Há um forte silêncio
nas palavras cegas
nas palavras mudas
que antecipam o poema
como há também um tempo
em que vale sempre a pena
mostrar que há palavras
surdas mas que por dentro fervilham
com o frescor da alfazema
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Poema
É preciso que morram de novo
e definitivamente
para que vivamos sem eles
ao nosso lado
mais do que quando vivos
Os mortos levam uma vida simples
como a nossa
mais serena no entanto
mas mesmo assim
ainda em nós
e por isso devemos-lhes
uma vida que já não têm
É preciso que morram de novo
para se libertarem
para viverem plenamente
o sentido dos séculos
da morte que lhes roubamos
ao andarmos com eles
de mãos e cabeças dadas
todos os dias das nossas vidas
e definitivamente
para que vivamos sem eles
ao nosso lado
mais do que quando vivos
Os mortos levam uma vida simples
como a nossa
mais serena no entanto
mas mesmo assim
ainda em nós
e por isso devemos-lhes
uma vida que já não têm
É preciso que morram de novo
para se libertarem
para viverem plenamente
o sentido dos séculos
da morte que lhes roubamos
ao andarmos com eles
de mãos e cabeças dadas
todos os dias das nossas vidas
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - VII
Foi com Samba Pra Burro que tudo começou, corria o ano de 99. Depois de aventuras sonoras em formato de banda, como aconteceu com a Nação Zumbi, Otto avançava a solo com um disco muito corajoso. A eletrónica está nos poros de todos os minutos deste trabalho, como estão os batuques dos terreiros, as sínteses do mangue beat, drum and bass, e o samba eternamente brasileiro. Adoro o disco, como adoro a genialidade do título. Samba Pra Burro quer dizer o quê? Muito e bom samba (lembrando a expressão popular que evoca quantidade e excelência de alguma coisa), ou samba para aqueles que, como o próprio músico, não sabem ou não podem fazer samba à maneira antiga e tradicional? Eu opto pela junção de ambas as ideias, claramente. Samba Pra Burro está, na minha opinião, destinado a ser um clássico, um disco de rutura, uma obra fora dos trilhos. Canções como Bob, Low, Tv a Cabo / O Que Dá Lá é Lama, Distraída Pra Morte, Café Preto, Ciranda de Maluco, ou Celular de Naná são geniais, embora possam ser difíceis para ouvidos sem a devida dose de burrice auditiva.
domingo, 28 de outubro de 2012
Corto Maltese, em dose dupla e a cores
Há muito que procurava ter estas edições nas minhas mãos. Tenho, como já referi neste blog, várias edições de Fábula de Veneza, uma delas em italiano, comprada na cidade onde a ação desta fábula se desenrola. No entanto, nenhuma das obras era a cores, como a que tenho agora. A leitura desta nova edição da Fábula revelou-se, sobretudo pela novidade da cor, um prazer enorme. Para além de me colorir a imaginação, coisa que obviamente nunca me havia acontecido, esta Fábula de Veneza contém três textos muito interessantes, à laia de prefácios. Um deles, a abrir o livro, é assinado pelo próprio Hugo Pratt, e já o conhecia. Intitula-se A Herança da Minha Avó, e nele podemos seguir o caminho das memórias do autor, principalmente no tempo em que era criança, guiado pela velha senhora até ao Antigo Ghetto de Veneza, local onde descobriu gente e sítios fascinantes, como o Pátio Secreto, a Passagem Estreita da Nostalgia, ou o Serralho das Belas Ideias. Muito do onirismo da obra nasceu nesses locais, sem dúvida. Depois segue-se A Fraternidade, A.G.D.G.A.D.U. (À Glória do Grande Arquiteto do Universo), texto assinado por Luigi Danesin, sobre os meandros das grandes Lojas Maçónicas. Finalmente, antes de Corto Maltese cair do telhado de uma casa, aterrando em plena reunião secreta da R.L. Hermes, podemos ler Manifesto Maçónico, de novo por Luigi Denesin. Como não podia deixar de ser, todos os textos surgem profusamente ilustrados com imagens e desenhos de grande beleza. Trata-se, claramente, de uma edição cuidada, surgida ao público em 2004, pela saudosa Meribérica/Liber Editores, lda.
