quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Poema

O tempo termina
o ano acaba

Cumpre-se
aos poucos
a velha lição
da vida

Muita coisa finda
antes de terminada

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Best of 2009 - a banda sonora do ano que (quase) passou

Adoro fazer a lista dos discos que mais gostei e ouvi quando o ano termina. Alguns suspeitos do costume, mas também alguma gente nova na minha lista de preferências... Sem qualquer critério de ordenação, aqui estão os discos que fizeram banda sonora do ano que está quase a terminar:

1) Caetano Veloso - Zii e Zie
(porque Caetano é Caetano, e Lapa é, talvez, a melhor canção que ouvi este ano)

2) Richard Hawley - Truelove's Gutter
(parece um disco de outros tempos, e Hawley é um crooner como já não há)

(because indian indie rock'n roll sound makes me happy as fuck)

4) + 2 - Imã
(Moreno, Domenico e Kassin em versão ballet para o Grupo Corpo)

5) The Legendary Tiger Man - Femina
(em Portugal não há melhor, e as vozes convidadas fazem o resto)

6) God Help The Girl - God Help The Girl
(o génio de Stuart Murdoch sem os Belle & Sebastian)

7) Karen O and The Kids - Where The Wild Things Are
(uma banda sonora onírica que vale por si mesma)

8) David Sylvian - Manafon
(porque ao deitar, às escuras, não há voz melhor para acordar a noite)

9) Christophe F. / Black Sheep - Heathen Frontiers in Sound
(desde o tempo de Universal Panzies que não ouvia Christophe F., e tinha saudades)

10) Tom Waits - Glitter and Doom Live
(porque...porque, como diria Agustina)

11) Casiotone For The Painfully Alone - Vs. Children
(não há ninguém como Owen Ashworth)

E pronto! Num ano de reconciliação absoluta com o jazz de outras décadas, este é o meu Best Of de 2009

* pode ver a capa dos discos com um simples click nos respectivos títulos
** o Best Of deste ano não é um Top 10: é um Top 11!


domingo, 27 de dezembro de 2009

Poema


Não temas as lágrimas que verteres
porque é ainda maior o dilúvio
que em ti se esconde

gota - a - gota
até ao fim
do que
és
.


sábado, 26 de dezembro de 2009

Poema

Bocados de terra
na mão aberta

(a espera do momento
vem da certeza
do vento que mais tarde
soprará)

Na outra mão
apenas pó
de um tempo
que só o tempo
apagará

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Poema

Em cada folha
o silêncio manuscrito

Em cada folha
lês o que não foi dito

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

As Palavras Por Dizer


Tinha algumas palavras para gastar. Tirou-as do bolso e espalhou-as na palma da mão. Palavras caras e alguns trocos como sim, não, talvez. Pensou que o melhor era poupar as mais importantes para quando, mais à noite, falasse com ela.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um homem de palavra

Dizia-se uma pessoa palavrosa. Comia sopa de letras devotamente, e como sobremesa só apreciava aletria. Sofria de bibliofagia. Era um homem de palavra, até que, num dia de vento, se apagou.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Uma má história

Não sabia o que fazer com tantas palavras. Não gostava delas e por isso decidiu subir ao cimo de um monte para as lançar ao vento. Foi o que fez. Subiu. Porém, antes de cumprir com a sua vontade, resolveu atirar-se juntamente com elas. Sempre achou que nas más histórias todas as personagens deveriam morrer.

sábado, 19 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Blue Note

A requintadíssima Blue Note faz 70 anos!
Que continue assim, a dar-nos prendas às mãos cheias!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um poema na cidade (II)

Só o silêncio
dos corredores desta cidade
esconde as palavras
mais intensas
aquelas que acendem a noite
no seu corpo
e mostram
as suas doces saliências

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um poema na cidade (I)

O corpo da cidade
adormeceu por muitas horas
sono de luzes-sinais
que não se apagam na noite
e mesmo que o silêncio doa
o corpo permanece distendido
em toda a sua distância

Quando uma cidade dorme
desperta a sua elegância

domingo, 13 de dezembro de 2009

Poema

Acontece que abro os olhos para te ver
e sinto que nasceste para me ter

sábado, 12 de dezembro de 2009

Quem é Antoine Doinel?

