sábado, 26 de julho de 2014

Poema

Estendo-me ao comprido
e reparo na extensão que ocupo

é mínima
e nela não cabe sequer
parte dos sonhos que vivo

onde se encontrarão então
e o que representam
essas imagens de futuro

Não por certo
o lugar seguro e breve
do corpo estendido

sem espaço em si
para dar lugar a estas
linhas sem sentido

terça-feira, 22 de julho de 2014

domingo, 13 de julho de 2014

domingo, 6 de julho de 2014

Domingos de Azevedo


O meu pai ofereceu-me, há poucos dias atrás, o livro que a imagem documenta. Comprou um para si, outro para mim. O autor é um velho amigo do meu pai, repórter viajante do mundo, homem sempre  pouco capaz de se vergar a dependências profissionais ou outras de igual melindre. Há muito que devia a si mesmo, e aos amigos, este livro. Saiu agora, pela Chiado Editora, e nele recorda momentos que a vida lhe ofereceu. Uma ou outra passagem mostram bem o que no livro se pode ler: "como jornalista / alfinetei bastantes pessoas / mas foi como se exercesse / acupunctura / alfinetei / não sangrei / foi mais como um pontapé / no rabo" (pág.210) ou ainda, "perguntou se eu era / o domingos de azevedo / de lourenço marques / ao que respondi / o que resta dele" (pág.150). Sempre teve um sentido de humor muito particular...
Ainda me recordo de ter estado com Domingos de Azevedo uma ou outra vez, na companhia do meu pai, e do momento em que recebi dois bibelots (pequenas estatuetas que havia comprado na América Latina, e que ainda hoje existem em minha casa) que, entretanto, resolvera vender, tanta seria a "tralha" que teria em casa. Depois, já adulto e vivendo na Parede, cheguei a vê-lo a andar pelas ruas da vila, onde também habitou durante algum tempo. Sei que atualmente vive em Braga, com a filha, e que já passou por melhores dias. Mas, lendo o livro recentemente publicado, percebo que a riqueza da vida continua a estar, sobretudo, naquilo que se viveu, e não no que se pode encontrar no bolso das moedas das calças que vestimos. 
Mando-lhe um abraço, mesmo sabendo que não chegará ao destinatário. Afinal, o que importa mesmo é não dizer adeus.