Já em relação às Helvéticas, possuía apenas uma edição francesa, e por isso ler agora o texto em português foi (quase) um ato cerimonioso. As 23 páginas iniciais (somente a partir da vigésima quinta começa, de facto, as Helvéticas) são primorosamente ilustradas por Pratt, e nelas podemos ler um texto sobre a presença de Corto Maltese em território suiço, bem como algumas informações sobre os 24 cantões desse país. Esta excelente edição é, uma vez mais, da Meribérica/Liber Editores lda, datada de novembro de 2000. Depois de lidas as páginas aqui descritas, a aventura começa, e nela se fundem sonho e realidade. As Helvéticas e Fábula de Veneza podem agora viver ainda mais em mim, mais reais do que nunca. Posso, inclusivamente, sonhá-las a cores, e isso é um tremendo privilégio!
sábado, 27 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - VI
Changez Tout é um disco de remisturas, mas isso não faz deste lançamento um trabalho despiciendo. O "sucesso" de Samba Pra Burro, primeiro longa duração de Otto (próximo e último post que dedico à discografia do músico), levou a que se gravasse um duplo cd com misturas de todas as faixas do disco que lhe deu origem. Artistas como Max de Castro, André Abujamra, DJ Patife, Rica Amabis, entre outros, deram corpo a Changez Tout (faixa de Samba Pra Burro, mas que ganha aqui um novo sentido, em virtude de este ser um disco de misturas). Não é para ser ouvido todos os dias, mas há momentos muito bons, de enorme inspiração.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Sonhos eternos de inverno
O Senhor Stein encontra-se, neste momento, a espreitar a rua, na janela da sua sala. Chove lá fora, faz frio, a cor enegrecida das nuvens parece ser eternamente duradoura. Ouve-se, dentro de casa, e em baixo volume, o final da Sinfonia nº1 de Tchaikovski, Sonhos Diurnos de Inverno. Se houvesse alguém na rua a observar a cena descrita, tenderia a perceber, seguramente, uma certa tristeza indefinida naquela personagem, e em todo o ambiente que a envolve. E se, para além disso, conseguisse ouvir o que ouve o Senhor Stein enquanto olha para a rua, não teria dúvidas sobre os pesadelos da solidão humana.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - V
Como não gostar de Condom Black? Tenho alguma dificuldade em falar de um disco que é para ser ouvido, não para ser falado. Eu explico: Otto é swing, batuque, candomblé dançante. Assim sendo, ouça-se e pronto! O pessoal da Trama da altura (o disco é de 2001) faz-se notar, principalmente esse génio de dois discos apenas, chamado Max de Castro, que com Apollo 9, Rica Amabis e outros que tais fazem de Condom Black uma obra notável. Há que perceber que Otto renovou o samba, juntando-lhe pitadas de música nordestina, eletrónica qb e muitas mais outras coisas dificilmente nomeáveis. Anjos do Asfalto, Dias de Janeiro, Pelo Engarrafamento, Por Que, Street Cannabis Street, e Retratista, por exemplo, nasceram aqui, mesmo sabendo que o seu criador usou condom na sua feitura.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Abraçaço
Rapidamente, e sem grandes demoras. Isto não é um post, antes um segredo: "Abraçaço" não é uma palavra mal escrita, mas o título do novo disco de Caetano Veloso. Sai em novembro, e a expressão entre aspas passará a fazer parte do meu caetaneante dicionário. Não tardará muito, e vamos poder encontrá-la no Houaiss.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - IV
Este foi um disco apaixonado. Otto + Alessandra Negrini = Sem Gravidade. Há imagens da atriz no encarte do cd, imagens de Otto beijando-a, imagens da terra brasileira, e um azul celeste na capa a que ninguém fica indiferente. Há ainda dois pássaros, quase impercetíveis. Entre muitas e belas canções que o disco comporta, uma há que me espanta pela dolcíssima melodia: Pra Quem Tá Quente. Experimente ouvir esta canção e veja lá se os versos "Pra quem tá quente, cool / Pra quem não sente, sou mais um / Pra quem não pode morar lá / Pra quem não pode morar / Pra quem não pode mora" não são lindos, quando cantados. Sem Gravidade (2004) é um disco de pele, de corpo, de sexo, de vida. Excelentes assuntos, portanto.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Hitchcock, o filme!
