sexta-feira, 20 de julho de 2007

Três poemas para Mia Couto

I
Estendes as palavras como saias
e no manto delas
sussurram as vozes das micaias

II
Nem sempre a terra nos sustenta
a braços com seus vazios
nem sempre da água nascem rios
rumo a paragens distantes
e quase nunca as noites frias
são maiores do que os instantes

III
Agora
o tempo desperta em novas vagas
e a palavra já assenta
na ténue certeza das miragens


(* estes poemas foram publicados no jornal Ecos de Belém, a oito de Outubro de 1994, embora apareçam agora ligeiramente modificados.)

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