terça-feira, 30 de junho de 2009

Este post é para o meu amigo Jorge

Este post é para o meu amigo Jorge. Junta a admiração que temos por Nick Drake (comovedora, e da qual nunca falamos, talvez por não valer a pena) à descoberta recente de Robyn Hitchcock. Sei que vais gostar.




I saw Nick Drake
At the corner of time and motion
I caught his eye
And he caught mine
I said "You're tall."
He said "No taller than tomorrow's ocean."
I saw Nick Drake
And he was fine

And we're in bloom

I saw Nick Drake
As we were carrying the ice together
Beneath the glass
I saw his face
The net was gone
And all the strawberries of English weather
I saw him pass
Right through this place

And we're in bloom
Yes we're in bloom

I saw Nick Drake
The habits of a lifetime
Will lay you low
Into your grave
And when you're gone
You take your whole world with you
I saw Nick Drake
I saw him wave

And we're in bloom
Yes we're in bloom

* a canção I Saw Nick Drake faz parte do disco A Star For Bram, de Robyn Hitchcock.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Robyn Hitchcock


Há uma nova paixão auditiva que começa a ganhar contornos de eternidade. Chego a ele tardiamente, mas mais vale assim do que não chegar. Chama-se Robyn Hitchcock e anda na minha cabeça há vários dias. Tudo graças a Pursued By Trees, amigo inglês com este nick estupendo.


MusicPlaylist
MySpace Playlist at MixPod.com



* esta canção (One Long Pair Of Eyes) pertence ao ma-ra-vi-lho-so disco intitulado Queen Elvis.

sábado, 27 de junho de 2009

Poema

Que corpo caído é esse
na sombra baça do chão
sombra caída em desgraça
no caminho que passou
que corpo caído é esse
preso à sombra do que sou

Que corpo caído existe
mesmo quando erguido em si
o corpo a tudo resiste
menos ao tempo que ali
já não é tempo vivido
antes tempo em que existi

O corpo é a circunstância
de estar ou não estar aqui

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Prima Donna

Um dos discos que mais desejo ouvir este ano é Prima Donna, a ópera de Rufus Wainwright com libretto em françês. Estreia já no próximo mês de Julho ( 10, 12, 14, 17, 19 são as datas agendadas) e uma ida a Manchester para ver o espetáculo não seria má ideia. A estreia dar-se -á no Palace Theatre, com preços desde £12.50 a £47.50. A soprano Janis Kelly é Madame, uma cantora de ópera em fim de carreira que se confronta com os fantasmas do passado que assombraram o seu percurso de artista.

Rufus
apresenta Le Feu d'Artifice t'Apelle:



* Sim, engana-se várias vezes, mas o que importa isso? É um prazer ouvir Rufus de novo, ao piano. A barba dá-lhe um certo estilo aristocraticamente operático...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Poema

Haverá um tempo
em que tudo pára
câmara lenta
mente adormecida

Momento em que o tempo
será grinalda
de um véu
de luto tingido

quarta-feira, 24 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Camané



Foi maravilhoso o concerto de Camané, no passado dia 19, na Casa da Pesca, em Oeiras. Um filho da terra para fechar (ou quase) as comemorações dos 250 anos do concelho foi uma excelente ideia. É bom viver em Oeiras!

domingo, 21 de junho de 2009

Poema

Palavra ingrata
a que não se diz
porque antecede a voz
mas é já vivo
o seu sentido

Palavra antecipada
mente muda
mas que tem em si
o que prediz
adormecido

sábado, 20 de junho de 2009

Poema

A espera é uma raiz crescente
organismo vivo
e interior

A espera vive em nós o tempo inteiro
(concha côncava do tempo)
à espera
de não se expor

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Poema

Uma linha
esboço de traço na mão:

também na pele se vive
no limiar da solidão

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Poema

Fechar os olhos
encarcerar-me em mim
ter a escuridão da morte
controlada
e nesse breu
desenhar pequenas luzes
estrelas das ideias que acendi
até viver de novo
a vida em luz que já vivi

terça-feira, 16 de junho de 2009

N'avons nous pas grandi ?

