segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Poema

Estou a sós com as palavras
e sinto-as moverem-se
(de tão íntimas)
debaixo da pele
dos meus sentidos

Que caminhos seguirão depois 
nos versos que forem escritos?

domingo, 29 de novembro de 2009

Poema

Só há uma maneira de viver:

abre a janela mais íntima
do mais íntimo de ti
e deixa-te levar
no mergulho que procuras

sábado, 28 de novembro de 2009

I want them all, please!!!



Nunca fui apreciador de selos, mas para o próximo ano, em Inglaterra, o Royal Mail vai fazer com que mude de opinião.



* os 10 selos da colecção podem ser vistos aqui.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Poema

O Outono mostra-se agora
no agasalho alado do teu corpo
ficando no chão do tempo que passou
as raízes que farão de nós
Homens ao sol da vida

O resto é sombra
de algum ponto de partida

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Hank Mobley

Ah, as surpresas da vida!!! Por mero acaso, e muito recentemente, travei conhecimento com Hank Mobley. O impacto foi imediato e promete ser duradouro. É mais um nome de um gigante do jazz que se cruza com os meus tímpanos. Hank Mobley não teve uma vida fácil. A droga ditou-lhe um destino trágico, como aliás quase sempre dita. Mas, no seu legado, o saxofonista deixou-nos (sim, o plural já faz sentido há muito tempo para muita gente) presos ao vício de o ouvir com o espanto que somente os grandes merecem. Ouçam Soul Station e perceberão o que aqui vos escrevo. Para além do som, a estética de algumas capas da Blue Note Records ajudam à festa. E assim, com os sentidos à flor da pele, façamos um brinde a quem celebrou o dom do sopro que a vida lhe deu, para nosso contentamento. Cheers, Hank!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sim, é mesmo isso!



O sonho americano e o sonho português!
(apesar de hoje ser terça-feira)

Poema

Tenho na língua 
o sabor fresco 
das palavras
soltas ao prazer
de serem livres
sem nunca 
deixarem
de ser minhas

Palavras de luz
(matutinas)
no seu íntimo
gestantes
e ao mesmo tempo
meninas

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

I'm livin' in a BOX

A Box - The Catalogue - dos Kraftwerk, já cá canta! 
E é uma autêntica maravilha de som e imagem. 
Um objecto magnífico!

A capa da box



Artwork de Autobahn (expanded LP size)



Artwork de Trans Europe Express (expanded LP size)



Artwork de The Man-Machine (expanded LP size)



Os 4 primeiros cds em formato digipack (com capas diferentes das originais)



Os 4 seguintes cds



A contra-capa da Box


O que é preciso para fazer um homem feliz?
Pouco, muito pouco. Entre tantas outras coisas...

Poema

Corre o boato
que somos novos
e que corremos de mão dadas
num mundo que alguém
inventou para nós

Talvez assim
o dia amanheça
sem que saibamos
o que aconteceu
às nossas vidas

domingo, 22 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dupla maldição!



Blake & Mortimer estão de volta com a aventura La Malédiction des Trente Deniers ( A Maldição dos Trinta Denários). Como muitas vezes acontece, a aventura ocupará dois volumes. Desta vez a acção começa na ilha grega de Peloponeso, onde depois de um ligeiro terramoto, um cofre contendo os trinta dinheiros de Judas fica a descoberto. Este é o ponto de partida do primeiro volume que chega hoje a Portugal, publicado pelas Edições Asa.
Durante a feitura dos livros, o desenhador René Sterne sofreu um ataque cardíaco fulminante (2006), pelo que na capa destas obras constarão, pela primeira vez, três assinaturas: a de René, bem como as de Van Hamme e a de Chantal de Spiegeleer, mulher do malogrado Sterne. La Malédiction des Trente Deniers traz, por isso, uma carga sentimental acrescida. Mais um clássico da dupla de personagens criadas por Edgar P. Jacobs? Claro que sim!

* o livro com capa exclusiva à venda nas lojas FNAC é mostrado por baixo destas linhas 

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poema

Perde-te nos caminhos
que quiseres
porque todos os caminhos
vão dar ao coração
que bate por ti

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Se me beijares agora beberás a saliva deste outono

Conheces o sabor das águas das fontes? A sua sublime frescura ? Faço-te a pergunta porque nem sempre sei dar-te a resposta pretendida. Há dúvidas que nunca nos largam, raios de sol que nunca nos atingem, arrepios gélidos que nos invadem o corpo sem que isso nos convenha. Conforme os dias, assim vai correndo o tempo que neles habita: umas vezes poeira, outras vezes água límpida das fontes que vivem dentro de nós.

* esta imagem foi retirada do blog Olhar Macro

terça-feira, 17 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

+2, uma vez mais

Imã é o título do novo trabalho do projecto +2. Desta vez nenhum dos três músicos assumiu a liderança do disco. Moreno Veloso, Domenico e Kassin oferecem-nos um álbum diferente dos três anteriores. Trata-se de uma trilha sonora (hoje apeteceu-me usar o brasileirismo) feita por encomenda para um bailado do Grupo Corpo. As texturas sonoras, a quase ausência de vocalizações, os ritmos que ora aceleram, ora travam o ímpeto das melodias (quando as há), a audácia das composições, a diversidade rítmica, o experimentalismo nada gratuito, e sobretudo um requintado bom gosto, fazem de Imã um sério candidato a um dos melhores discos deste ano. Tenho-o ouvido em repeat, tenho entrado na onda, tenho sido compulsivamente atraído por este Imã sonoro, sem que me queixe dos efeitos secundários desta nova dependência. Experimentem e verão que concordam com o que digo neste post.

