sábado, 28 de fevereiro de 2009

Poema

Não mintas por favor
nem digas o que sentes

o que o silêncio te disser
será o espelho do que és

faz dessa tímida imagem
o discurso dos teus dias

só assim dirás melhor
tudo aquilo que querias

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O tempo flutuante

As coisas em desalinho. A vida fora de sítio. O tempo em que viver era esbanjar a vida. E assim, das mais pequenas coisas, tudo se fazia: um olhar abandonado a pedir conforto, um tímido convite para irmos todos mais além, o prazer supremo de nada fazer. Virar os dias como páginas de um livro lido em silêncio. Depois, apenas os gritos ausentes de quem já não está cá para contar a história e o que dela sobrou. Quando o tempo sobra, sobra sempre tanto tempo...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

DARE

Nunca gostei dos Human League, mas adoro DARE. O disco apareceu em 1981, altura em que a música sofria nova viragem no que diz respeito à experimentação de um instrumento chamado sintetizador. A capa era já uma obra-prima: o branco era a nova estética e as imagens em fragmentos também. Uma após outra, as canções seguiam um irrepreensível e melodioso caminho. E os versos eram bonitos e cantáveis, em voz alta:

And when it hurts you know
They love to tell you
How they warned you
They say "don't be surprised
At someone's lies"
They think they taunt you
But if you can stand the test
You know your worst is better
Than their best

Um disco magnífico, surpreendente. Pouco tempo depois, já em 1982, surgiu também uma versão instrumental do mesmo Dare, chamado Love and Dancing. Mais outra obra-prima, talvez ainda melhor do que Dare. Mas não nos afastemos do disco de 81: aquele conjunto de canções foi um primeiro sintoma do que mais tarde muitos grupos iriam fazer. Abriu portas, foi decisivo. E por tudo isso, entra fulgurantemente neste Museu.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Poema

Queres agora a mão
a perna
o peito
ou antes queres-me
de outra forma
de outro jeito?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Poema

Fujamos
fujamos para longe
ou para dentro de nós
pelas estradas que circundem
o sonho de estarmos sós

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Em desespero...

Mesmo sabendo do resultado do jogo de ontem, tentei hoje de manhã, no www.slboogle.com, encontar um resultado mais do meu agrado. Podia dar-se o milagre... Não consegui, nem mesmo nesse parcial motor de busca. A vida, como a paixão pelo meu Benfica, pode ser uma coisa ingrata...

Os Desafinados



Os Desafinados, de Walter Lima Jr, estreou no Brasil no ano passado. Nunca chegará a Portugal, mas graças às maravilhas do ar da net, pode ser visto por qualquer um de nós. Eu já o vi e adorei. O filme conta com uma belíssima banda-sonora e com um elenco de luxo. Este é um trailer curto, lembrando o que a história registou para sempre, num célebre concerto de João Gilberto. Para o contentamento ser ainda maior, só falta mesmo um filme sobre o período tropicalista. Era o delírio...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

No tienen sexo los ángeles



Quando a vida era uma canção pop!

* video oficial da canção Los Ángeles, que abre Ronroneando (2008), o mais recente disco de Sr. Chinarro

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A musical CASE named NEKO

A menina mais gira da alternative country singer-songwriter americana está de volta no próximo mês. Neko Case edita Middle Cyclone a 3 de Março, mas já anda nos ares do meu iPod. E anda tão bem... Excelente música, excelente voz, excelente capa (e muito sexy, não acham?).

* o que se ouve hoje neste blog é uma canção da Neko, do ep Canadian Amp.

Poema

Talvez quem sabe
talvez um dia
talvez a neve
lançada em vão
me tape o corpo
por sobre o chão

Talvez um dia
talvez quem sabe
talvez o sol
da manhã quente
destape o frio
que o corpo sente

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Poema

Hoje não quero
hoje não posso
hoje não durmo
nem amanheço

(se o amanhã fosse hoje
hoje seria o recomeço)

Hoje não sinto
hoje não falo
hoje não acordo
nem anoiteço

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Alessi's Ark



Esta menina (tem 18 anos, segundo consta) e esta canção andam na minha cabeça há já alguns dias. Muitas vezes é exactamente assim que nascem os grandes amores das nossas vidas!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica ôh, êh, ôh!!!


O verdadeira benfiquista não tem dúvidas:
na net, não há outro motor de busca! Ora vejam só:


* e tudo ganha mais sentido...
** os tripeiros e os lagartos também podem usar. Nós somos magnânimos!!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Poema

Não há poema melhor
do que o cair da chuva
verso a verso
gota a gota
até nos sentirmos húmidos
molhados da água
transbordante das palavras

Não há poema maior
do que o das tuas lágrimas

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Poema

Que tamanho tens agora
que me pareces tão eterna
agora que te passeias nas nuvens
e relembras os dias antigos
num sorriso indefinido?

Que canção embalas no teu sono
para me teres acordado agora
de cabeça erguida
a vislumbrar o céu?

Onde se esconde aquilo que vejo
aquilo que ouço
aquilo que sinto
e que está tão vivo
que sei que morreu?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

La Bohème

Hoje vou à Ópera! É a minha estreia. Não sou amante, confesso. Nem apreciador. Mas vou tentar. E logo com uma ópera proletária, digamos assim: La Bohème, de Puccini. Desejem-me boa sorte, vá lá.

Há momentos que não se repetem...


Aos 12 anos, punha esta canção em repeat e adormecia.
Hoje vou tentar fazer o mesmo...

