadas que pouco descanso trazem ao corpo... Por tudo isto não é de estranhar que a rentrée se faça com alguma fadiga acumulada. Para o ano será de novo assim, bem o sabemos. Mas há que ser forte como o aço, pensa o Senhor Stein, que agora é tempo de trabalho, para descansar do cansaço.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Poema de amor aos mortos
Como estás avó
que as saudades são já grandes
e como grande deve ter sido
o teu encontro com o avô
E as tias como estão
irmãs agora juntas de novo
e para o sempre que existir
Sei que nos separa um longo caminho
e que existe o filtro da existência entre nós dois
mas ainda assim tento que me ouças
Faz um esforço avó (mesmo sabendo
que estou morto para ti)
e acena uma qualquer resposta
É que às vezes basta tão pouco
um sopro de vento um ai de amor
para que volte a sentir-te ao meu redor
que as saudades são já grandes
e como grande deve ter sido
o teu encontro com o avô
E as tias como estão
irmãs agora juntas de novo
e para o sempre que existir
Sei que nos separa um longo caminho
e que existe o filtro da existência entre nós dois
mas ainda assim tento que me ouças
Faz um esforço avó (mesmo sabendo
que estou morto para ti)
e acena uma qualquer resposta
É que às vezes basta tão pouco
um sopro de vento um ai de amor
para que volte a sentir-te ao meu redor
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Taking Tiger Mountain by Strategy - a propósito de uma imagem da ópera de Beijing, uma capa de disco!
Sem saber a verdadeira razão desta capa de disco, a verdade é que Will Sergeant usou uma imagem da já aqui referida ópera de Beijing (Taking Tiger Mountain by Strategy) para Weird as Fish, o seu trabalho de 1978. Qual a intenção da utilização deste imagem? Confesso que não sei! O disco é uma peça rara, com um "nascimento" singular que pode, por exemplo, conhecer aqui. Trata-se de um trabalho instrumental, experimental, denso e weird, mas interessante de escutar. Tenho a versão mais tardia, à qual Will Sergeant adicionou a mini banda sonora intitulada La Via Lounge, que documenta a european tour de 1981 dos Echo & The Bunnymen. É, na minha discoteca pessoal, uma pequena relíquia, chamemos-lhe assim, uma vez que apenas foram postos à venda 175 cópias pela Ochre Records (OCHO33LCD), sendo que a que tenho é a número 62. A contracapa está assinada pelo próprio Will Sergeant, o lendário guitarrista da banda acima mencionada.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Poema
Se eu fosse sempre assim
um bicho da terra
a perfurá-la inteira
a desejar comê-la
usando-a como se fosse minha
e depois cuspisse os restos...
eu seria nesse instante
o deus impiedoso
dos meus gestos
Ah se eu fosse assim
não tardaria a ser na terra
o mais elementar
dos abjetos
um bicho da terra
a perfurá-la inteira
a desejar comê-la
usando-a como se fosse minha
e depois cuspisse os restos...
eu seria nesse instante
o deus impiedoso
dos meus gestos
Ah se eu fosse assim
não tardaria a ser na terra
o mais elementar
dos abjetos
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Taking Tiger Mountain by Strategy - a ópera
Há coisas que acontecem, e que não lembram ao diabo! Ainda a propósito do meu post de há dois dias sobre o disco de Brian Eno, e segundo julgo ser verdade, descobri que o músico inglês ficou fascinado por um conjunto de cartões postais que encontrou e comprou em São Francisco, e que anos depois usaria como base do seu já mencionado trabalho de 1974. Esse conjunto de postais era referente a imagens de uma ópera revolucionária chinesa do tempo de Mao, claro está. A ópera de Beijing dava pelo nome de Taking Tiger Mountain by Strategy, ou se quisermos ser mais puristas, intitulava-se 智取威虎山. Adiante...
