segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Enid


Enid Blyton marcou a minha infância. Isso fez-se notar, desde muito cedo, quando ainda em Moçambique, através das aventuras do Noddy, e também mais tarde, já em Portugal, lendo as aventuras d'Os Sete, e sobretudo com os 21 livros da coleção d'Os Cinco, da Editorial Notícias. Muitas e muitas horas passei eu envolvido nos mistérios daquele grupo de crianças... Conhecia, naquela altura, a ilha Kirrin tão bem como eles, o que pensavam Julian e David, Ana ou Zé, nunca deixando de parte Tim, companheiro canino de toda aquela gente. Era quase da família, e sempre me senti bem em companhia de tão célebre quinteto. Fui sabendo, à medida que deles me fui afastando devido ao avançar da idade, que a britânica escritora não foi, como inconscientemente desejava, um exemplar modelo de virtudes, ao longo do seu tempo de vida. A sua existência revestiu-se de uma enorme complexidade, desde logo pelos conflitos familiares enquanto criança, mas também por ter vivido as agruras de duas guerras mundiais, o divórcio, a frieza com que tratou os seus próprios filhos, a sua própria família, o modo como usou os que a rodearam, o sofrimento quase constante devido às críticas que foram marcando a sua carreira, principalmente quando duvidavam da capacidade de escrever tanto, em tão curto espaço de tempo. Enid chegou a escrever mais de 20 livros num só ano, tendo ultrapassado largamente a barreira das 700 obras durante toda a sua vida! No entanto, há muito aprendi que os fáceis juízos de valor que por vezes fazemos, mais não são do que exercícios óbvios de estupidez e falta de senso, pelo que tenho perdido, aos poucos, a tendência de cair nesses erros. Acontece que vi Enid, o filme de James Hawes, muito recentemente, facto que me elucidou sobre questões que há muito me acompanhavam sob a forma de dúvidas. Estou esclarecido, finalmente. Proponho-vos que vejam o filme, se a vossa curiosidade assim o desejar. Muito british, Enid conta com o sempre notável desempenho de Helena Boham Carter, no papel da escritora que já vendeu mais de 500 milhões de livros em todo o mundo. E agora, que se publica em Portugal uma nova edição dos famosos livros d'Os Cinco, este filme pode bem ser uma forma de fechar um ciclo que há muito se abriu em mim.

* filme não disponível em edição Portuguesa.


domingo, 30 de outubro de 2011

Poema



Não esquecer
de preparar a hora
do encontro
em lençol branco
(que é das suas simpatias)

Para antever o corpo nu
em diversas geometrias

* imagem de Une Femme Mariée, de Jean-Luc Godard

sábado, 29 de outubro de 2011

Norman


Será possível querer ver um filme, sobretudo por causa da sua banda sonora? Sim, claro que sim. Norman (2011), de Jonathan Segal, tem banda sonora de Andrew Bird, e isso é já qualquer coisa de significativo para mim.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Live at the Manchester International Festival, July 2011

Depois do disco de estúdio (Biophilia), faço agora referência ao concerto de apresentação do mesmo. Não há, pelo menos que eu saiba, cd do acontecimento, porque é mesmo disso que se trata, de um acontecimento! A versão em mp3, de altíssima qualidade, pode ser encontrada na net, e vale mesmo a pena. Vale tanto que me apetece formular um desejo: vê-lo e ouví-lo em Portugal.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Poema

Compreendo agora
os passos que damos sem pensar

Ir além do pensamento
é viver sem hesitar

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sheena Is a Punk Rocker (agora em conto)

O meu texto / conto baseado na canção Sheena Is a Punk Rocker, clássico dos Ramones já está online, para quem o quiser ler. Podem encontrá-lo, clicando aqui. E, why not, podem deixar o vosso comentário no blog da Mojo Books, logo a seguir ao espaço ocupado pelo texto. Eu agradeço.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quando o meu coração parar