Gosto de retratos. São, muitas vezes, representações certeiras do retratado. No entanto, há retratos que nos deixam perplexos, retratos onde a dúvida ultrapassa a realidade apanhada no instante captado. E assim, a pergunta impõe-se: quem é Antoine Doinel?

* fotografia de Richard Avedon
** este post é para o meu amigo Artur Carvalho, com um abraço a acompanhar.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Marisa Monte

"Tô com saudade de tu, meu desejo"

* a legenda da fotografia é o verso inicial da canção Gostoso Demais, de Nando Cordel e Dominguinhos, presente, por exemplo, no disco Dezembros, de Maria Bethânia.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Poema

Ando suspenso
nos bocejos da manhã
e são de tília
os dias 
frios de inverno

Acordo com a dormência
de um tempo 
que não vem agora ao caso
e conformo-me com as rosas
do teu corpo exangue

Os espinhos 
são de amor 
e não de sangue

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Agora a cores

Aquele que é considerado o pior filme de sempre, ganha nova vida! E eu, que já há muito o tenho a preto e branco, agora quero tê-lo a cores. Ainda deve ser melhor, quero dizer... pior!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Being Blondie


Começa hoje, em Londres, uma exposição sobre os Blondie. Ou melhor, e mais precisamente, sobre a sua lead singer, Debbie Harry. A exposição é gratuita e durará até dia 11 de Janeiro de 2010. Eu adoraria lá ir, mas nem sempre as vontades se cumprem. Na apresentação noticiosa pode ler-se assim:

"As Blondie celebrates thirty-five years since their inception, Proud Camden presents Being Blondie: Debbie Harry by Brian Aris, a revealing collection of images specially selected from the archive of celebrated photographer Brian Aris, focusing on their leading lady, Deborah Harry."


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

John Coltrane em quadradinhos


Ora aqui está um livro que daria uma boa prenda de Natal! Paolo Parisi escreveu e desenhou um livro sobre John Coltrane, o mítico jazzman de Carolina do Norte. É una storia attraversata da un sound, como ele próprio afirma. E que bem me ficaria entre as mãos, numa noite fria e chuvosa de Inverno. 

* livro editado por Black Velvet Editrice, 128 páginas, preto e branco, Março de 2009.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Tim Burton's Ed Wood


Aqueles que acompanham este blog saberão há muito que tenho um certo fascínio por Ed Wood e por Tim Burton. Nada melhor do que juntar os dois e ter o enorme prazer (tantas vezes já repetido) de ver Ed Wood, o filme que conta a história daquele que muitos consideram o pior realizador de sempre do mundo do cinema. Com Tim Burton na direcção e com Johnny Depp encarnando Ed Wood, what could go wrong? Nada, pois claro. O filme é, até hoje, um dos que mais considero da cinematografia do norte-americano. O filme é ainda responsável por ter feito as pazes com Martin Landau (que faz de Bela Lugosi), actor que sempre desconsiderei, talvez devido ao facto de nunca ter gostado de Espaço 1999. Se não estou em erro, Martin Landau ganhou um Oscar de melhor actor secundário fazendo de Lugosi, o famoso actor húngaro que foi trilhando carreira em Hollywood na primeira metade do século XX. Falar de Ed Wood, o filme, é falar de uma obra a preto e branco, de um enredo riquíssimo em diálogos, da história de um homem que tinha visão cinematográfica, mas pouco talento. É um filme onde a agonia e o desespero dos sonhos frustrados se torna difícil de suportar, de tão evidente. E é, finalmente, a história da vida de um homem que não podia viver sem vestir, de vez em quando, roupas de mulher. Soberbo.