Este é o trailer oficial do filme Hitchcock, de Sacha Gervasi, com estreia marcada para 23 de novembro próximo. Segundo julgo saber, ainda não há data para estrear em Portugal, com muita pena minha. Anthony Hopkins faz de Alfred Hitchcock, Helen Mirren faz de Alma Reville (a mulher do famoso realizador), e Scarlett Johansson de Janet Leigh, a atriz eternizada em Psycho, na célebre cena do esfaqueamento na banheira. Apesar de não me entusiasmar com a figura de Hitchcock no trailer (parece-me que existe algo de errado na cara de Hopkins), estou maravilhado perante a expectativa de ver este filme, uma vez que aprendi, embora tardiamente, a adorar o realizador de Birds, Vertigo ou Rear Window, por exemplo. Para quando a estreia em Portugal? Espero que a espera não me desespere!
domingo, 21 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - III
MTV apresenta Otto (2005) é a primeira incursão oficial ao vivo, do músico pernambucano. Com direito a duplo formato cd e dvd, este trabalho de Otto é uma autêntica bomba sonora, e um dos melhores discos de música brasileira ao vivo que conheço. As suas 17 canções mostram o cuidado havido na escolha do repertório do músico, abrangendo todos os seus trabalhos anteriores. Os dois momentos iniciais (Anjos do Asfalto e Lavanda) lançam as coordenadas da festa imensa que todo o disco é. A longa e frutuosa relação entre a MTV Brasil e bandas / músicos brasileiros tem neste disco um momento maior. Não me canso de ouvi-lo, e encorajo todos os meus amigos a fazê-lo. Para isso serve este post também.
sábado, 20 de outubro de 2012
Hitchcock
(clique na imagem para torná-la maior)
Se este cartaz não lhe diz nada, espere apenas mais uns dias e regresse ao I Blog Your Pardon! Hoje nada mais adianto sobre o assunto, uma vez que o excesso de excitação não me permite clareza suficiente para me referir a Hitchcock.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - II
O disco Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009) parece ter sido marcado pelo fim do relacionamento de vários anos que o músico pernambucano manteve com a atriz Alessandra Negrini. Se assim foi, que Otto me desculpe, mas ainda bem. O disco é denso, tenso, sombrio, com um ou outro tímido raio de luz em dolente preguiça. Belo, muito belo, mesmo assim. Tantas são as vezes que a dor faz crescer coisas belas...
O título do disco evoca as primeiras palavras do romance A Metamorfose, de Kafka. Haverá necessidade de explicações suplementares perante a evidência de tal escolha? Não me parece. Na verdade, Otto surge metamorfoseado, com força renovada, e faz deste trabalho uma obra incontornável. Quem nunca ouviu Crua (a letra, se autobiográfica, até arrepia), ou O Leite (com a participação de Céu), ou as belíssimas 6 Minutos, e Naquela Mesa tem andado tão distraído que nem desculpa merece. Ainda vai a tempo. É só terminar de ler esta linha e procurar o disco na loja do costume.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Poema
Não apagues os traços dos teus gestos!
O bailado do teu corpo
no corpo dos espaços incompletos
é o que preenche a minha vida
e dá luz aos universos
O bailado do teu corpo
no corpo dos espaços incompletos
é o que preenche a minha vida
e dá luz aos universos
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Otto, de frente para trás (discografia) - I
Parece impensável, mas a verdade é que ainda não tinha escrito uma única linha neste blog sobre o meu adorado Otto! Por isso, e a partir de agora, a discografia do músico passará por aqui, sem grandes pretensões, e com o propósito maior de dar a conhecer este genial compositor, imprevisível, truculento, futurista e kitsch ao mesmo tempo. "Chique e brega", mas sempre maravilhosamente bom.
