sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

De mãos dadas

Olha, se me deres a mão não tens de ter medo de nada! Mesmo que os monstros do bosque apareçam à nossa frente, nós teremos muita força se estivermos de mãos dadas. Isso, assim não custa mesmo nada. De mãos dadas e juntinha a mim. Não te parece melhor assim? Agora podemos avançar. Já nada nos pode fazer mal. Porque, no fundo, não há monstros neste bosque. Noutros, talvez. Mas não te preocupes. Se algum aparecer, fechas os olhos, como eu, para não o veres.

4 comentários:

· disse...

es cierto, el miedo no tiene cabida cuando alguien te tiende una mano.

abrazo,

LR Photography disse...

Gostei muito do texto e da foto!

Cati disse...

É sempre bom termos quem nos dê a mão. É que os monstros escondem-se onde menos se espera...

Gárgola disse...

O sempre genial CDA:

Mãos dadas

Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Desci o PDF e li o teu livro e me agradou muito! Parabéns!

um abraço