sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

JL

O JL publicou esta semana (dia 28) a sua edição número 1ooo. É um milagre, não tenho dúvidas. Já fui leitor assíduo, deixei de ser, vou lendo quando os assuntos de capa não me deixam outra alternativa. De 15 em 15 dias deito-lhes os olhos. Esta edição "milenária" não me escapa. Parabéns, JL.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Poema

Logo eu que sou tão infantil
e me divirto com os cabelos verdes que não tens
e com o tamanho das tuas pernas
que tenho na cabeça olheiras rubras de cansaço
logo eu que sou tão doentio
e encontro o inferno em cada ruga que não tens
e tenho os ombros a pender para a gravidade
que tenho um sinal no rosto e não sei como arrancá-lo
logo eu que sou tão imbecil
que confundo a vida
com o que vem no calendário...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Paseo de La Castillana (o coração em Madrid, parte III)

O Paseo de La Castellana não tem fim, mesmo quando termina. Parece não terminar nunca, e isso sabe sempre bem a quem a visita. Passear horas a fio custa tão pouco! Passear na Castellana ainda custa menos, mesmo com um frio cortante a dar-nos as boas-vindas.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Poema

Nada termina
nada começa
o tempo é uma vida sem meta
e de cada curva nasce uma recta

*texto feito para comentar o encerramento do blog da Sofia

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

"Dos bocadillos y dos cañas, por favor" (o coração em Madrid, parte II)

O bocadillo (lê-se "bocadilho", como sabem) é uma simples sanduíche (leia-se "sandwich", que soa sempre melhor) à base de pão de trigo, em forma de baguete. Nada de especial, como se vê. Mas a verdade é que comemos bocadillos desenfreadamente! Com jamon e/ou queso, não havia nada que nos soubesse melhor. Rigorosamente nada! A acompanhá-los, uma caña de Mahou (cerveja corrente, mas sempre com gás, o que é difícil de encontrar por cá). Nada mais. Assim se fazia a festa nas nossas bocas!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Poema

Era a noite que dormia
por sobre as nuvens do tempo

E era eu que amanhecia
no murmurar do momento

Noite e dia contemplados
quando acorda o sentimento

sábado, 24 de janeiro de 2009

O meu filho

Ontem, ao ler a folha das avaliações escolares obtidas no primeiro período, o meu filho deparou-se com uma expressão que não conhecia, e perguntou:

- O que quer dizer "Expressa-se com Clareza"?

Como ninguém lhe respondeu de imediato, ele disse:

- Já sei, é para saber se eu faço desenhos com cores claras, não é?

Temos poeta!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

La Plaza Mayor (o coração em Madrid, parte I)

A Plaza Mayor é um local mágico. Ou quase. Vimo-la completamente vazia, ao cair da tarde, e completamente cheia, a meio da noite. Movimento, música, gente jovem, menos jovem, vivendo a magia (ou quase) daquele local. A Plaza Mayor fica a 20 minutos (ou quase) do hotel onde ficámos. Por ela passámos inúmeras vezes durante os 4 dias (ou quase) em que estivemos em Madrid. E ficou-me até hoje a impressão que essa Plaza Mayor é um lugar perfeito (ou quase) para abraços sentidos, primeiros beijos, juras de amor. Ainda lá tenho os pés, o coração, o corpo inteiro. Ou quase.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Frames

Um gemido.
Uma estrela a percorrer o céu.
Uma mulher.
Um sonho alado.
Do outro lado, um homem.
Apenas isso.
Depois um pingo de sangue.
Um beijo que sempre tardou.
Um olhar intenso.
E o filme terminou.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tarot musical


Todos sabemos: nem sempre a música serve para cantarmos as suas letras ou para dançarmos. Por vezes a música serve para nos "encontrarmos". Há um tipo de música (música difícil, mais exigente, digamos assim) que desde há muito me fascina e que já me fez viver horas de enorme prazer: o reencontro (mesmo que seja connosco mesmos) é sempre algo prazeroso. Daí que valha a pena partilhar...
Walter Wegmuller gravou Tarot em 1972. A Ohr Kosmische Kuriere editou-o no ano seguinte. É um disco duplo, felizmente. Walter Westrupp, Klaus Schulze, Manuel Gottsching e, é claro, Walter Wegmuller são algumas das feras que tocam neste disco. Tarot não é bem um disco, é mais um estado de espírito em forma de música. Krautrock, mais kraut do que rock, if you know what mean! A sua beleza maior reside no facto de nos entrar pelo corpo, no sangue, nos ossos, até aos capilares. E é repousante, minimal, incapacitante, porque não nos permite ter atenção a mais nada enquanto rodam os seus sons. Aliás, quando se ouve música não se deve fazer mais nada, como sabemos. Ouvir música não é uma actividade passiva. Tudo em mim flui quando ouço Tarot. Sei que não devo abusar. É assim com tudo, é assim com Tarot. Aproveitem e experimentem: as cartas estão lançadas...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?


