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Os ABC estrearam-se no mundo da música com uma obra-prima absolutamente inquestionável. Um daqueles discos perfeitos do princípio ao fim, sem uma única faixa que ficasse aquém das restantes. É claro que as que mais ficavam no ouvido eram, por exemplo, The Look of Love, Poison Arrow ou All of My Heart, mas para mim todo o disco era soberbo. Ainda hoje, apesar da produção algo datada, sobrevive bem enquanto trabalho de POP certeiro aos ouvidos e ao coração. De tal maneira que o segundo disco da banda (Beauty Stab) não aguentou as comparações com o primeiro e afundou-se ( e com ele toda a carreira do grupo) no mais profundo mar do esquecimento. Injustamente, na minha opinião. Gosto muito de Beauty Stab, embora seja um trabalho completamente diferente e com outro propósito de The Lexicon of Love.
Ouvíamos (sim, deste o meu irmão gostava e o meu primo achava-lhe alguma graça) The Lexicon of Love a todas as horas: de manhã e de tarde (essas memórias misturam-se com as brincadeiras algo taurinas com o cão da casa - chamava-se Perro, se bem me lembro - que muito sofreu com as bandarilhas / molas da roupa que teimávamos em cravar-lhe no dorso) ouvíamos e cantarolávamos o disco do princípio ao fim, e mesmo de noite (mais memórias, no quarto do primeiro andar onde dormíamos os 3, às tantas da noite, com bexigas repletas de xixis nocturnos que saíam disparados pela janela - para não acordamos ninguém - e que aterravam no quintal, desenhando estranhos desenhos no chão de areia) os ABC faziam-nos companhia.
Quem nunca ouviu este trabalho dos ABC andou perdido nos anos oitenta, ou então era deficiente auditivo. Canções como as anteriormente citadas, ou como Show Me, Valentine's Day e Date Stamp são bem a prova de um disco genial. Tão genial que entra agora, triunfante, no Museu dos Melhores Discos do Séc. XX.
* já para não falar da capa, um verdadeiro clássico...
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