domingo, 28 de fevereiro de 2010

Outro retrato em branco e preto...

... a maltratar meu coração.

* "pintado a pastel", no iPhone do meu cunhado Zé.
** também aqui se nota a idade que dá razão aos versos de Retrato em Branco e Preto.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

I like you, Jeremy Jay (II)

Jeremy Jay continua a fazer as minhas delicias! O primeiro de dois discos agendados para este ano já me entrou na cabeça e de lá não quer sair! Chama-se Splash e é o natural prolongamento dos seus trabalhos anteriores. Se, na verdade, não traz nada de novo, Splash apura o sentido de uma estética muito pessoal, tão do meu agrado. Esperemos então pelo anunciado Dream Diary, a sair lá mais para o fim de 2010.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Poema

Seria preciso
um outro tempo
talvez mais sol
ao fim do dia
e outra constelação
no firmamento

Seria preciso
estarmos sempre
inconscientes
do momento
porque a vida
(a verdadeira)
é a que há
no pensamento

* Sevilha, 16/1/2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Poema

Em cada coisa
um som
um gesto onde poisar
um som
por entre as paredes
da casa
um som
reprimido
em cada coisa
esquecida por aí
um som
que ninguém ouve
como a chuva para lá dos vidros
e dentro de nós
como que a gritar
um som
que por momentos
não se ouve
nem se entende
porque há dias
onde o que não se ouve
é o que se diz
mesmo que seja só
um som
em cada coisa

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Poema

Pousa ao de leve
os pés no chão
e não penses
no teu peso
sobre a terra:

Eu sei
há hábitos difíceis de perder!

Até porque
como sabes
haverá sempre
um outro peso
mais difícil de pousar

Mas tudo passa
tudo sempre passa
enquanto o corpo
respirar

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pavement

Sai a 9 de Março o primeiro Best Of dos Pavement. Agora que se sabe que a banda de Stephen Malkmus vai fazer uma digressão antes de encerrar definitivamente o seu percurso, vale a pena arriscar o alinhamento do cd (de 23 temas, ao que parece), pois se acertar poderá ir vê-los ao vivo. É só ir ao site da Matador Records e tentar a sua sorte. Quarantine The Past é o nome do disco, e a capa é bem à Pavement!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Autogeddon

Nem sempre escolhemos como preferido aquele que sabemos ser o melhor disco de um determinado artista. Aceitar esse facto é a melhor forma de lidar com essa realidade. Por isso escolho Autogeddon, de Julian Cope, em vez de escolher um dos seus trabalhos mais conceituados, como Peggy Suicide, ou Jehovahkill, por exemplo. Há muito que queria incluir um disco do meu adorado Julian Cope neste Museu tão especial. E escolho Autogeddon porque desde a primeira audição me deixou fascinado pela estranha elegância de certas canções, como Don't Call Me Mark Chapman, por exemplo. Mas também porque Madmax, Paranormal In The West Country ou Ain't But The One Way são canções delirantes e belas, das melhores que o Arch Drude inglês tem produzido. No entanto, é com s.t.a.r.c.a.r (exactamente grafado assim) que o disco atinge o seu momento mais sublime: a guitarra de Moon-Eye, que se faz sentir desde os primeiros instantes da canção, viaja para sempre na cabeça de quem a ouvir. Sim, para sempre! Além de tudo isto, o disco revela uma certa loucura sadia (nas letras, nos ritmos, num certo imaginário apocalíptico...), bem típica do seu criador. Julian Cope juntou-se a Thighpaulsandra, Donald Ross Skinner, o já referido Moon-Eye e outros mais para criar este estranho Autogeddon, tão do meu agrado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Poema

Já quase não existo
no que escrevo
talvez nem mesmo
no que deixo
por escrever

Quem existe assim
(tão renitente)
não precisa de viver

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Poemas

Apago as luzes da rua
mas não apago
o brilho da tua voz

Canta-me o que quiseres
agora que o silêncio
quase não tem luz
e quando somos corpos
vestidos nas vontades
de os termos nus

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pauline, dormindo!

Há imagens que valem um filme! O corpo em repouso, a vontade de beijá-lo, o desejo impossível de conter.

* imagem de Pauline à La Plage, de Rohmer


sábado, 13 de fevereiro de 2010

I am a Frisbee fan!

