no agasalho imenso do teu corpo
ficando no chão do tempo que passou
as raízes que farão de nós
homens no limiar do sol da vida
O resto é apenas sombra
de algum ponto de partida
Este é um disco duplo que considero imperdível. Estes senhores peludos são, como terão percebido pela imagem da capa, Warren Ellis e Nick Cave. O disco chama-se White Lunar e é composto por composições escritas por ambos para diversos filmes. Por aqui encontramos momentos sonoros de The Proposition, The English Surgeon, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, entre outros. Muito, muito bom.
Parece que é moda, neste quase final de ano! Refiro-me a discos de versões, como os de Joan As Police Woman e o de Beck, por exemplo. Agora é a vez de Micah P. Hinson, há muito adorado cá por casa (ou melhor, por mim, e por culpa do meu amigo e compadre Jorge). Chama-se All Dressed Up And Smelling Of Strangers e apresenta-se em formato duplo: dois discos que serão vendidos separadamente e que têm a uni-los o facto de serem exclusivamente compostos por covers. O que vos posso dizer é que o vou ouvindo há já alguns dias e vou continuar a fazê-lo. O desconcertante intérprete texano está em grande, aproveitando-se de canções dos outros para nos entregar canções que parecem suas. Conteúdo e capa de primeira! A não perder...
* a capa, imagem que abre o post, é mesmo um autêntico achado. Linda e retrô. Aqui, por cima destas linhas, a imagem que lhe serviu de base. O "modelo" é o próprio Micah P. Hinson.
Brincávamos com as primeiras neves de Setembro. O frio que vinha do ar era o brinquedo apetecido. Alguém queria que brincássemos no branco quase puro do céu e éramos um pouco mais felizes nesses dias. Hoje, mesmo que as imagens permaneçam no calendário da memória, a neve que vai caindo do outro lado da janela é um filme antigo e sem enredo.
Caetano Veloso lembrou, a propósito deste disco e de Tiê, a frase de John Cage: "São Paulo é cheia de flores". Tiê é uma novíssima voz do Brasil. Sweet Jardim é um novíssimo disco também. Caetano Veloso tem razão ao elogiar Tiê. John Cage, mesmo sem saber do contexto em que a sua frase agora é utilizada, também tem. E eu, ouvindo Sweet Jardim, também tenho algo a dizer. E digo: há flores de cidades de pedra que são da natureza dos sonhos.Já faz um tempo
Que eu queria te escrever um som
Passado o passado,
Acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que
Eu te devo sempre alguma explicação.
Parece inaceitável a minha decisão.
Eu sei.
Da primeira vez,
Quem sugeriu,
Eu sei, eu sei, fui eu.
Da segunda
Quem fingiu que não estava ali,
Também fui eu.
Mas em toda a história,
É nossa obrigação saber seguir em frente,
Seja lá qual direcção.
Eu sei.
Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom.
Mas se é contrário,
É ruim, pesado
E eu não acho bom.
Eu fico esperando o dia que você
Me aceite como amiga,
Ainda vou te convencer.
Eu sei.
E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada,
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direcção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.
E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Uma belíssima ideia. Segundo consta Beck anda a regravar discos que fazem parte da história da (boa) música pop / rock, dando-lhes novas roupagens musicais. O primeiro a sair da mente prodigiosa de Beck foi The Velvet Underground and Nico. Já o ouvi vezes suficientes para o ter em conta como um dos melhores do ano. Somente a faixa Heroin fica muito aquém da original, acelerada desde o início, sem o pico da heroína que a versão dos Velvet mostra, de forma tão coerente. Deixo-vos a capa e o vídeo de Sunday Morning. Arrebatador!