sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Casa da Seda


Eu não fazia a mínima ideia disto! Passo a explicar: há um novo livro de Sherlock Holmes, mas não foi escrito pela mão de Arthur Conan Doyle. Pela primeira vez, os herdeiros do escritor permitiram que uma nova aventura do famoso detetive surgisse à luz do dia. O autor de A Casa da Seda é Anthony Horowitz, conhecido argumentista e escritor de mais de cinquenta romances, alguns deles infantis. Pelo que julgo saber, não há edição portuguesa, embora no Brasil, por exemplo, o livro esteja à venda desde agosto. Leio, pelas críticas, que esta nova aventura é excelente, bem à maneira dos livros de Doyle. Tenho de meter mãos ao trabalho e tentar obter este livro rapidamente. Nada como matar saudades de Sherlock e Watson nestes dias de frio, alguma chuva e algum sol.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Eles estão de volta (em 2013)


Afinal, 2013 pode não ser um ano tão mau como se julga: Nick Cave & The Bad Seeds estão de volta com Push The Sky Away!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Admiração tátil


Fossem também minhas estas mãos e estes afetos...
(supostamente, Abraçaço sai até ao final de novembro)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Blake e Mortimer estão de volta!


(capa original das edições Asa)

Ainda não terminei a leitura de O Juramento dos Cinco Lords, da dupla Yves Sente e André Juillard, o livro que traz de volta os meus queridíssimos Blake e Mortimer. Para já, e quanto ao enredo, não me vou pronunciar. Refiro-me apenas à capa escolhida pela Asa, uma das mais interessantes das últimas aventuras da famosa dupla de amigos. Como vem sendo tradição, a Fnac portuguesa apresenta a obra com uma segunda (e exclusiva) capa, desta vez pouco feliz, na minha opinião. Aqui ficam ambas, para que a escolha possa ser vossa também.



(capa exclusiva da Fnac portuguesa)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

I want the world to stop


(um pouco de pop para limpar a cinza dos céus)

* este não é o vídeo oficial da canção I want the world to stop, dos Belle and Sebastian.

domingo, 25 de novembro de 2012

Talvez

O Senhor Stein não consegue dormir, apesar de estar na cama há mais de duas horas. Queria adormecer profundamente no sonho da noite anterior. Queria voltar ao pátio da escola, à sala onde aprendera os encantos das letras, recordar-se das primeiras amizades. É difícil adormecer quando se deseja viver o que há muito tempo aconteceu. Talvez o melhor seja não lembrar, pensa o Senhor Stein. Talvez o melhor seja não viver os dias antigos, e ter apenas como amigos os dias de agora. Talvez o melhor seja perceber que viver de sonhos é não entender que o tempo só quer que neles nos fixemos para nos deitar fora.

sábado, 24 de novembro de 2012

Poema

Ainda me lembro
da noite sombria
do vento revolto

Era sempre pouco
o tempo a teu lado
por muito que fosse

E agora que o vento
recita baixinho
poemas distantes

Ouço a voz do tempo
que evoca o lamento
do que fomos antes

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Poema

É quando o outono
se instala no corpo

Quando incomoda
a sombra que se aninha

Que surge a ideia
que a vida inteira
compromete:

A felicidade
é o que o nascer do dia
nos promete

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Portugal

Eu sabia que o olhar gélido
e fixo no chão
não era normal
e suspeitava que não falava
porque não podia
ou por outra qualquer razão
que não dependia de mim

Eu queria que nada fosse verdade
da realidade que se conta assim

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Metamorfose (audiolivro)


Ando a ouvir A Metamorfose no meu iPod, e não consigo esconder o prazer de me sentir ouvinte de um livro que já li mais do que uma vez. Aconselho a experiência. Dura 2h e 40 minutos, na voz de Antônio Petrin (editora Unifa).

sábado, 17 de novembro de 2012

A Metamorfose (banda desenhada)


Mais uma (deliciosa) maneira de ler A Metamorfose, aqui pela mão de Peter Kuper. A Conrad Editora do Brasil Ltda publicou há já algum tempo esta belíssima obra, que facilmente pode ser encontrada na net. Vale mesmo a pena!