Este senhor morreu ontem. Chamava-se Walter Frederick Morrison e era norte americano. Viveu 90 anos, deixando-nos para sempre (a ideia de eternidade é um sublinhado meu) um brinquedo chamado Frisbee. Desde 1957 que o Frisbee delicia as crianças e os adultos do mundo inteiro. É (e sempre foi) exactamente assim, também comigo. O advogado e amigo de Walter Frederick Morrison, o senhor Kay Mclff, deixou no ar esta clarividente questão: "How would you get through your youth without learning to throw a Frisbee?" E com isso disse tudo!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

I like you, Jeremy Jay

Gosto de Jeremy Jay! Não tem uma grande voz, não é um compositor de excepção, nunca gravou um disco soberbo, tudo nele parece não ser destinado ao grande estrelato. Tem, até ao momento, uma carreira curta: um ep (Airwalker, de apenas 6 temas, sendo um deles uma versão de Angels On The Balcony, dos Blondie), e três álbums (A Place Where We Could Go, Slow Dance e Dreamland* sendo que Splash e Dreamy Diary sairão ainda este ano). No entanto, gosto bastante de Jeremy Jay. Talvez porque me faz pensar nos anos 80 (e nos 70, e nos 60 também), porque parece algo displicente na forma de estar nas canções, porque nele sinto referências de muitas bandas / discos que me agradam, ou talvez porque sempre gostei daqueles que se vão impondo aos poucos, que vão revelando os seus trunfos de forma pouco descarada, que se vão interiorizando até permanecerem firmes em mim, inequivocamente. Ainda é cedo para dizer que Jeremy Jay é muito melhor do que disse nas primeiras linhas deste post, embora cada vez mais me mentalize disso. Jeremy Jay não é conhecido em Portugal, o que não é uma coisa dramática, convenhamos. A verdade é que gostava que alguém o trouxesse aos nossos palcos, não apenas para meu grande contentamento, mas porque Jeremy Jay merece!


Airwalker, do ep com o mesmo nome.

* Dreamland é uma banda sonora instrumental de um filme estrelado pelo próprio Jeremy Jay

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

6 x Rohmer

Comprei e ando a (re)ver! A box Comédias e Provérbios inclui A Mulher do Aviador, O Bom Casamento, Paulina na Praia, Noites de Lua Cheia, O Raio Verde e O Amigo da Minha Amiga. Como se vê, seis boas razões para mimar a minha vida!

* esta edição Atalanta Filmes / Fnac é um luxo, apenas parca em extras.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pedra

A pedra muito me encanta
por ser assim definida

Pedra como sentimento
duro de despedida

Como pedaço que fica
de um tempo que é ainda

Pedra que apenas se finda
na dureza estabelecida

* ao jeito de João Cabral

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sevilha Andando (o livro)


Ando a reler este livro, que tenho comigo há mais de 20 anos. Ultimamente, quase só leio poesia, embora os livros de João Cabral de Melo Neto sempre me pareceram dificilmente catalogáveis nesse género. A minha recente estada em Sevilha fez-me voltar ao texto, o último escrito pelo poeta brasileiro. Deixo-vos os versos iniciais do poema Sevilha em Casa, para que percebam o conforto que a cidade (e o livro) me transmitem.

Tenho Sevilha em minha casa.
Não sou eu que está chez Sevilha.
É Sevilha em mim, minha sala.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sombras

Os gatos andavam pela casa como espíritos sem regras nem maneiras. Eram muitos, mas pareciam ainda mais, quando miavam em coro e se enroscavam nas pernas em jeito de conversa, como que a dizerem Olá, estou aqui! Mas a casa estava vazia, apenas habitada por gatos e pessoas que não pareciam pessoas nem gatos, antes sombras de um qualquer sonho que ninguém deseja ter. Uma casa onde as sombras eram gente sem vontade de viver.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Poema

O que não sei
está escrito algures
entre as sobras
do que resta
e do que sou

Nada me parece
tão exacto
quando procuro
no que encontro
o que deixei
por aí

Sei que amanhã
(e só isso importa)
nem tu nem eu
estamos aqui

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Love letter

Esboçou um sorriso nervoso no instante de fechar o envelope. Beijou o papel imaginando o rosto apetecido, e nessa breve visão de luz provou o sal das lágrimas que choraria por ele. As palavras que acabara de escrever já não lhe pertenciam. Nem as palavras, nem o coração que nelas ia.