Quando o meu coração parar
talvez tudo ao mesmo tempo
possa então recomeçar

Um choro! Um grito! E acordar
já sem memória do instante
do que fui noutro lugar

domingo, 23 de outubro de 2011

R.E.M. (pequeno tributo post mortem)

Há já algum tempo que sabemos, oficialmente, que os R.E.M. acabaram. Lamento sempre, quando uma banda que me fez crescer enquanto ouvinte coloca um ponto final no seu percurso. Mas, como se costuma dizer, é a vida. Na verdade, a vida dos R.E.M. já padecia há muito de uma qualquer doença que os atacou no pós Up, disco que encerrou (e já não da melhor maneira) um caminho exemplar. Assim, por ainda não ter aqui, neste blog, referido esse recente fim, recordo um vídeo, e um disco, que nem sempre teve os melhores elogios por parte da crítica, nem por parte de alguns amigos meus também adoradores da banda, e cuja opinião, para mim, é sempre mais importante do que a da própria crítica musical. Refiro-me a Pop Song 89 (o vídeo), e a Green, o sexto trabalho de longa duração dos rapazes de Athens, Georgia. Green é um belíssimo LP, com canções enormes, pelo menos para mim: Stand, World Leader Pretend e Orange Crush são, talvez, a par da já citada Pop Song 89, algumas das canções que mais facilmente ficarão na história do legado musical da banda de Stipe. O vídeo, para além de entrar na extensa galeria de telediscos que mostram alguma nudez parcial (três mulheres dançando em topless, e Michael Stipe em igual figura), revela certos truques de imagem típicos da época, como partes da letra da canção visíveis no ecrã, passagem rápida de planos, imagens a preto e branco. Vídeo de low budget, se porventura as raparigas nada (ou pouco) cobraram pela exposição dos seus predicados. Mas o tempo, como sempre, passou e os R.E.M. morreram. Que vivam para sempre, os R.E.M.!


sábado, 22 de outubro de 2011

Ela voltou

Estou completamente rendido em relação ao último disco de Björk. A minha adorada islandesa fez o seu melhor disco desde Vespertine, obra prima absoluta. Agora chegou com Biophilia, e volta a tecer sons e imagens poéticas através de canções que parecem tão frágeis, fáceis de quebrar ao mínimo descuido da sua voz. A competência mantém-se, mas mais do que isso, está cada vez mais exuberante, embora cada vez mais íntima, também. Um dos discos do meu Top 10 do ano? Sem dúvida!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Poema

Põe no papel
o que te vai na alma

Sabendo bem
que o que vives pouco conta

Não penses
noutra coisa senão nisso

E notarás
que é no papel que o ser se encontra

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que você quer saber de verdade

Já se conhece, desde dia 13, a capa e o título do novo disco de Marisa Monte. Também se conhece a data das edições, tanto física como digital: 31 de outubro. Até já sabemos os nomes das faixas do álbum. Resta ouví-lo, e isso é o que mais importa. Os suspeitos do costume foram todos chamados (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown), mas há novidades, como a da participação de Rodrigo Amarante, por exemplo. A minha expectativa é mais que muita, quase juvenil, de fã que sou, incondicional. A capa deste oitavo trabalho de Marisa Monte foi feita por Giovanni Bianco, que já trabalhou em capas de discos de Madonna, por exemplo, e parece-me bem bonita, apelativa, moderna. Suspeito que entrará na minha lista dos melhores do ano. A ouvir vamos...