No próximo mês de novembro sai The Moon 1111, trabalho que escuto no momento em que escrevo estas linhas. Este disco está já com alguns meses (um ano?) de atraso, e começou por ter como ideia principal o filme Fahrenheit 451, de François Truffaut. Depois, Otto juntou-lhe ideias cabalísticas, Pink Floyd, Fela Kuti, uma pitada de The Smiths, Depeche Mode e outros que tais, num ambiente sonoro que sabe a anos 50, 60, 70 e 80. Grande misturada? Nada disso, tratando-se de Otto. Otto não é de misturas. Otto é a mistura em pessoa, filho diretíssimo e moderno da Tropicália, embora seja de Pernambuco e não da Bahia. Tomem nota, então: The Moon 1111, que vem do futuro, mas que já me aterrou nos ouvidos, e deles não sairá tão cedo.
* na imagem acima estão as capas dos discos de Otto, enquanto artista a solo. Textos sobre todos eles terão lugar neste blog, dos mais recentes aos mais antigos. (clique na imagem para aumentar)
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Não é Lobo Antunes quem quer
É sempre outubro quando chegas, ou quase sempre, nem me lembro bem, os outros livros encolhem-se na prateleira para te receber numa dieta instantânea e anual, mas primeiro são as minhas mão que te suportam, eu deitado a ler-te, o peso do texto a afundar-se no meu corpo, a crescer por dentro de mim um cansaço que já conheço há tanto tempo sempre que é outubro, um cansaço bom quando começa a passar, quando os capítulos passam com as páginas que vão ficando até ao fim, as vozes que crescem na cabeça de quem as escuta, eu deitado a ler-te, os livros a encolherem-se na estante no ritual a que os obrigas todos os anos, e ainda bem que é outubro António, outubro é o meu mês também e vejo nisso uma circunstância que nos une, ao mesmo tempo que as vozes crescem e se afundam, desta vez um irmão surdo, um outro que as marés levaram, os tempos que só se confundem se o leitor deixar, uma velha casa de praia, a mesma guerra que conheço desde rapaz quando li, maravilhado, as asneiras mal comportadas das tuas memórias de elefante, e são de novo agora as minhas mãos que te seguram, que vão virando as páginas uma após outra, e é mentira quando dizem que é sempre o mesmo livro que escreves, até porque não somos sempre os mesmos leitores António, e isso que importa agora que é outubro e chegaste uma vez mais, é quase sempre outubro quando chegas, eu sei porque te conheço há anos, há anos que a tua voz se afunda nas minhas mãos que te seguram, deitado na cama, para sustentar melhor o peso das palavras que em outubro nunca faltam.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
Lovely Bastards
2012 não foi ano de disco de originais da minha islandesa favorita. No entanto, Bjork não me abandonou completamente, e está por chegar o disco de remixes de Biophilia. Mesmo sabendo que inúmeras canções remixadas foram vendo a luz do dia ao longo dos últimos meses (Biophilia Remix Series), o disco Bastards vem colocar, julgo eu, um ponto final às aventuras sonoras de DJs e outros manipuladores de sons e ritmos. A avaliar pela qualidade da capa, temos coisa boa a caminho!
* não consigo olhar para a capa de Bastards sem me lembrar de Bitches Brew, de Miles Davis.
sábado, 13 de outubro de 2012
Buda + Peste = capital da Hungria (III)
As cidades têm múltiplos rostos, como se sabe. De noite, por exemplo, podem brilhar mais do que à luz do sol. Em Budapeste é assim. O brilho das noites de outono fazem com que a cidade pareça ainda em pleno verão. Tudo se encanta, tudo reluz quando se passeia pelo Danúbio. A noite mostrou mais um dos seus possíveis rostos, e os nossos maravilharam-se, naturalmente.
O Parlamento (lado de Peste)
Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchíd, e vista de Buda)
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Poema
Haverá limites para o tempo
e até para a respiração
haverá mesmo um fim
que se adivinha
para o bater do coração
haverá espaço
haverá terra
haverá uma quimera
na senda da exploração
como haverá uma voz
que não se ouve nem treme
um só som que agora geme
no limiar da explosão
Mas haverá sentimento
que impeça a convulsão?
e até para a respiração
haverá mesmo um fim
que se adivinha
para o bater do coração
haverá espaço
haverá terra
haverá uma quimera
na senda da exploração
como haverá uma voz
que não se ouve nem treme
um só som que agora geme
no limiar da explosão
Mas haverá sentimento
que impeça a convulsão?
