domingo, 16 de setembro de 2007

Os dias perdidos


Sabia que não tinha idade para brincar como as crianças, mas essa certeza de nada lhe servia. Era mais forte do que ele. Mesmo quando o trabalho lhe exigia atenção, competência e concentração, havia sempre um momento para a fuga suprema: "Que fazer com este papel onde se lê URGENTE, deixado na minha secretária? Talvez dobrá-lo e fazer um barco, depois deixá-lo flutuar no rio Tejo que passa mesmo ao lado da cadeira onde me sento. Ou simplesmente amachucá-lo e tentar encestar no caixote do lixo do chefe. São três pontos garantidos!" - pensava.
Os dias eram assim perdidos...
E como era precavido, trazia sempre no seu bolso um carrinho pequeno que usava para evitar os engarrafamentos à hora de ponta.


nota: esta imagem pode ser vista em http://olharmacro.blogspot.com/

1 comentário:

MANIA disse...

Trazia não no bolso mas no meu pensamento, a boneca, e os vestidos de princesa que gostaria de lhe fazer.
Um abraço