Já se sabe qual o título do romance que António Lobo Antunes vai publicar este ano. Chamar-se-á Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?

"Ontem, no fim do almoço das quintas-feiras no restaurante onde me junto a um grupo de amigos, o Vitorino e o Janita Salomé cantaram uma moda de Natal onde, a propósito dos Reis Magos, a letra pergunta que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? Eles dois um grupo inteiro, a voz do Janita borda por cima da voz do irmão e nós a escutarmos, encantados. Estes dois versos não me largam: que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? Gostava de usá-los como título de um livro: tocaram não sei onde, no mais fundo de mim, e eu comovido como tudo, com lágrimas dentro. Porquê? Vou repeti-los mais uma vez dado que não cessam de perseguir-me: que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?"

*este é apenas o excerto de uma crónica publicada na revista Visão.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Voltei

Tengo El Corazón Ibérico
(nos próximos dias há imagens e texto a propósito)

A névoa do olhar

Seguiam um atrás do outro. Indiferentes à névoa dos meus olhos, seguiam os caminhos que os seus corações mandavam, entretidos em serem crianças e apenas isso. É essa a magia desse tempo que parece não ter fim. Ser criança, ter a eternidade fechada nas mãos, sem receio de poder abri-las. Sinto-me velho e por isso os meus olhos turvam-se ao contemplar a infância dos outros. Olhos de água e névoa. Olhos que já não vislumbram o sol que os faz seguir em frente na cegueira de viver.

* esta imagem foi-me cedida por Kid Calamity, meu amigo inglês.

They moved one after the other. Indifferent to the mist of my eyes, they followed the paths of the heart, engaged in being children, just that. That's the real magic of that time which seems endless. To be a child, to enjoy eternity trapped in one's hands, having no fear of opening them wide. I feel I'm getting old and so my eyes get dimmer while regarding the others' childhood. Eyes of water and mist. Eyes that no longer behold the sun that makes them go forward in the blindness of living.

* this image was given me by Kid Calamity, my english friend.

** mais uma vez: obrigado, Ana.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Poema

E se as palavras
fossem crianças a brincar por nós?
coisas simples e risonhas
guardadas no peito e nas mãos...
palavras que usarias
em qualquer ocasião
desde que fossem crianças
no lugar do coração

sábado, 17 de janeiro de 2009

Há portas que (nunca) se devem abrir...

Um dos filmes mais esperados por mim em 2009 é Coraline, filme de animação de Henry Selick (colaborador de Tim Burton em O Estranho Mundo de Jack) que chega aos cinemas a 19 de Fevereiro, mas não por cá, apenas nos States. Coraline é uma rapariga que entra por uma pequena porta da sua nova casa e encontra uma versão alternativa da sua própria vida. O problema surge quando os seus novos pais querem retê-la para sempre nesse seu novo mundo... Este é o terceiro grande projecto de Henry Selick, sendo o anterior o magnífico James e o Pêssego Gigante, adaptação do célebre clássico de Roald Dahl. O livro no qual se baseia Coraline está editado em Portugal desde 2004, pela Presença, e foi escrito por Neil Gaiman. Se quiserem espreitar o trailer vão ficar tão entusiasmados como eu, seguramente...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

De mãos dadas

Olha, se me deres a mão não tens de ter medo de nada! Mesmo que os monstros do bosque apareçam à nossa frente, nós teremos muita força se estivermos de mãos dadas. Isso, assim não custa mesmo nada. De mãos dadas e juntinha a mim. Não te parece melhor assim? Agora podemos avançar. Já nada nos pode fazer mal. Porque, no fundo, não há monstros neste bosque. Noutros, talvez. Mas não te preocupes. Se algum aparecer, fechas os olhos, como eu, para não o veres.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Poema

Ando cansado das palavras
das suas sombras
em direcção ao sol

Que fossem noite por dentro
manto que tudo tapa
lençol

E pouco ou nada dissessem
fossem só respiração
ou quase vida

Talvez assim não doessem
as palavras que fizessem
os versos de despedida

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Madrid


Mañana me voy a Madrid. Vuelvo domingo.

(no entanto, haverá postagens novas todos os dias, como é habitual)

Hasta la vista!

O meu MOJO BOOK (uma vez mais...)

Não posso deixar de colocar aqui o link para fazerem o download directo (em pdf) do meu livro publicado na Mojo Books. br
Tenho, obviamente, de agradecer ao Jorge por mais este gesto de amizade. Está aqui.

Weeds

Ando mal. Ando sem WEEDS. Não sei mesmo o que fazer! As quatro séries existentes estão vistas e revistas. A quinta ainda nem começou nos States. O que faço agora?!