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Buda+Peste = capital da Hungria (II)
As marcas de outros tempos não desaparecem facilmente. A rudeza das pessoas, e uma certa antipatia generalizada foi o que constatámos. Por isso elegi esta fotografia para contrastar com o que disse anteriormente. Dois seres numa pose simpática, em Peste, logo pela manhã. O tempo sorriu-nos. As pessoas é que não!
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Buda+Peste = capital da Hungria (I)
Viajar continua a ser um dos meus maiores prazeres! Budapeste foi, desta vez, a cidade escolhida. O que a imagem documenta, para além da presença do autor do texto, é uma vista sobre a cidade, simultaneamente unida e dividida pelo rio Danúbio. À direita fica Peste, plana e mais povoada, e do outro lado Buda, sinuosa, algo montanhosa, mas também mais elegante e charmosa. No meio de ambas estende-se o rio que, curiosamente, nunca foi azul.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Tori Amos chegou de taxi!
Tori Amos chegou de taxi! O amarelo e preto que sobressaem da imagem da capa de Gold Dust (o amarelo do ouro e o negrume da poeira dão consistência ao título do disco) combinam bem com as cores (amarelo e preto, uma vez mais) da editora Deutsche Grammophon, que pela segunda vez apresenta Tori Amos no seu catálogo. Já aqui escrevi, e não foi há muito tempo, que gosto cada vez mais da clássica editora alemã. O disco de Anne Sophie Von Otter com Elvis Costello (For The Stars), bem como os de Costello a solo (Il Sogno e North), ou mesmo acompanhado pela Metropole Orkest (My Flame Burns Blue) fizeram com que ficasse mais atento aos compactos editados pela DG. E agora, para minha surpresa, chega Gold Dust, da cada vez mais clássica Tori Amos. Se com ela foi, há muitos e muitos anos, amor à primeira vista, agora passo a jurar-lhe um renovado amor eterno, bem à maneira clássica. O toque de modernidade nisto tudo, não tenho dúvidas, é o facto de Tori chegar de taxi!
domingo, 7 de outubro de 2012
Poema
Cresce a árvore
durante toda uma vida
e nela enforca-se o homem
A natureza sempre nos ensinou
que morte e vida
têm as mesmas raízes
Nós é que não aprendemos
por sermos sempre aprendizes
sábado, 6 de outubro de 2012
Viajar ou viajar
O Senhor Stein pensou em ir passear pela Europa, o seu destino preferido. Gostava de fazer projetos de viagens, pois assim viajava sempre um pouco, mesmo sem viajar. Aliás, já tinha ido a alguns sítios, e viajado por muitos mais. Se se pusesse a pensar em todos os destinos visitados, facilmente chegaria à conclusão de ser um Homem do Mundo! Ou, pensando melhor, um Homem da Europa... Ibérico, sem dúvida. Ou, para ser ainda mais exato, um Homem muitíssimo Português.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Como é que eu não sabia disto?
(Revista mensal do Pato Donald, nº 2409, de agosto de 2012. A história chama-se Bombom Sorriso e o Artista Liberado, feita no ano de 2003)
* clique na imagem para poder ler melhor
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Um novo Cope nas mãos!
"Woden, Woden, on the hill,
How many good men did you kill?
Well, the first one hung for days up in the tree,
And the second and third did mark our victory"
* excerto inicial do poema The Death of Woden, de Julian Cope
** Woden é um disco meditacional, e foi gravado em 98, embora só há dias tenha sido posto à venda. É um excelente companheiro de Odin, de 1999.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
45 anos, hoje!
Hoje é o meu dia de anos, e também dia do Anjo da Guarda. Sempre gostei desta coincidência, vá lá saber-se a razão. O meu pequeno little brother tem-me tratado bem...
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Poema
Gira o mundo
e as árvores ficam imóveis
(constelações paradas
no avesso do céu)
As árvores são braços
de um corpo maior
escondido nas camadas
do tempo da existência
O que restará do meu corpo
quando for a terra a parar
dando à árvore o seu tempo
de partir e de avançar
e as árvores ficam imóveis
(constelações paradas
no avesso do céu)
As árvores são braços
de um corpo maior
escondido nas camadas
do tempo da existência
O que restará do meu corpo
quando for a terra a parar
dando à árvore o seu tempo
de partir e de avançar
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