quinta-feira, 30 de abril de 2009

The Unruly Imagination

Foi ontem posto à venda o novíssimo cd do meu adorado Julian Cope. Ontem mesmo, por volta das 7 da manhã, o meu amigo Bubbs (de Inglaterra) mandou-me um sms a avisar que o disco já estava à venda no site do próprio Julian. Comprei-o imediatamente, e agora é só esperar... Todos sabemos que a espera é sempre longa, muito longa até, quando queremos muito qualquer coisa. É o caso agora. Nada a fazer. Esperar...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Todas As Palavras do Mundo ( II )

Estas são algumas das primeiras fotografias da rodagem do filme Todas As Palavras do Mundo. Esta média metragem (terá sensivelmente 50 minutos de duração) foi rodada este ano lectivo com alguns dos meus ex-alunos e alunos, tanto do ensino básico como do secundário. O guião, se é que assim se pode chamar, é meu, embora com sugestões dos intervenientes. Realço aqui o empenho de todos, mas principalmente o dos meus amigos (alunos e ex-alunos) Leone, Ana Olímpio, Joana Oliveira e Diogo Abreu, respectivamente realizador e actores principais. Todos os outros que participaram no filme e cujos nomes não constam neste post não estão esquecidos, obviamente. Aliás, são todos eles pessoas inesquecíveis. Um obrigado a todos.


terça-feira, 28 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Todas as Palavras do Mundo ( I )

Serve este post para publicitar um novo blog: Todas as Palavras do Mundo. Poderão saber do que se trata indo ao dito blog, usando o link da expressão a roxo, mas também por aqui, como se verá no post do dia 29 deste mês.

Todas as Palavras do Mundo
é um blog muito especial!!!


Mariana

Quem não conhece Mariana Aydar? Quem quiser conhecê-la vai poder vê-la ao vivo. É já em Maio, a 25, no CCB. Eu não vou perder o concerto da mais recente e brilhante voz jovem da moderna música do Brasil.

domingo, 26 de abril de 2009

Poema

Vem-me à ideia um caminho qualquer
um pequeno curso de água
um corredor um recanto
uma criança que assoma
à varanda dos seus dias
o som de uma mão que estala
um automóvel que apita
vem-me à ideia tanta coisa
um papel amachucado
uma canção tão bonita
uma vida pelo chão
um cigarro que fumei há muito tempo
sem nunca o ter apagado
vem-me à ideia um mar de rosas
e outras frases assim
daquelas que todos dizem
uma árvore frondosa
com frutos fora do alcance
da vontade dos meus braços
vem-me à ideia um qualquer rosto
dos rostos que nunca amei
e uma nuvem distante
que me diz que o tempo muda
se com ele mudar também

E vem-me à ideia um poema
que não interessa a ninguém

sábado, 25 de abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Fujiya & Miyagi


Hoje vou até à Casa das Artes de Famalicão! Por volta das 22 horas começa o tão esperado (falo por mim, é claro) concerto dos Fujiya & Miyagi. Vai haver festa, vai haver dança, vai haver show com batida kraut. É garantido. E vou estar com o Jorge e com a Becas. O que se pode desejar mais em véspera de feriado que logo tinha de calhar a um sábado?

Aqui fica Ankle Injuries (magnífico video feito só com dados), que espero ouvir mais logo:

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

Uma sugestão para o dia de hoje: Por Ti, um libreto para ópera de Michael Berkeley, escrito por Ian McEwan.


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Poema

Queria agora o descanso
que não tenho
a vida que não escolhi
o tempo que já passou

Queremos sempre aquilo que não temos
porque o que temos
é o que sempre sobra
do que não se amou

terça-feira, 21 de abril de 2009

Poema

Uma parte de nós no chão da casa
em pequenos cacos
a alma é de um vidro fino
que quebra ao mínimo toque
e não embaça
mesmo quando se agitam
os suores da noite

No chão da casa estão espalhados
o que fui e o que foste

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Poema

Chove sem pressa
no chão do mundo

A tarde tem cortinas d'água
e fitas de sol

Empalideço à janela do que sou
e fecho os olhos

Nunca um dia me pareceu assim
tão frio e distante de mim

domingo, 19 de abril de 2009

Poema

Os rapazes passam pela vida
na sombra do que serão
está na natureza dos futuros homens
serem assim
vultos que se agitam
sem vento que os obrigue
a tirar os pés do chão