* este disco foi-me enviado pela minha amiga Cândida, do Grupo Corpo

sábado, 14 de novembro de 2009

Super-sedução


As mulheres nunca brincam aos super-heróis!

* as tiras do Seu Edibar são maravilhosas. Obrigado, Jorge.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Poema

Sossega a esperança
acalma o ímpeto

os pássaros não voam
no vento que não for o seu

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Este texto é para si, Cândida!


Foi por um feliz acaso que conheci Maria Cândida. Infelizmente, o conhecimento a que me refiro é apenas virtual, visto que nunca nos encontrámos, senão através da escrita na net. Maria Cândida é brasileira e trabalha na companhia de dança contemporânea que dá pelo nome de Grupo Corpo. Desde os primeiros contactos que percebi estar na presença de um ser humano de excepção. Digo-o com a humildade de quem não vê no elogio nenhum exagero ou favor, muitas vezes típicos da amizade. Em conversa recente confessei-lhe a vontade sincera que tenho em conhecê-la pessoalmente. "Talvez um dia", respondeu-me. Mas hoje, através do correio, chegou-me às mãos mais um bocado da sua gentileza, da sua amabilidade oceânica, e isso fez-me ganhar o dia, ao mesmo tempo que me comoveu. E de seguida, a sensação de estar em falta, de estar imensamente sensibilizado pelo seu gesto, sem que aja ao meu lado um rosto onde pousar dois beijos agradecidos. Por isso, porque a ausência terá sempre uma forma de ser contornada desde que assim queiramos, escrevo estas linhas só para si, imaginando que ficará satisfeita por ter sido responsável pelo contentamento que iluminou o meu dia. Muito obrigado, Cândida! Um beijo maior que tudo, e para sempre!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Poema

Sempre pensei
em como acabar de vez
com o tédio

Hoje sei
que o que pensava
era a razão
daquilo
que me entediava

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema

Só quando o tempo
quiser fazer de mim
seu companheiro
serei capaz de abraçar
o mundo inteiro

sábado, 7 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Poema

Eu nunca adormeço
nos lençóis da noite

antes procuro nela
o tempo indisponível
o momento inoportuno
e indistinto
que existe no instante
em que os olhos ameaçam
pertencer a um outro corpo
feito de escuridão e estrelas

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"É que Narciso acha feio o que não é espelho" - I

Este post não é um exercício de narcisismo. Quem me conhece sabe bem que o que escrevi na frase anterior é bem verdade. O que estas linhas (e a imagem, bem entendido) representam, mais não é do que a minha vénia ao mundo da Apple: iPhone, iBook, iMac, iPod e afins. Esta imagem, de uma série de 4 que irão aparecendo nos próximos dias, foi tirada no iPhone do meu cunhado. E assim, há museus imaginários que se tornam realidade...

* o título deste post é um verso da canção Sampa, de Caetano Veloso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Poema

Mais do que o amor
as palavras que o descrevem
argutas e certeiras
as palavras deste amor
mas tão ténues e constantes
que perturbam e enlouquecem

Florença, Piazza della Signoria, 06/10/2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Elizabeth Vagina

Tenho o silêncio em muito boa conta. Há mesmo momentos em que não prescindo da dose certa desse vazio, digamos assim. Por isso, tenho ainda em melhor conta o silêncio musicado deste disco. Chama-se Elizabeth Vagina e é o segundo projecto de Queen Elizabeth. Julian Cope e Thighpaulsandra gravaram-no em 1997 e referiram-se ao disco como 5 Neo-Republican Studies of the Great Goddess Rising. É um disco duplo, de tiragem limitadíssima, uma das raridades da minha já extensa colecção. Tenho-o a dobrar: as duas edições que foram feitas de Elizabeth Vagina (a de edição limitada a que me refiro, e também a outra, de 2002, e que ainda se pode adquirir com facilidade, e cuja capa vos deixo aqui ) são bens preciosos, sobretudo para aqueles momentos onde o silêncio é necessário, imperativo, quase sempre durante certos períodos da noite em que toda a casa dorme e em que o vazio ganha uma dimensão física quase insuportável. Nesses momentos, Elizabeth Vagina consegue manifestar o seu máximo propósito: permitir que o ouvinte pertença a um outro espaço, a um outro tempo que não tem nome nem lugar.

domingo, 1 de novembro de 2009

António Sérgio

António Sérgio deixou-nos ontem à noite. Fiquei triste com a notícia da morte do nosso John Peel. Não posso dizer que eduquei (exclusivamente) o meu gosto musical a ouvir o Som da Frente. Também não o eduquei (exclusivamente) a ouvir o Lança Chamas, por exemplo. Mas de uma coisa estou cada vez mais certo: aquela voz (que sempre me pareceu ser a voz de um profeta) deixou-me pistas que ainda hoje sigo, rendido ao estranho encanto que é ouvir com gosto aquilo que muitos dizem ser impossível de gostar. Parece-me que António Sérgio viveu com uma missão: a de tornar audível o lado menos óbvio da música, o lado que foge ao cantarolar que aqueles que não gostam de música mais adoram na música. E por isso devemos-lhe todos um sonoro e musical Obrigado.

Poema

Não te tenho visto
nos passeios da vida que nos deste
nem tampouco sinto
a tua presença costumada

Talvez os horizontes sombrios
inebriem o teu riso luminoso
ou o olhar que se abre
com o começo da manhã

Não te tenho ouvido a voz
que ecoa nas vozes dos outros
nem sentido o teu toque
(pequenas formigas
no carreiro da pele)

Apenas o vazio sem futuro
o caminho que não leva
a outro lado que não seja
o outro lado que procuro