Pronto! Talvez este seja o último momento do filme Les Chansons d' Amour que aqui partilho convosco. Mas não tenho a certeza absoluta... É que esta banda-sonora não me sai da cabeça!



Pourquoi viens tu si tard ?
Je ne t'attendais plus
J'avais cessé d'y croire,
Tiré un trait dessus.

Pourquoi viens tu si tard ?
Qu'est-ce qui t'amènes ici ?
Quelle cruauté bizarre
Cette soudaine envie

Pourquoi viens tu si tard ?
Ta mère t'as rien appris
On arrive pas si tard
Chez ceux qui vous convie

Sans fleurs à la rigueur
Mais la vraie politesse,
C'est d'arriver à l'heure
Lorsque le temps nous presse.

Pourquoi viens tu si tard ?
Quand tout est accompli
Et que de tracs à part,
Me placent dans ton lit

Pourquoi viens tu si tard ?
Tu n'as aucune excuse,
Pas le moindre bobard,
La plus petite ruse.

Pourquoi viens tu si tard ?
Je ne peux ce que tu veux
Ta bouche pleine d'histoire
D'avenirs lumineux

Oh il n'est pas si tard
Mon ange, quelle idiotie
Si tu pouvais te voir
N'avons nous pas grandi ?

* a canção é Si Tard e a cantá-la está a grande Ludivine Sagnier.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

Uma outra pele

Vestia-se de uma outra pele. Riscava o corpo com essa seda impura, cobria-se nela, primeiro os pés, em seguida as pernas e palmo a palmo até à cintura. Depois caminhava assim, corpo zebrado a balouçar desejos. Eu ficava a olhar, tremeluzindo olhos e salivas: mulher vestida de pele e seda no calor da tarde. E ainda hoje há uma sede em mim que só sacio quando a pele me arde.

sábado, 13 de junho de 2009

Poema

Ignora a letra
o som a rima
ignora a inspiração divina
e as mentiras da escrita

Toda a palavra quer crescer
até ficar na retina
do papel

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Escolhas


A tarefa que se impõe agora é esta: que livros levar para as férias de Verão? Há já um ou dois pensados, mas também ainda há tempo...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Poema

Os passos na areia do tempo
apagaram os dias
da história que houve

Aconteceu que o vento
fez o tempo esvoaçar
e no fim da ventania
não ficou tempo ou lugar

terça-feira, 9 de junho de 2009

La beauté du geste

Não resisto a mais uma das danções do filme Les Chansons d'Amour: agora é a vez de As-Tu Déjà Aimé? São todas tão bonitas! Letras e melodias celestiais...



As-tu déjà aimé
pour la beauté du geste?
As-tu déjà croqué
la pomme à pleine dent?
Pour la saveur du fruit
sa douceur et son zeste
T'es tu perdu souvent?

Oui j'ai déjà aimé
pour la beauté du geste
mais la pomme était dure.
Je m'y suis cassé les dents.
Ces passions immatures,
ces amours indigestes
m'ont écoeuré souvent.

Les amours qui durent
font des amants exsangues,
et leurs baisers trop mûrs
nous pourrissent la langue.

Les amours passagères
ont des futiles fièvres,
et leur baiser trop verts
nous écorchent les lèvres.

Car a vouloir s'aimer
pour la beauté du geste,
le ver dans la pomme
nous glisse entre les dents.
Il nous ronge le coeur,
le cerveau et le reste,
nous vide lentement.

Mais lorsqu'on ose s'aimer
pour la beauté du geste,
ce ver dans la pomme
qui glisse entre les dents,
nous embaume le coeur,
le cerveau et nous laisse
son parfum au dedans.

Les amours passagères
font de futils efforts.
Leurs caresses ephémères
nous faitguent le corps.

Les amours qui durent
font les amants moins beaux.
Leurs caresses, à l'usure,
ont raison de nos peaux.