O espétaculo, bem à maneira chinesa desse tempo, narra um episódio de contornos verídicos acontecido em plena guerra civil chinesa (1946). Yang Zirong é um jovem comunista convicto, que resolve infiltrar-se, disfarçando-se, num grupo de bandidos na tentativa de os levar de vencida, o que acaba por acontecer, sobressaindo assim mais um triunfo marcado pela ideologia maoista. A ópera é inspirada num romance de Lin Hai Xue Yuan, de grande sucesso na China. Aliás, um famoso filme do realizador Xie Tieli (de 1970), é tido ainda hoje como uma das obras mais vistas da história do cinema, com mais de 7,3 biliões de espectadores. O sucesso foi de tal ordem, embora se saiba também que os chineses eram obrigados a ver o filme repetidas vezes, que uma nova versão de Taking Tiger Mountain by Strategy deve surgir nas salas de cinema no final deste ano de 2012, agora pelas mãos do realizador Tsui Hark, de Hong Kong. Como deixei aqui dito há dois dias atrás, adoro Taking Tiger Mountain (by Strategy) de Brian Eno. Não conheço a ópera com o mesmo título, embora me pareça que não ficaria freguês, confesso. Uma simples procura no youtube servirá para verem excertos da ópera e tomarem as devidas conclusões.
(imagem publicitária da ópera)
(imagem de Yang Zirong, na floresta onde se encontram os bandidos)
(imagem quase final, em que o herói vence o inimigo)
(e, finalmente, uma imagem da mesma ópera, que estará na base de um terceiro e último post dedicado a Taking Tiger Mountain (by Strategy), embora num contexto completamente paralelo ao disco de Eno e ao registo operático descrito nestas linhas)
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Poema
Minha genealogia fica sendo
(declaro agora)
a voz etérea do momento
que nesse mesmo tempo
se devora
domingo, 9 de setembro de 2012
Taking Tiger Mountain (by Strategy) - o disco
Trinta e oito anos (!!!) depois de ter sido lançado por Brian Eno, Taking Tiger Mountain (by Strategy) chegou-me aos ouvidos. Foi neste passado mês de agosto, e surgiu-me como uma autêntica benção para a alma e para o corpo. Este segundo disco a solo de Eno (o primeiro é outra pérola, e dá pelo nome de Here Come The Warm Jets) tem a beleza sinistra dos objetos estranhamente requintados, tem a profundidade que se exige a uma obra maior, tem canções que ficam no ouvido logo à primeira audição, embora se instalem muitíssimo melhor com o decorrer do tempo, e tem a grandeza dos trabalhos intemporais, mesmo que se perceba um ou outro momento mais datado. Tem, portanto, tudo o que espero de um disco para a vida, digamos assim. Lendo a wikipedia descobri tratar-se de um trabalho conceptual, misturando espionagem com a revolução comunista chinesa. Como gostei tanto do disco decidi investigar mais um pouco, e encontrei algumas surpresas, que explorarei em outras duas postagens, a breve trecho.
Para já, aquilo que me importa pela urgência superlativa que o disco impõe, é dizer da obrigatoriedade da audição de Taking Tiger Moutain (by Strategy). O meu delay em relação a esta obra de Eno (ainda por cima tratando-se de um músico que não me é minimamente desconhecido) é imperdoável, e o facto de me ter espantado tanto com ele nos últimos tempos, só me faz perceber ainda mais que seriam precisas mais vidas para que pudesse, um dia, morrer em paz e com o sentimento de dever cumprido em termos de conhecimento (e contentamento) das grandes obras da música popular dos séculos XX e XXI. Abençoado sejas, Eno!
(gravado em setembro de 1974, e lançado em novembro do mesmo ano)
sábado, 8 de setembro de 2012
Fahrenheit 451 X 3
Durante as férias li muito, e vi alguns filmes. Neste caso em particular combinei texto, imagem, e até som. Ainda antes do falecimento de Ray Bradbury já eu andava com vontade de ler Fahrenheit 451, mas primeiro precisava de o encontrar à venda. Tive a sorte de o comprar pouco antes de ir para o algarve, e li-o de um fôlego. Também por essa altura pude ver o filme de Truffaut (thanks, Jorge) e consegui fazer o download da banda sonora de Bernard Herrmann. Este 3 em 1 deu-me um prazer extraordinário! Por isso, no sentido de partilha que tantas vezes este blog tem, deixo-vos esta tripla sugestão, e verão que não se arrependem, se a seguirem.
(o livro)
(um dos vários cartazes do filme de Truffaut)
(a ost de Bernard Herrmann)
(prelúdio da banda sonora, para aguçar o apetite auditivo)
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Fim de férias
E assim se cumpriram mais umas férias de verão. Resta-me esperar mais 11 meses e o mesmo prazer regressará. É tudo uma questão de tempo, como bem sabemos... Na vida não há outra medida, e por isso também não há como lhe fugir. A haver "fuga", que seja para a frente: venha daí o que ainda sobra de 2012, então!
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