Quem ainda não sabe ou não viu a série WEEDS e quer ficar mal como eu, faça o favor de se viciar...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Araçá Azul

Vem este texto a propósito de uma morte: a de Edith do Prato. Mas não só. Também, e acima de tudo, a propósito do disco em si mesmo, obra prima que prima por se distinguir de tantas outras pelo avesso do que geralmente apreciamos nas grandes manifestações de génio. Mas deixemos o tópico da morte lá mais para o fim destas linhas, porque é tempo de celebrar a estranha vida de Araçá Azul.
Não adianta muito dizer o que é Araçá Azul. Esse estranho objecto sonoro é inclassificável. Há conversa ( e pouco se percebe do que é dito enquanto decorre), há melodias presas por um fio sonoro frágil, há Caetano a bater no seu próprio peito em jeito de ritmo primitivo, há loucura suficiente para Araçá Azul ter ficado na história da MPB como o disco que mais devoluções proporcionou à sua editora, a Philips. Mas também há Cravo e Canela ("ê, morena, quem temperou, / cigana, quem temperou, o cheiro do cravo", de Milton e Ronaldo Bastos). Como há também Gilberto Misterioso, canção ladainha que nos fica na memória pela estranheza do pequeno poema de Caetano e Souzândrade; Tu Me Acostumbraste, magnífica canção que aparece no disco como se a estivéssemos a ouvir através de um velho rádio de pilhas... E ainda Júlia/Moreno, Sugar Cane Fields Forever e Araçá Azul, a faixa que dá título ao trabalho e que fecha o disco da melhor maneira. É uma mini-canção perfeita, um poema perfeito a terminar aquele que é o disco assumidamente mais experimental do mano Caetano.
Desde os meus 13, 14 anos que uma assonância melódica me habita a memória: "sou um mulato nato/ no sentido lato/ mulato/ democrático do litoral". Quem nunca ouviu Araçá Azul não merece perdão. Mesmo que saiba antecipadamente que o disco não é pêra doce: é araçá azul.

Edith Oliveira (Edith do Prato, como era mais conhecida por usar um prato e uma faca como instrumentos) morreu dia 9 deste mês. Mãe de leite de Caetano Veloso, Edith Oliveira participou no disco Araçá Azul, de 1973. No seu site Obra em Progresso, Caetano escreveu sobre Edith do Prato. O texto pode ser lido aqui. Vale bem a pena.

* a designação deste novo tag deriva do título da peça teatral de Nelson Rodrigues (1965) e do filme de Arnaldo Jabor, Toda Nudez Será Castigada (1973), de que gosto particularmente.

** Toda Surdez Será Castigada é também nome de uma canção da Nação Zumbi, bem como nome de blog.

*** Toda a Surdez Será Castigada passa agora a ser também nome de tag neste blog, dedicado a discos menos conhecidos, digamos assim.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Até queimar

Deixa o fogo para depois. Mesmo que não queiramos, consumir-se-á a si mesmo, como nós. Talvez quando o frio apertar nos lembremos dele a queimar-nos o que sobrava do que fomos: coisas de acender, fogueira em lume lento, chama branda. Se um dia um outro fogo nos preencher as almas, que seja o derradeiro. Que nos queime até às cinzas e que venha o vento depois para soprar no ar o nosso antigo paradeiro.

* esta imagem foi-me cedida por Moon Cat, meu amigo inglês.

Forget about the fire. Even if we don't want, it will vanish and so will we. Maybe when it gets colder we're going to remember it, burning what is left of what we were: a lighting device, a gentle fire, a soft flame. If one day another fire fills our souls, let it be the last one. May it reduces us to ashes for the wind to come and blow our ancient destiny away.

* this image was given me by Moon Cat, my english friend.

** muito obrigado à minha amiga Ana. A tradução ficou melhor do que o original!

domingo, 11 de janeiro de 2009

Naquele tempo

Naquele tempo, brincar não era apenas brincar. Era viver. Era ser feliz. Naquele tempo os dias eram maiores porque eram felizes e porque brincávamos. Brincávamos para sermos felizes. E se não brincávamos (naquele tempo, de vez em quando, chovia muito e não saíamos de casa) éramos felizes na espera de brincarmos. E esperávamos pacientemente até que surgisse um balão de sol no ar lá de fora para brincarmos e sermos felizes. Não custava nada a vida naquele tempo. Era só encher os pulmões de ar.

sábado, 10 de janeiro de 2009

O meu herói de sempre


Tintim faz hoje 80 anos!

E não me convidou para a festa...
Deve ser da idade: esqueceu-se.
Feliz aniversário, amigo Tintim!

