terça-feira, 9 de outubro de 2007

Viagem sem luz


Foi como se algo tivesse disparado. Por dentro, sem estrondo algum, imperceptível. Num ápice de tempo, a cabeça entrou em rodopio, implusiva. Uma constelação de ideias apoderou-se dela e fê-la suspirar, dobrar as pernas num êxtase preguiçoso, demorado e bom. Sentiu o corpo ser invadido, uma parte do corpo, a cabeça apenas. E a viagem prosseguiu sem sentido até tornar-se um pesadelo. Sem prazer, sem estrelas, sem qualquer luz que valesse a pena ter acesa.


nota: esta imagem pode ser vista em http://olharmacro.blogspot.com/

2 comentários:

Yanneck disse...

Deixa-me contar-te um segredo.
O pesadelo foi-o aos olhos mortais, cenário montado pelos deuses arquitectos desse céu que desconhecemos.
Cada uma das estrelas seguiu caminhos tão remotos como a vontade de conhecer. Sem rasto para que a não seguissem. Com ela o prazer escondido atrás de cauda de cometa...
Lá ao longe, muito longe outros lugares ganharão outras luzes - essas sim, de valer a pena.
Quanto a nós, aqui ficamos fazendo da escuridão um estranho sentido de vida.

Carlos Lopes disse...

É isso. É exactamente isso, ou outra coisa qualquer próxima e distante disso. As estrelas que vemos no céu escaparam-nos das mãos, não é verdade?