Estátuas que se cristalizam
em perpétua construção


(para o meu filho Lourenço)

sábado, 18 de abril de 2009

Zie e Zie - o disco

Depois de vários dias a ouvir Zii e Zie, decido-me a escrever sobre ele. Já fiz, seguramente, mais de 10 audições integrais do último disco de Caetano Veloso, e por isso atrevo-me a dizer agora o que penso... Começo por dizer que Zii e Zie é um disco que chega aos ouvidos sem fazer alarde, devagar, com a subtileza das coisas sem pressa. É um disco tranquilo, sem a energia eléctrica mais ou menos contida de (o trabalho anterior). É um disco menos coeso em termos das letras das canções (ainda comparando-o com , que mostrava uma vertente mais carnal, sexual, despojadas de qualquer pudor, bastando para isso lembrar apenas o exemplo do verso tantas vezes repetido da canção Porquê? - "estou-me a vir"). As letras das canções de Zii e Zie versam assuntos tão diferentes como sejam a política norte americana ou o Rio de Janeiro.

(Pedro Sá, Ricardo Gomes, Caetano Veloso e Marcello Calado)

Este é um disco muito carioca, muito centrado na ideia do samba, mas como com Caetano as coisas nunca são assim tão simples, o samba que aqui se ouve tem um acentuado travo rock (transambas e transrock são subtítulos ajustadíssimos) e é isso que une o disco e faz dele uma obra bem equilibrada. Apenas a canção Menina da Ria (de longe a canção menos conseguida, na minha opinião, e muito distante do belíssimo hino masculino que é Menino do Rio, que merecia uma melhor canção como companheira) foge um pouco ao esquema samba-rock. É, não me custa dizê-lo, uma marchinha sem grande graça, apenas com uma particularidade lusíada, quando se canta "Ai, Portugal, ovos moles, Aveiro", mas que destoa no tom do todo das canções do disco.

Os grandes momentos são Lapa (magnífica, um futuro clássico), Sem Cais (arrepiante), Por Quem (sensível, imensa), A Cor Amarela (que resultará muito bem ao vivo, certamente), Tarado (uma das mais estranhas letras de Zii e Zie) e a versão de Incompatibilidade de Génios (deslumbrante versão do samba de João Bosco e Aldir Blanc). Os outros momentos (Perdeu, Lobão Tem Razão, Base de Guantanamo, Ingenuidade e Diferentemente) são também canções maiores, não nos iludamos, mas um semi-furo abaixo das mencionadas primeiramente.
Zii e Zie é um disco de um jovem de 66 anos, acompanhado por três jovens de 20 e poucos anos, mas que não é para todas as idades. Ou melhor: até poderá ser, desde que quem o ouça seja capaz de ser um ouvinte sensível, porque Zii e Zie é um disco que transborda de sensibilidade. Não é um disco fácil? Claro que não. É mais um disco para entendidos (como Araçá Azul)? Talvez não. Julgo mesmo que não. Ou então sou eu que já entendo Caetano há tanto tempo, que já não estranho a estranheza daquilo que faz: música apontada à perfeição.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Corte do Norte






Ando com vontade de ver A Corte do Norte, de João Botelho. E de escrever sobre o filme, logo a seguir. Mas como sei que o Artur vai certamente fazê-lo, o melhor é estar calado.

* a Ana Moreira é das mulheres mais bonitas do cinema mundial.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Poema

Aos poucos
junto o que quero
ao meu redor:

assim
pouco a pouco
para que aos poucos
tudo melhore

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Padre e a Moça


Há dias atrás comprei a Box com 5 longas metragens do realizador brasileiro Joaquim Pedro de Andrade. Sempre gostei de cinema brasileiro, do Cinema Novo, principalmente. No fundo, o que talvez procure nesse cinema é um pouco daquilo de que gosto particularmente na Nouvelle Vague: a montagem inesperada, o destaque dado à força da palavra, a liberdade narrativa, o facto de os filmes nos colocarem perante o incómodo de questionarmos permanentemente a nossa própria inteligência e sensibilidade...
Comecei por ver Macunaíma, partindo de seguida para O Padre e a Moça (de 1965). A história gira em torno de Mariana (a muito bonita Helena Ignês), única mulher jovem num povoado isolado do mundo, no nordeste brasileiro, onde a solidão, o desconsolo, o desespero tomam conta das vidas dos que por lá se arrastam. Mariana quer conhecer a vida, uma vida que a roube daquele local, dos costumes daquele local, da moral que tudo abafa e mortifica. Com a recente chegada de um jovem padre (Paulo José) devido à previsível morte do pároco da aldeia, novos sentimentos começam a crescer no coração da jovem Mariana e também no do jovem padre. Esta é a linha primária do enredo do filme, cujo final trágico ajuda a realçar. Mas o que mais me agradou foi a fotografia. Belíssima! O preto e branco confere ao dramatismo das situações uma dor muito especial. Não é difícil encontrarmos um pouco de Buñuel no filme de Pedro de Andrade, e isso é bom, devo dizê-lo.
O filme foi baseado no poema O Padre, a Moça, de Carlos Drummond de Andrade. É denso, negro, árido como as paisagens que circundam as personagens. Filmar um poema não é fácil, mas por vezes resulta. Assim queiramos lê-lo (ou será melhor dizer vê-lo?) com um olhar mais íntimo, mais próximo do lugar do coração.

domingo, 12 de abril de 2009

The House Where Nobody Lives

Nunca conheci ninguém naquela casa. Apenas a casa, as paredes, as portas e uma certa luz que vinha de dentro, ou de um qualquer lugar indistinto. Negra, soturna, aquela casa sempre me fascinou, embora nunca soubesse bem porquê. As casas são corpos estranhos com vida dentro. São a pele rugosa das famílias, expostas ao frio, ao calor, ao vento. Mas aquela casa era diferente. Decadente, lugar de sombras sem alma. Aquela casa tinha algo que as outras casas não mostravam: era a casa dos ausentes, dos fantasmas que imaginava, dos sonhos e pesadelos que eu habitava.



The House Where Nobody Lives

There's a house on my block
That's abandoned and cold
Folks moved out of it a
Long time ago
And they took all their things
And they never came back
Looks like it's haunted
With the windows all cracked
And everyone call it
The house, the house where
Nobody lives
Once it held laughter
Once it held dreams
Did they throw it away
Did they know what it means
Did someone's heart break
Or did someone do somebody wrong?
Well the paint was all cracked
It was peeled off of the wood
Papers were stacked on the porch
Where I stood
And the weeds had grown up
Just as high as the door
There were birds in the chimney
And an old chest of drawers
Looks like no one will ever
Come back to the
House were nobody lives
Once it held laughter
Once it held dreams
Did they throw it away
Did they know what it means
Did someone's heart break
Or did someone do someone wrong?
So if you find someone
Someone to have, someone to hold
Don't trade it for silver
Don't trade it for gold
I hav´got all of life's treasures
And they are fine and they are good
They remind me that houses
Are just made of wood
What makes a house grand
Ain't the roof or the doors
If there's love in a house
It's a palace for sure
Without love...
It ain't nothin but a house
A house where nobody lives
Without love it ain't nothin
But a house, a house where
Nobody lives

* a canção The House Where Nobody Lives pode ser encontrada no disco Mule Variations, de Tom Waits.

sábado, 11 de abril de 2009

If You Hold a Stone

Quando atirei a pedra, nesse exacto momento, compreendi que o gesto me ia sair caro. Mas não tanto quanto acabou por acontecer. Era apenas uma pedra atirada em jeito de brincadeira, pedra inconsciente, coisa de braço mecânico de jovem rebelde, pedra cega de regras, peso sem peso moral. Vidro e pedra! Não há atracção maior, mais apelativa. No peso, no volume da pedra temos mais do que isso na mão. Temos a força que não temos, o alcance que não alcançamos e a liberdade que nunca nos dão. Pedra é para ser livre, verdadeiramente livre. Nós é que não.

* A canção If You Hold a Stone, original de Caetano Veloso, e que pode ser ouvida no álbum homónimo de 1971, é aqui em baixo reproduzida em versão de Sylvio de Oliveira, designer gráfico responsável pelo livro Letras? As Canções do Exílio de Caetano Veloso.


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Poema

Terrena sensação
a de olhar-te ao longe
como se voasses por sobre mim

E cá de baixo
sentir-te vento e pássaro
abrindo as asas de marfim

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

The State I Am In



Uma das mais belas canções dos anos 90. Um dos mais belos discos dos anos 90. Uma das melhores bandas dos anos 90.