Acabou Chorare

Início dos anos 70. No Brasil, a Tropicália ditava as suas leis. Um grupo da contracultura formado por Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão lançava o seu segundo longa duração: Acabou Chorare. Mais de trinta anos passados, a história fez a justiça de considerar Acabou Chorare um dos discos mais influentes de sempre da música popular brasileira. O disco mistura magistralmente laivos de bossa nova, rock, baião e tropicalismo. Canções como Preta Pretinha, Besta é Tu, A Menina Dança, Tinindo Trincando, Mistério do Planeta e Acabou Chorare fazem deste segundo esforço da banda um trabalho verdadeiramente exemplar. Um clássico. E por isso, vale pouco a pena dizer muito mais sobre o disco. Ouvi-lo é uma aventura surpreendente. Mesmo que já nos tenhamos aventurado nele dezenas de vezes...

* esta é a capa original. A capa do cd que facilmente se encontra entre nós, pode ser vista aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Poema

(as mãos presas
ao papel
delicadas linhas
estendidas
a lugar nenhum

sempre assim
até nascer
o poema que existiu
em sítio algum)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Terra estranha

Era uma terra estranha. Tudo parecia ser o que não era, uma vaga impressão de qualquer coisa. No limite, a imagem que se repetia na minha cabeça, indiciava uma forma estranha de existência. Talvez um momento imaginado, uma página de um livro, cena de filme... Não sei. Ou talvez a visão do mundo contemplando a minha ausência.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Squeeze - East Side Story

Estávamos em 1981. A New Wave invadia as rádios, mas nem sempre com propostas interessantes. O que não é o caso de East Side Story, dos Squeeze. Lembro-me como se fosse hoje de comprar o disco na loja a que ia habitualmente, no Monte Abraão, em Queluz. Era a única que por lá havia, aliás. Na Rádio Comercial (julgo que no programa TNT) ouvi a canção Is That Love e foi amor à primeira audição. O dinheiro das mesadas fez o resto. Já com o álbum em casa, East Side Story revelou-se um disco extraordinário. Num ápice, novas canções começaram a fazer parte do meu dia-a-dia. Temas como In Quintessence, Someone Else's Heart, Woman's World, Vanity Fair, Mumbo Jumbo, e principalmente as superlativas Tempted e Labelled With Love, nunca mais me sairam da cabeça. Ainda hoje sou capaz de as ouvir com enorme prazer. Ainda hoje me lembro das letras dessas canções. E depois, o fascínio da capa, em vinil, bom de levar debaixo do braço!!! Aquela inclinação da imagem da capa sempre me fascinou, vá lá saber-se porquê!
East Side Story é um disco pop-rock sem grandes vergonhas. Honesto, feito de belíssimos temas e de grandes arranjos. As letras das canções estão muitos furos acima do que vulgarmente se via (e ouvia) em discos do género. Não foi por acaso , embora exageradamente, na minha opinião, que Chris Difford e Glenn Tilbrook (as almas criativas da banda) foram considerados por alguns media, os novos Paul McCartney e John Lennon dos anos 80. Por tudo isto, East Side Story, dos britânicos Squeeze, está presente neste tão pessoal Museu dos Melhores Discos do Séc. XX.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Poema visual


irregular flow from 4khz on Vimeo.

Um vento frio.
A memória da pele.
Os dedos em contra-mão.
Uma mulher.
O resto é memória escrita
de um tempo que ninguém quer.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

História de Amor


A SHORT LOVE STORY IN STOP MOTION from Carlos Lascano on Vimeo.

As histórias de amor são sempre curtas, mesmo quando duram uma vida inteira. Permanecem, e são, por isso mesmo, passageiras...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Poema

É inútil a raiz
que nos prende

a vida ao sol é tão intensa
e passageira

uma criança olha-me nos olhos
e neles revejo a vida inteira

sábado, 3 de janeiro de 2009

Poema

Curioso mundo

uma só pessoa
é também um mundo
e nesse mundo
outros gravitam

são pequenas luas
pequenos planetas
a entreter um sol
quente e profundo

Curioso mundo

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Salvem os ricos

Poema

lembro-me da mão estendida
dos poros cobertos de alegrias finas
dos joelhos enterrados na areia
e do sol profundo
colorindo uns olhos claros de menina

o dia era um mistério
que de repente acontecia
ao redor dos nossos corpos

lembro-me das pernas nuas
elegantes e compridas
também cobertas de areia

lembro-me de tudo isso
sem ter a menor ideia

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Poema

Maio chegou
com os teus passos
misto de riso
e cansaço
de um tempo que teve fim

Maio chegou
nos teus braços
e ficou dentro de mim
(é Maio que agora dita
os passos de sol
e brilho
que aprendi a dar contigo)

Maio és tu
por todo o lado
é o amor arrebatado
das horas
que estás comigo


Novo Ano


São mais 365 dias, não é verdade?
Então vamos lá a isto...