* clique na imagem para aumentar o seu tamanho.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Metamorfose (texto)



«... Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua cama metamorfoseado num monstruoso insecto. Estava deitado de costas, umas costas tão duras como uma carapaça, e, ao levantar um pouco a cabeça, viu o seu ventre acastanhado, inchado e arredondado em anéis mais rígidos, sobre o qual o cobertor a escorregar, dificilmente se mantinha. As suas numerosas patas, lamentavelmente raquíticas, comparadas com a sua corpolência, remexiam-se desesperadamente diante dos seus olhos. "O que me aconteceu?" ... »


Este é, certamente, um dos inícios mais conhecidos de toda a literatura mundial. No entanto, muitos dos que se renderam a este texto de Kafka poderão não conhecer alguns dos outros formatos em que esta mesma obra pode ser encontrada. O texto em questão já teve inúmeras traduções portuguesas, pelo que a edição da Relógio D'Água que a imagem documenta é apenas mais uma, embora o prefácio de Nabokov lhe acrescente algo de especial. O que vos trarei em próximos posts é A Metamorfose metamorfizada, digamos assim. Primeiramente em BD, e depois em Audiolivro. É só esperarem mais uns dias...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Para não dizer Adeus

Gosto tanto quando as páginas me levam, as palavras em desfile à minha frente, eu outra vez a pensar que é desta que morro de amores uma vez mais, e noto (sem querer) que ainda me falta tanto para escrever assim, tantas vidas ainda para encontrar quem me comova na medida certa, sabendo que prometes silenciar a voz que leio agora, que prometes estar para breve, mas eu sei que ainda não chegou esse tempo quando viro mais uma página e a voz ainda existe, ainda lá está, ainda me pega pela mão, ainda me faz festas na alma como se fosse apenas eu a existir, tu a queres calar a voz, eu a escutá-la agora enquanto escrevo, eu sem conseguir dizer o que pretendo, tu sem pretenderes nada e a dizeres-me por inteiro, que coisa é esta que acontece e me comove ao ponto de uma lágrima, logo a mim que não gosto de chorar quando estou feliz, logo a mim que gosto tanto quando as páginas me levam para tão longe, que coisa é esta que parece ser magia, que parece conhecer-me desde sempre, mas nós nunca nos conhecemos António, nunca nos encontrámos noutro sítio senão aqui, neste cenário branco em que me encontro, ou em que te encontras, já nem sei, já estou perdido, já não pareço capaz de outra coisa que não seja virar mais uma página, escrever mais uma linha temendo que cumpras a promessa que fizeste tantas vezes já, lembrando que foram tantas as vezes em que me levaste por caminhos que são agora mais meus que teus, percebes, percebes a incongruência disto que te digo António, percebes que só quero que continuemos a encontrar-nos, que continuemos a virar páginas, autores de uma qualquer voz que sendo tua e minha não parece ser de ninguém, que sendo também minha não a reconheço por mais que isso me custe, seria preciso viver tantas vidas para escrever assim, e eu bem tento, e eu bem me esforço, e eu que gosto tanto quando as páginas nos levam (eu e tu) até aos abismos das vozes que nunca se calam, pois não, que nunca se calarão, pois não António, embora vá ficando tarde eu sei, embora tudo se esgote com o tempo eu sei, embora tudo tenha um fim, como o virar de uma página deixando outra para trás, como uma linha que se escreve para esquecer a anterior, tudo para morrermos de amor uma vez mais, tudo para vivermos este amor uma vez mais.

* este texto vem a propósito da crónica Adeus, de António Lobo Antunes, publicada na revista Visão, a 25 de outubro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Poema

Sei os caminhos
que devolvem

As tuas formas lunares
às minhas mãos

A tua inteira
e imensa timidez

Não tem regras
nem fronteiras

Porque o corpo
é só o corpo

Mesmo que o desmintas
ou não queiras

Mas chegará o dia
em que a nudez

Espalhada assim
por sobre a cama

Será por fim nudez capaz
sobre quem ama

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

domingo, 11 de novembro de 2012

É na Terra, Não é na Lua


Vi ontem, maravilhado, este fabuloso filme/documentário sobre a ilha do Corvo, "abandonada" em pleno Atlântico. Desde muito novo, quando na 3ª e 4ª classes tinha aulas de geografia e história de Portugal, que a ilha do Corvo, mais do que qualquer outra, me despertava a curiosidade, e sempre desejei visitá-la. Deve ser épico lá viver! Gostava mesmo de lá passar uns dias, e de pedir à senhora Inês que me fizesse um "gorro do Corvo", como a vi fazer no filme... É na Terra, Não é na Lua, de Gonçalo Tocha, é um dos acontecimentos cinematográficos do (meu) ano, sem margem para dúvidas.