* Já por aqui escrevi várias vezes sobre esta canção, sobre este disco, sobre esta banda: The State I Am In, de Tigermilk, dos Belle & Sebastian.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Joan, I Love You



Beauty is the way to heaven.
(o que eu gosto desta mulher não tem explicação)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um melhor fim

Vejo-te quando os olhos se fecham. Vejo-te e tento tocar-te: os olhos, o nariz, a boca, todo o rosto. Sei que estranharias a pouca maciez dos dedos da minha mão, se conseguisse tocar-te. Talvez seja melhor ficar quieto, vendo-te apenas com o meu olhar cerrado. Talvez seja melhor tentar ouvir o que diz a tua boca, calada, imagem sem voz no som da memória. E mesmo assim, em surdina, parece que te ouço murmurar um melhor fim para esta história.

domingo, 5 de abril de 2009

Wasted Fuzz Excessive




Tenho-o há mais de dois meses, e ando a dar-lhe a hipótese de crescer. Mas não há meio. O novo Brain Donor doesn't work for me. O que me alegra é que o senhor Julian Cope já tem novo disco gravado, e tudo indica ser um bom sucessor de Black Sheep (um dos melhores discos do ano que passou, na minha opinião).

* Brain Donor é um projecto de Julian Cope em estílo épico-proto-drone-metal, se é que esta designação faz algum sentido...

sábado, 4 de abril de 2009

Pedido

Com o poema do post anterior, cheguei ao interessante número de 350 poemas publicados neste blog! E por vezes, pergunto-me se aqueles que os lêem, têm algum de que gostem particularmente. Gostaria muito de saber Quem escolhe Que poema. Será que é pedir muito? Uma caixa de comentários com algumas das vossas escolhas seria magnífico. Obrigado!

Poema (feito a dois)

Tenho medo que
outras veias suguem
o sangue que o meu coração
bombeia para mim

É teu o sangue
das minhas veias
pois se assim não fosse
não seria doce
ter-te em sangue assim

Por isso o medo
de se esvair
o que és em mim

* este poema foi feito a dois. A primeira estrofe foi feita pela Joana, que ainda não sabe que lhe roubei o poema. É que o achei lindíssimo e não resisti. Espero estar perdoado...

Poema

Desliga a luz
fecha as portadas
apaga qualquer indício de chama
ou de lume a crepitar

Sopra todas as velas que existam
ao nosso redor
e lembra-te:

os corpos têm luz interior

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Lou

Hoje é dia de festa. O meu filho Lourenço faz anos! Hoje é dia de beijinhos e abraços até ser hora de dormir. E estamos de férias, yeeeeees! Parabéns, niquinho.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Poema

Sendo que da noite não se fez luz
derramando sobre o dia
um líquido espesso
aparentando pus

As feridas não se curam com as luzes das estrelas
antes se agravam com a luminosidade delas

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Araçá Azul



Por vezes, os minutos custam horas a passar. Sempre me surpreendeu essa incongruência, esse estranho avesso do tempo. Quando acontece, puxo da viola e toco os acordes do momento. Passeio os ouvidos pelos sons que os meus dedos encontram no aço das cordas, e penso em versos que brinquem comigo, que me salvem da crueza dos minutos que não passam de acordo com o meu desejo. Que feitiço é esse que ao mesmo tempo me assusta e me alenta?! Talvez nem feitiço seja... Talvez um segredo que o tempo guarda para que a morte não chegue quando pensar em chegar. Ou então, mesmo chegando, que se entretenha com a melodia da canção que compus, para que também ela demore a acontecer, e troque a vontade que traz pelo prazer de viver.

Araça Azul (Caetano Veloso)

Araçá Azul é sonho-segredo
Não é segredo
Araçá Azul fica sendo
O nome mais belo do medo

Com fé em Deus
Eu não vou morrer tão cedo

Araçá Azul é brinquedo



* este post inaugura uma nova etiqueta: As Histórias nas Canções. Por vezes há canções que nos fazem pensar em pequenos acontecimentos, em pequenas ideias, seja pelas letras cantadas seja pelo ambiente que evocam... É essa a razão de ser deste texto. É assim (mas poderia ser também de outra forma) que traduzo Araçá Azul, de Caetano Veloso.

** o vídeo aqui presente serve apenas para que possam ouvir a música a que o meu texto se refere. Não existindo vídeo oficial, fica este para amostra.