* Ed Wood (de 1994), nunca chegou a ter edição portuguesa em dvd.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Poema

Se o poema te disser
ao que vem
não o renuncies
antes inclina o corpo
sobre o corpo
do poema
e não o mostres
a ninguém

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tintim em Lisboa

Abre hoje a loja Tintim, em Lisboa. E eu, com mil milhões de mil macacos, fui convidado para a inauguração!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Close Up


Estou decidido a voltar a usar a pasta dentífrica Close Up. Quem viveu em Portugal nos anos 70 lembra-se desse dentífrico, seguramente. Estava disponível em duas versões, uma verde e outra vermelha, a minha preferida. Sabia a canela e isso marcava a diferença. Já há muito que não se encontra à venda no nosso país, o que é uma pena. Queria voltar ao tempo em que os sorrisos tinham um aroma melhor. Queria mesmo!

* este post inaugura uma nova etiqueta neste blog

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Poema

Uma árvore ao meu jeito
com palavras que edifiquem
um sonho antigo
e desfeito

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Poema

Estou a sós com as palavras
e sinto-as moverem-se
(de tão íntimas)
debaixo da pele
dos meus sentidos

Que caminhos seguirão depois 
nos versos que forem escritos?

domingo, 29 de novembro de 2009

Poema

Só há uma maneira de viver:

abre a janela mais íntima
do mais íntimo de ti
e deixa-te levar
no mergulho que procuras

sábado, 28 de novembro de 2009

I want them all, please!!!



Nunca fui apreciador de selos, mas para o próximo ano, em Inglaterra, o Royal Mail vai fazer com que mude de opinião.



* os 10 selos da colecção podem ser vistos aqui.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Poema

O Outono mostra-se agora
no agasalho alado do teu corpo
ficando no chão do tempo que passou
as raízes que farão de nós
Homens ao sol da vida

O resto é sombra
de algum ponto de partida

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Hank Mobley

Ah, as surpresas da vida!!! Por mero acaso, e muito recentemente, travei conhecimento com Hank Mobley. O impacto foi imediato e promete ser duradouro. É mais um nome de um gigante do jazz que se cruza com os meus tímpanos. Hank Mobley não teve uma vida fácil. A droga ditou-lhe um destino trágico, como aliás quase sempre dita. Mas, no seu legado, o saxofonista deixou-nos (sim, o plural já faz sentido há muito tempo para muita gente) presos ao vício de o ouvir com o espanto que somente os grandes merecem. Ouçam Soul Station e perceberão o que aqui vos escrevo. Para além do som, a estética de algumas capas da Blue Note Records ajudam à festa. E assim, com os sentidos à flor da pele, façamos um brinde a quem celebrou o dom do sopro que a vida lhe deu, para nosso contentamento. Cheers, Hank!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sim, é mesmo isso!



O sonho americano e o sonho português!
(apesar de hoje ser terça-feira)

Poema

Tenho na língua 
o sabor fresco 
das palavras
soltas ao prazer
de serem livres
sem nunca 
deixarem
de ser minhas

Palavras de luz
(matutinas)
no seu íntimo
gestantes
e ao mesmo tempo
meninas

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

I'm livin' in a BOX

A Box - The Catalogue - dos Kraftwerk, já cá canta! 
E é uma autêntica maravilha de som e imagem. 
Um objecto magnífico!

A capa da box



Artwork de Autobahn (expanded LP size)



Artwork de Trans Europe Express (expanded LP size)



Artwork de The Man-Machine (expanded LP size)



Os 4 primeiros cds em formato digipack (com capas diferentes das originais)



Os 4 seguintes cds



A contra-capa da Box


O que é preciso para fazer um homem feliz?
Pouco, muito pouco. Entre tantas outras coisas...

Poema

Corre o boato
que somos novos
e que corremos de mão dadas
num mundo que alguém
inventou para nós

Talvez assim
o dia amanheça
sem que saibamos
o que aconteceu
às nossas vidas

domingo, 22 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dupla maldição!