As canções e os seus títulos:

1. O Que Você Quer Saber De Verdade
2. Descalço No Parque
3. Depois
4. Amar Alguém
5. O Que Se Quer (com Rodrigo Amarante)
6. Nada Tudo
7. Verdade, Uma Ilusão
8. Lencinho Querido (El Panuelito)
9. Ainda Bem
10. Aquela Velha Canção
11. Era Óbvio
12. Hoje Eu Não Saio Não
13. Seja Feliz
14. Bem Aqui

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Esperar, esperar

O que esperar de mais uma original soundtrack de John Williams? Mais um clássico, seguramente. O veterano foi uma escolha pouco arriscada, tais as provas dadas no seu conhecido e histórico passado. Já se ouvem por aí, em alguns sites, previews de todos os temas compostos para o filme, e a coisa promete. Sempre gostei de ouvir bandas sonoras. Sempre gostei de John Williams. Sempre gostei de Tintin. O que pode, então, falhar? Nada, julgo eu. Resta-me, portanto, esperar, esperar...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Comissão das Lágrimas

Ainda e sempre a mesma voz, o mesmo livro, o doído prazer de ler até à última página, com o coração nas mãos. Que A.L.A. esteja sempre connosco!

domingo, 16 de outubro de 2011

Christophe Honoré e Alex Beaupain

Juntos de novo, depois de Les Chansons d'Amour, que eu tanto gostei e referi neste blog. Novo "musical", para minha enorme satisfação. Quero muito ver, e ouvir.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fumador de imagens

Gosto de visões artísticas que podem surgir acerca de assuntos sérios, mesmo que do quotidiano. Sou fumador dessas imagens, e apenas isso.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Poema

Estender palavras
ainda húmidas
pela máquina do tempo

Depois
no instante certo
serão a pele do momento

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Desta vez não vou, Julian!

Não estivéssemos nós em tempos difíceis, e perderia a cabeça, como perdi em 2006. Enfim, melhores dias virão, I hope.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Starman


Graças ao meu bom amigo Bubbs, recebi há dias e leio agora, fascinado, as quase duas centenas de páginas de The Ultimate Music Guide - Bowie. Excelente revista, com excelentes artigos sobre os discos, a carreira, as vicissitudes de uma vida cheia de grandes, e por vezes tenebrosos, acontecimentos. Como já neste blog escrevi, aprendi a gostar bastante de Bowie já em pleno século XXI. Devia ter vergonha, eu sei, mas serviu-me de emenda e tenho recuperado o tempo perdido, ouvindo-o, lendo sobre ele, vendo os filmes em que participou. Não é uma obsessão, mas é viral.

domingo, 9 de outubro de 2011

Referências

Imaginou abraçar a Vénus de Milo
e sentiu nesse momento
a Insustentável Leveza do Ser

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Benfica


Só é grande quem assim nasce!

* Noah Lennox, voz dos Panda Bear e membro dos Animal Collective é fã do Benfica, como se sabe. O vídeo da canção com o título mais bonito do mundo chega a ser comovente.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O ciclo da vida

O Senhor Stein apareceu à janela, pela fresquinha, ainda com o pijama vestido. Olhou para a rua, apercebendo-se da chuva noturna que havia caído, apesar de ver, virando a cabeça para cima, que o sol parecia ter vindo para ficar. Lembrou-se, nesse instante, do tempo em que, ainda criança, estudava, fascinado, o ciclo da água. Há lições que não se esquecem, mesmo passados tantos anos. Tudo estava de novo ali, à sua frente: ele, aluno com vontade de aprender, o sol, as nuvens, a água no chão, e aquele momento tão distante no lugar do coração.

sábado, 1 de outubro de 2011

Phaedra


Um disco outonal, para bem começar outubro. Na minha cabeça, desde sempre, outubro é um mês importante por marcar a fronteira entre dois mundos: o solar e o lunar. Entramos, em outubro, na sombra dos tempos. Agora tudo ficará mais denso, sombrio, menos iluminado pela cinza dos céus, pela profusão de nuvens e da chuva. Nem sempre acontece, é certo, mas na minha cabeça entro hoje nesse território que regressa todos os anos, ciclicamente. Daí que, para calar a escrita e aproveitar o som, vos deixo este disco. Sem mais palavras, até porque o disco também não as tem.