*Blondie, canção Shayla, do álbum Eat To The Beat.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Uma loira (em preto e branco)


Sim, eu sou deste tempo e em Portugal não havia mulher mais cool no mundo da música:
Gabriela Schaaf.

* originalmente, este post apresentava um video de Gabriela Schaaf cantando Eu Só Quero (Festival da Canção, 1979) em vez da imagem que agora se mostra. A substituição deveu-se ao facto do vídeo estar em formato autoplay, o que interfere com a sequência diária dos posts deste blog.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Poema

Para que nunca te esqueças
tenho sempre a luz acesa
a mesa posta
o lume brando

(só assim saberás a hora
do regresso ou da ausência)

tenho pão
tenho água fresca
e palavras por dizer

e uma cadeira vazia
se acaso te apetecer

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Falar de discos


Falar de discos! Que grande prazer!
Qualquer dia gravo um vídeo assim e ponho-o aqui.

* nesta escolha do Devendra Banhart também estão alguns dos discos da minha vida: alguém se atreve a adivinhar?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Poema

Dou por mim a pensar nos vazios
pois só no vazio se pensa
um poço uma boca aberta
um charco o sexo
de meninas e mulheres

até que o eco do vazio me pergunta
em tom de aberto desafio

o quê que queres?
o quê que queres?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Nudez sonora!

Há muitos anos atrás, José Cid apareceu quase nu em algumas fotos publicadas a propósito da forma como quem de direito tratava a música e os artistas portugueses. A polémica estalou e todos perderam com isso, na minha opinião. A verdade é que agora, anos depois, o grande Morrissey aparece em semelhante postura, embora acompanhado pelos elementos da banda que o ajudou no registo do seu último trabalho. A pergunta que fica é esta: porquê? Morrissey já nos mostrou tudo (e bem) enquanto artista e não precisava agora de dar o corpo ao manifesto... Como compreender a imagem, a pose, a estética desta quase absoluta nudez? Quem, como eu, sempre endeusou o grande líder dos The Smiths, fica agora perplexo (é o mínimo que posso afirmar) e sem saber dar resposta a tamanha ousadia (que, a bem dizer, nem me parece a melhor expressão, mas à falta de melhor...). A imagem que aqui se coloca está incluída no encarte do seu novo single, "I'm Throwing My Arms Around Paris". Afinal, pelo que se vê, Morrissey não quer apenas "abraçar" Paris com os braços! Antes com o corpo todo, ou enfim... quase todo!

Poema

Abrir as palavras ao meio

cortá-las

ver-lhes as vísceras

perceber de que são feitas:

se de hercúleas valências
se de forças rarefeitas

sábado, 7 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

El Oso y El Madroño (o coração em Madrid, parte V)

Numa das entradas para a praça Puerta del Sol, vive El Oso y El Madroño. Pesa 20 toneladas e é o símbolo da cidade de Madrid. O urso come medronhos e não incomoda quem passa. Nem mesmo quando lhe tiram fotografias. Há ursos assim, fotogénicos e simpáticos. Em Madrid.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Is there spirits in the room?

A culpa é do post anterior e desse senhor de bigode. Não se assustem!



*desculpem lá, mas apeteceu-me...

Good Old Nick

Mais dia menos dia já andará por cá. E eu vou tê-la debaixo de olho. Agora que Mick Harvey, seu companheiro de sempre, anunciou a saída dos Bad Seeds, é grande a expectativa em relação ao rumo que Nick e seus amigos irão seguir. Para já, a revista!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Poema

Uma ideia
pequena
ínfima
átomo
do mínimo
de mim

É preciso
ser enorme
para me sentir
assim

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Também o corpo

Também o corpo se insinua. Também o corpo se mostra aos mais atentos. Na penumbra dos olhares, o corpo manifesta-se por nós. Não há vontades confessadas. Apenas vontades, um desejo que por instantes esqueceu a timidez em qualquer canto, um esgar de dança por sobre a flanela quente da pele. Também o corpo vive, desesperadamente. O desespero de não ter, de não querer ou de querer tudo de uma vez. Também o corpo tem páginas de histórias por contar, páginas de histórias à procura de um leitor.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Taça é minha! E é de Ouro!


No passado dia 29 de Janeiro, a minha querida amiga Cati lembrou-se deste blog e atribuiu-lhe dois prémios. Que exagero! Que bom! Aqui estão eles, triunfantes! Obrigado, amiga. Muito obrigado.

Eu nunca bebi café, mas é como se o bebesse (o coração em Madrid, parte IV)

Não bebo café, nem bebi café no Starbucks. Provei-o, apenas. E garanto que me apeteceu beber um inteiro. Como era eu que o pedia, a embalagem vinha com o meu nome escrito. Achei poético, vá lá saber-se porquê! Tudo pode ser tão enganador, não é verdade? Ou tão poético, o que muitas vezes é quase sinónimo. As idas ao Starbucks foram muitas e serviam muitas vezes para enganar o frio que se sentia nas ruas de Madrid. Depois, já mais quentinhos, lá íamos nós outra vez...

* sim, eu sei: o título deste post tem algo de Alberto Caeiro

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Poema

Sobretudo o tempo
e o seu transtorno
a dor nas costas
a dor do mundo
um suspiro profundo
sobre as coisas
que nos passeiam nas mãos

E sobretudo o tempo
areia fina dos dias
que passaram sem sentido
corpo perdido
margem por atravessar
silêncio activo e mudo
é o que fica sobretudo