Blake & Mortimer estão de volta com a aventura La Malédiction des Trente Deniers ( A Maldição dos Trinta Denários). Como muitas vezes acontece, a aventura ocupará dois volumes. Desta vez a acção começa na ilha grega de Peloponeso, onde depois de um ligeiro terramoto, um cofre contendo os trinta dinheiros de Judas fica a descoberto. Este é o ponto de partida do primeiro volume que chega hoje a Portugal, publicado pelas Edições Asa.
Durante a feitura dos livros, o desenhador René Sterne sofreu um ataque cardíaco fulminante (2006), pelo que na capa destas obras constarão, pela primeira vez, três assinaturas: a de René, bem como as de Van Hamme e a de Chantal de Spiegeleer, mulher do malogrado Sterne. La Malédiction des Trente Deniers traz, por isso, uma carga sentimental acrescida. Mais um clássico da dupla de personagens criadas por Edgar P. Jacobs? Claro que sim!

* o livro com capa exclusiva à venda nas lojas FNAC é mostrado por baixo destas linhas 

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poema

Perde-te nos caminhos
que quiseres
porque todos os caminhos
vão dar ao coração
que bate por ti

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Se me beijares agora beberás a saliva deste outono

Conheces o sabor das águas das fontes? A sua sublime frescura ? Faço-te a pergunta porque nem sempre sei dar-te a resposta pretendida. Há dúvidas que nunca nos largam, raios de sol que nunca nos atingem, arrepios gélidos que nos invadem o corpo sem que isso nos convenha. Conforme os dias, assim vai correndo o tempo que neles habita: umas vezes poeira, outras vezes água límpida das fontes que vivem dentro de nós.

* esta imagem foi retirada do blog Olhar Macro

terça-feira, 17 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

+2, uma vez mais

Imã é o título do novo trabalho do projecto +2. Desta vez nenhum dos três músicos assumiu a liderança do disco. Moreno Veloso, Domenico e Kassin oferecem-nos um álbum diferente dos três anteriores. Trata-se de uma trilha sonora (hoje apeteceu-me usar o brasileirismo) feita por encomenda para um bailado do Grupo Corpo. As texturas sonoras, a quase ausência de vocalizações, os ritmos que ora aceleram, ora travam o ímpeto das melodias (quando as há), a audácia das composições, a diversidade rítmica, o experimentalismo nada gratuito, e sobretudo um requintado bom gosto, fazem de Imã um sério candidato a um dos melhores discos deste ano. Tenho-o ouvido em repeat, tenho entrado na onda, tenho sido compulsivamente atraído por este Imã sonoro, sem que me queixe dos efeitos secundários desta nova dependência. Experimentem e verão que concordam com o que digo neste post.

* este disco foi-me enviado pela minha amiga Cândida, do Grupo Corpo

sábado, 14 de novembro de 2009

Super-sedução


As mulheres nunca brincam aos super-heróis!

* as tiras do Seu Edibar são maravilhosas. Obrigado, Jorge.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Poema

Sossega a esperança
acalma o ímpeto

os pássaros não voam
no vento que não for o seu

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Este texto é para si, Cândida!


Foi por um feliz acaso que conheci Maria Cândida. Infelizmente, o conhecimento a que me refiro é apenas virtual, visto que nunca nos encontrámos, senão através da escrita na net. Maria Cândida é brasileira e trabalha na companhia de dança contemporânea que dá pelo nome de Grupo Corpo. Desde os primeiros contactos que percebi estar na presença de um ser humano de excepção. Digo-o com a humildade de quem não vê no elogio nenhum exagero ou favor, muitas vezes típicos da amizade. Em conversa recente confessei-lhe a vontade sincera que tenho em conhecê-la pessoalmente. "Talvez um dia", respondeu-me. Mas hoje, através do correio, chegou-me às mãos mais um bocado da sua gentileza, da sua amabilidade oceânica, e isso fez-me ganhar o dia, ao mesmo tempo que me comoveu. E de seguida, a sensação de estar em falta, de estar imensamente sensibilizado pelo seu gesto, sem que aja ao meu lado um rosto onde pousar dois beijos agradecidos. Por isso, porque a ausência terá sempre uma forma de ser contornada desde que assim queiramos, escrevo estas linhas só para si, imaginando que ficará satisfeita por ter sido responsável pelo contentamento que iluminou o meu dia. Muito obrigado, Cândida! Um beijo maior que tudo, e para sempre!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Poema