* cantam Grégoire Leprince-Ringuet e Louis Garrel

segunda-feira, 8 de junho de 2009

domingo, 7 de junho de 2009

sábado, 6 de junho de 2009

Ao espelho

Quando apertava a saudade
olhava-se ao espelho e pensava
que era consigo que queria estar

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Todas As Palavras do Mundo - a Estreia


É hoje a grande estreia! São esperadas mais de 450 pessoas para assistirem ao filme Todas as Palavras do Mundo. O guião é meu, a realização é do Leone Niel. Os protagonistas são a Ana Olímpio, a Joana Oliveira e o Diogo Abreu. O filme das nossas vidas revela-se hoje!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Poema

Por sobre o manto das águas
dorme-se até ao fim do tempo
como que envolto nas ondas
do seu próprio afogamento

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Embrassez-vous sur moi


Vi esta semana o filme Les Chansons d' Amour, de Christophe Honoré. Filme premiado e polémico por mostrar algumas cenas de homossexualidade masculina e feminina (que me afastaram um pouco da ideia de ter à minha frente um filme verdadeiramenete belo, confesso), é uma homenagem à Paris de Sarkozy, uma homenagem à juventude, mas também um perturbante percurso para superar a perda, a dor da perda, da paixão e de outros sentimentos afins. Quanto ao filme, fico-me por aqui, acrescentando somente que nele revi Masculin, Féminin, de Godard, por exemplo, e também Truffaut (nas aventuras e desventuras de Antoine Doinel).
No entanto, aquilo que me deixou verdadeiramente assombrado foi a banda sonora do filme. É de uma elegância insuperável, acreditem. Como filme cantado que é, em vários momentos, As Canções de Amor, enquanto objecto de análise, tem nas suas canções um trunfo decisivo. Compostas por Alex Beaupain (letras e músicas) as canções são interpretadas pelos actores enquanto representam as suas cenas. Tudo nesses momentos é verdadeiramente belo. Deixo-vos a canção Je n' Aime que Toi (interpretada pelos actores Louis Garrel, Ludivine Sagnier e Clotilde Hesme) para poderem apreciar a magia de toda a cena:



Julie: Petit salaud, ton jeu est clair
Tu veux tout sans rancune
Le beurre, le cul de la crémière
Deux pour le prix d'une

Ismael: Petite garce, que tu es vulgaire
Que c'est laid dans ta bouche
Que cette jalousie m'indifère
Vois comme tu te couches

Alice: Je suis le pont sur la rivière
Qui va de toi à toi
Traversez-moi, la belle affaire
Embrassez-vous sur moi

Ismael: Je n'aime que toi (x2)

Julie: Petit salaud, petit pervers
Où as-tu mis les doigts?
D'où viennent ces odeurs étrangères
Surement pas de moi

Ismael: Petite garce vas donc te faire
Tu n'es pas moins farouche
Non tu n'es pas moins adultère
vois comme elle te touche

Alice: Je suis le pont sur la rivière
Qui va de toi à toi
Me passez dessus, la bonne affaire
M'enjamber pourquoi pas
Je n'aime que toi, toi, toi, toi, toi, toi
Je n'aime que toi

Julie: Petit salaud, qui tu préfère?
Qui tu veux? fais ton choix
Le bon vieux temps, la nouvelle ère
C'est elle ou moi

Ismael: Petite garce, qui je préfère
Tu le sais mieux que moi
Je préfère que tu sois légère
A la guerre à trois

Alice: Je suis le pont sur la rivière
Vos guerres me laissent de bois
Piétinez-moi, que puis-je y faire?
Je ne bouge pas de là, lalalala

terça-feira, 2 de junho de 2009

Poema

Antes do verso
a melodia e o desconcerto
da palavra por nascer

antes do encontro
das sílabas em ordem
o sopro da tinta
no papel do coração

antes de tudo
apenas o veludo
da ideia por crescer

o precipício
o caos do mundo
anterior ao tempo
do poema por viver

e nessa vida
(que vida existe
antes do poema acontecer?)
fechar os olhos
e não saber
se o que se vive
não é morrer

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Poema

Se não gostares
de beijos e abraços
de rosas brancas
ou de outros agasalhos
diz que sim
que gostas muito
que a vida é isso também
um sítio de mentiras e cansaços
para que vivamos melhor
sem que o melhor seja aquilo
que de bom
a vida tem