sábado, 10 de novembro de 2012

Diários


Voltarei a estar contigo dentro de dias, Al Berto. As páginas de Diários serão a minha próxima leitura, diariamente, enquanto durarem. Talvez não saibas, mas conheci-te com Salsugem, era eu aluno ainda, a terminar o secundário. Depois fui seguindo o que escrevias, à distância. Via-te quase sempre na Feira do Livro, ano após ano, na inclinação do Parque Eduardo VII, e a imagem que ficou e que mantive até hoje é a de um homem sem jeito ou vontade de ali estar, atrás de um balcão, rodeado de livros, numa barraquinha onde ninguém parava. Depois deixei de te ver. Depois nunca mais ninguém te viu. Depois o tempo continuou a passar, até que regressas agora Al Berto, com o mesmo olhar de quem quer esconder-se, com o mesmo jeito ou vontade que mostravas ter (ou não ter, talvez) no tempo em que me lembro de te ver, quase sempre ao fim da tarde, já quase noite, sombria imagem de cigarro na boca. Dentro de dias voltarei a estar contigo, isso é bem certo, embora já não na Feira, já não no Parque, mas no único lugar que sempre foi teu, e que sempre habitaste.

* o volume Diários é publicado pela Assírio e Alvim, e já está disponível desde final de outubro.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Poema

As horas passam
parecem formigas rasteiras
seguindo o caminho
que só elas conhecem

Para onde vai o que foi
para onde irá o que vem?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Memories, how they fade so fast

O Senhor Stein foi à sua habitual ervanária e comprou Aloe Vera em comprimidos. Comprou, igualmente, um complexo de vitaminas B. Como já tinha pouco em casa, achou melhor reforçar a dose de magnésio, uma vez que nem sempre lhe apetece comer bananas. Sabia que tinha mais um ou outro produto para comprar, mas deixou em casa o papelinho onde havia apontado tudo o que precisava. Como a memória não anda lá grande coisa, esqueceu-se de comprar ginkgo biloba, e passado quase um mês ainda não se lembrou de voltar à ervanária, uma vez que também se esqueceu onde deixou o papel que tanta falta lhe faz, embora nem se lembre disso.

* o título deste post é um verso (e uma homenagem minha) da canção I Am a Camera, dos The Buggles.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A beleza das coisas belas


Já não se fazem capas assim, já não se fazem discos assim, já são outros os tempos, são outras as estéticas vigentes, mas não consigo deixar de olhar para muitas das capas dos The Smiths sem me comover um bocadinho. Por vezes, as memórias são madrastas por se reportarem a tempos que só existem lá muito ao fundo, onde o coração bate sem corpo que o acompanhe. Talvez porque a "beleza das coisas belas" é muito mais do que uma expressão redundante, talvez porque quando ouvimos o que está por dentro de capas assim, ficamos assim também, como as imagens das capas, presos a uma ideia, a um momento que ainda vive em nós, respirando baixinho, sem incomodar, como um animal da nossa eterna estimação. As capas dos discos dos The Smiths mereciam um museu, ou coisa de igual grandeza. Os discos dos The Smiths mereciam mais do que isso, mereciam ser ouvidos, mereciam ser ensinados nas escolas, mereciam estar colados em todos os corações de gente bonita, como as que estão nas imagens das capas dos seus discos.






terça-feira, 6 de novembro de 2012

Alt-J (∆)


Vamos lá ver se consigo ser absolutamente claro: este é O DISCO DO ANO! É muito pouco frequente acontecer-me algo assim, como há dias deixei aqui bem evidente. Empatias extremas e paixões imediatas e inquestionáveis como a que me está a acontecer, só têm paralelo, recentemente, em trabalhos como os de James Blake, Casiotone For The Painfully Alone, Jeremy Jay e poucos mais. Mas agora surge este som dos Alt-J (∆), surge este An Awesome Wave que me tem arrastado como se de um tsunami sonoro se tratasse. É devastador, mas no bom sentido. E é urgente! Ouçam, ouçam e vão ver que me ficarão eternamente gratos!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Autoamerican, auto-retrato

Imagens antigas, imagens recentes que evocam os tempos antigos. Este Autoamericam é quase um auto-retrato meu. A minha vida não seria a mesma (mesmo agora) sem Autoamerican. Muitos desvalorizam o disco, outros prestam-lhe homenagem, uma vez mais...


(capa e contracapa originais)



(capa original com intruso)



(paródia gráfica à capa original)

domingo, 4 de novembro de 2012

Poema

Primeiro escrevo
depois apago

Assim se constrói um poema

Corpo a um só tempo pleno
e no mesmo instante vago

sábado, 3 de novembro de 2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

An Awesome Wave

 
(capa do disco An Awesome Wave, dos britânicos Alt-J)

Este é um disco surpreendente! Raras são as vezes que sentimos um disco como verdadeiramente nosso. Aconteceu-me isso com An Awesome Wave. E agora, é só navegar...



(é com Intro que a wave começa)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Debaixo da mesa

Quando de saias
juntava sempre as pernas
debaixo da mesa
para evitar correntes de ar