Sempre pensei
em como acabar de vez
com o tédio

Hoje sei
que o que pensava
era a razão
daquilo
que me entediava

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema

Só quando o tempo
quiser fazer de mim
seu companheiro
serei capaz de abraçar
o mundo inteiro

sábado, 7 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Poema

Eu nunca adormeço
nos lençóis da noite

antes procuro nela
o tempo indisponível
o momento inoportuno
e indistinto
que existe no instante
em que os olhos ameaçam
pertencer a um outro corpo
feito de escuridão e estrelas

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"É que Narciso acha feio o que não é espelho" - I

Este post não é um exercício de narcisismo. Quem me conhece sabe bem que o que escrevi na frase anterior é bem verdade. O que estas linhas (e a imagem, bem entendido) representam, mais não é do que a minha vénia ao mundo da Apple: iPhone, iBook, iMac, iPod e afins. Esta imagem, de uma série de 4 que irão aparecendo nos próximos dias, foi tirada no iPhone do meu cunhado. E assim, há museus imaginários que se tornam realidade...

* o título deste post é um verso da canção Sampa, de Caetano Veloso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Poema

Mais do que o amor
as palavras que o descrevem
argutas e certeiras
as palavras deste amor
mas tão ténues e constantes
que perturbam e enlouquecem

Florença, Piazza della Signoria, 06/10/2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Elizabeth Vagina

Tenho o silêncio em muito boa conta. Há mesmo momentos em que não prescindo da dose certa desse vazio, digamos assim. Por isso, tenho ainda em melhor conta o silêncio musicado deste disco. Chama-se Elizabeth Vagina e é o segundo projecto de Queen Elizabeth. Julian Cope e Thighpaulsandra gravaram-no em 1997 e referiram-se ao disco como 5 Neo-Republican Studies of the Great Goddess Rising. É um disco duplo, de tiragem limitadíssima, uma das raridades da minha já extensa colecção. Tenho-o a dobrar: as duas edições que foram feitas de Elizabeth Vagina (a de edição limitada a que me refiro, e também a outra, de 2002, e que ainda se pode adquirir com facilidade, e cuja capa vos deixo aqui ) são bens preciosos, sobretudo para aqueles momentos onde o silêncio é necessário, imperativo, quase sempre durante certos períodos da noite em que toda a casa dorme e em que o vazio ganha uma dimensão física quase insuportável. Nesses momentos, Elizabeth Vagina consegue manifestar o seu máximo propósito: permitir que o ouvinte pertença a um outro espaço, a um outro tempo que não tem nome nem lugar.

domingo, 1 de novembro de 2009

António Sérgio

António Sérgio deixou-nos ontem à noite. Fiquei triste com a notícia da morte do nosso John Peel. Não posso dizer que eduquei (exclusivamente) o meu gosto musical a ouvir o Som da Frente. Também não o eduquei (exclusivamente) a ouvir o Lança Chamas, por exemplo. Mas de uma coisa estou cada vez mais certo: aquela voz (que sempre me pareceu ser a voz de um profeta) deixou-me pistas que ainda hoje sigo, rendido ao estranho encanto que é ouvir com gosto aquilo que muitos dizem ser impossível de gostar. Parece-me que António Sérgio viveu com uma missão: a de tornar audível o lado menos óbvio da música, o lado que foge ao cantarolar que aqueles que não gostam de música mais adoram na música. E por isso devemos-lhe todos um sonoro e musical Obrigado.

Poema

Não te tenho visto
nos passeios da vida que nos deste
nem tampouco sinto
a tua presença costumada

Talvez os horizontes sombrios
inebriem o teu riso luminoso
ou o olhar que se abre
com o começo da manhã

Não te tenho ouvido a voz
que ecoa nas vozes dos outros
nem sentido o teu toque
(pequenas formigas
no carreiro da pele)

Apenas o vazio sem futuro
o caminho que não leva
a outro lado que não seja
o outro lado que procuro

sábado, 31 de outubro de 2009

25 anos de Blitz

A revista Blitz - que começou por ser jornal - faz 25 anos! Num país onde a divulgação musical é precária em termos de quantidade e qualidade, há que saudar este aniversário, embora discordando com a orientação de tendência mainstream que a caracteriza. Mesmo assim, acho que é justo dizer que a revista Blitz vai melhorando com o correr dos tempos. Parabéns, Blitz!!!

* a imagem que ilustra este post não faz jus à excelência da capa da publicação, em tons de prata e com um brilho muito especial que não deixará ninguém indiferente.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Serviço Público

O novo disco de Tom Waits está para breve. Enquanto não chega Glitter and Doom (disco duplo ao vivo, sendo que o primeiro cd regista várias das canções que foi gravando na sua mais recente digressão, enquanto que o segundo regista pequenas histórias que Tom Waits foi contando entre as canções dos alinhamentos dos concertos), aqui fica um presente auditivo do próprio Waits: é só fazer um click aqui e cumprir com o que vos pedem.
Ora isto é que é serviço público de qualidade!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Poema da eterna juventude

Disseram-me que a noite
trouxe sangue
e mostrou o lado mais negro
das estrelas que existem
no céu da cidade

Disseram-me e eu acreditei
apenas porque é uma história
que vai bem com a minha idade

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vespertine

Há já algum tempo que as portas deste Museu não se abriam. Abrem-se hoje para festejar um som encantado, feito por uma pequena islandesa também encantada, graciosa e estranha, capaz de me deslumbrar (como é o caso) ou de me aborrecer até à medula ( a palavra medula não é inocente neste contexto, como se aperceberão os que conhecem bem a obra da artista). Falo-vos de Bjork e do seu Vespertine, disco cujo título inicialmente previsto era Domestika, que também lhe assentaria bem. O que me agrada em Vespertine é a sua candura, a sua aura de leveza, de confluência de sentidos (é, de facto, um disco onde as canções têm um perfume próprio, um paladar muito específico, uma capacidade única de nos tocar de forma quase táctil). Aqui não temos as gritarias quase descontroladas que são uma das imagens de marca da senhora Bjork. Vespertine é uma brisa fresca vinda do gelo que intensamente habita cada canção, mas apenas fresca e nunca gélida ao ponto de nos deixar indiferentes. No coração das canções de Vespertine há uma pequena chama que nos orienta por caminhos belos e sensuais. Canções como It's Not Up To You, Pagan Poetry ou Hidden Place podem provocar pequenos milagres em nós. E eu sei bem do que falo...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Poema

Talvez tenha razão
aquele que não vê o mar
debaixo da embarcação

O olhar maior
é o que vê em frente
sem nunca reparar
no chão

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

À moda antiga

Por mero acaso - e isso fez da descoberta uma coisa ainda mais maravilhosa - fui ter a esta loja de discos à moda antiga. Que paraíso! Por mim teria ficado horas perdidas naquelas salas (e eram umas 4 ou 5) repletas de discos de vinil e cds, embora estes em pouca quantidade. Comprei, ainda selado, uma cópia de Fried, do meu adorado Julian Cope. Uma edição magnífica, em vinil de 180 gramas, por apenas 10 euros. Ganhei o dia, claro está. Não fosse a pressão para irmos ao nosso caminho pelas ruas da cidade de Florença, e teria ficado até ao fecho da loja. Tirei algumas fotos, como as que mostro aqui, e ficou-me a vontade de voltar aos tempos em que os discos tinham um formato maior e eram transportados debaixo dos braços.