segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013!

Estou descrente, e 2013 está a chegar. Lembro os versos de Cazuza, e sorrio da ironia que neles encontro,  temendo-os pela verdade que neles se encerra. Que mais se pode fazer senão acreditar no impossível? Que seja um ano feliz, mesmo assim! E que a felicidade nos pareça um bem maior do que alguma vez imaginámos, uma coisa rotineira como saúde, água e pão à mesa. 



Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára.

*os versos de Cazuza pertencem à canção O Tempo Não Pára

Um fim em continuidade

O Senhor Stein, afinal, escapou ao fim do mundo. Escapou ileso, sem uma única dor, sem um único sentimento de angústia, ou de medo. Na verdade, o Senhor Stein não acredita em profecias, tenham elas a origem que tiverem. Acredita, isso sim, que a vida continua, alheia às vontades de todos e de qualquer um. Acredita, isso sem dúvida, num fim em continuidade. Como os segundos, os minutos, as horas, os dias, as semanas, os meses e os anos, e por isso o Senhor Stein está em casa, a preparar-se para o fim de 2012. Tem a mesa posta, e vestiu uma roupa a condizer com a data. Olha em frente, e quando um novo ano começa, o ano antigo já não lhe faz falta.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Poema em tempo de crise

Estamos a poucos versos
do fim de mais um ano

Arrisco dizer que tudo
foi um enorme engano

E que assim continuará
por muito tempo

Talvez nos reste apenas
um último momento

De grandeza enobrecida
que nos faça pensar

Um pouco mais no menos
que nos dá a vida

sábado, 29 de dezembro de 2012

Top dos melhores discos ouvidos em 2012

Ah, a música! Como vem sendo hábito deixo aqui, no final de cada ano, os 10 discos (ouvidos e saídos em 2012) que mais me marcaram, e que passarão a fazer parte da minha vida melómana. Como é costume, a ordem de entrada será alfabética (em relação a artistas / bandas).

1. Advance Base: A Shut-In's Prayer
(ternas, tristes e doces melodias do novo projeto de Owen Ashworth)






















2. Alt-j (∆): An Awesome Wave
(talvez o melhor disco de 2012)



3. Bill Fay: Life Is People

(muito respeito por quem faz discos assim)























4. Caetano Veloso: Abraçaço
(uma obra-prima a encerrar a trilogia com a Banda Cê; um discaço)






















5. Coolrunnings: Dracula is Only the Beginning
(a excentricidade do ano)






















6. Cornershop: Urban Turban
(a melhor canção do ano está aqui, e chama-se what did the hippie have in his bag?)





















7. Damon Albarn: Dr. Dee


(uma belíssima ópera damoniana)






















8. Efterklang: Piramida


(frio e elegante, de cortar a respiração)




















9. Otto: The Moon 1111
(misturada ottoniana, em homenagem a François Truffaut e a muitas mais pessoas, ideias e coisas)


10. Tom Zé: Tropicália, Lixo Lógico

(Tom Zé está de regresso, e em grande forma)


























Muitos outros discos ficaram bubbling under, mas apenas 10 entram no Top. No entanto, nomes como Madrid (dupla formada por Marina Vello e Adriano Cintra), Bat For Lashes,  Django Django, Julian Cope e alguns mais merecem constar no rodapé deste post. Para o ano há mais, e desde logo um lugar parece-me estar garantido: Nick Cave & The Bad Seeds, com o disco Push The Sky Away. A ouvir vamos...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Top dos melhores filmes vistos em 2012


Vi muitos e bons filmes no ano que agora finda. Mais em casa do que no cinema, claro está, que a escolha faz-se melhor no aconchego do lar. Aqui fica o Top dos 10 filmes vistos (e revistos, em certos casos) em 2012, por ordem alfabética.

1. A Aventura (dvd), de Michelangelo Antonioni
2. A Corte do Norte (dvd), de João Botelho
3. A Grande Farra (dvd), de Marco Ferreri
4. As Praias de Agnès (dvd), de Agnès Varda
5. Balas Sobre a Broadway (dvd), de Woody Allen
6. É na Terra, Não é na Lua (dvd), de Gonçalo Tocha
7. Fahrenheit 451 (dvd), de François Truffaut
8. Frankenweenie, de Tim Burton
9. O Último Ano em Marienbad (dvd), de Alain Resnais
10. Violência e Paixão (dvd), de Luchino Visconti

* o último filme da saga 007 estaria, muito possivelmente, nesta lista, tivesse eu tido a oportunidade de ir vê-lo ao cinema, mas a verdade é que não fui...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Top dos melhores livros lidos em 2012


2012 foi um ano de boas leituras, daí que tenha decidido incluir no I Blog Your Pardon o Top dos 10 livros que mais prazer tive em ler. Esta escolha não se baseia apenas em livros publicados este ano, note-se, e em alguns casos trata-se mesmo de releituras. Aqui ficam, então, as obras que mais mereceram a minha atenção, por ordem alfabética dos títulos.

1. A História do Senhor Sommer, de Patrick Suskind (Edições Asa)
2. As Helvéticas (versão colorida), de Hugo Pratt (Meribérica/Liber)
3. Fábula de Veneza (versão colorida), de Hugo Pratt (Meribérica/Liber)
4. Fogos, Raymond Carver (Quetzal)
5. Mel, de Ian McEwan (Gradiva)
6. Não é Meia Noite Quem Quer, de António Lobo Antunes (D. Quixote)
7. O Cemitério de Praga, de Umberto Eco (Gradiva)
8. O Juramento dos Cinco Lords, de Yves Sente e André Juillard (Asa)
9. Os Sonhos Não Envelhecem - Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges (edição de luxo, da Geração Editorial)
10. Todas as Palavras, de Manuel António Pina (Assírio & Alvim)

Se quiser seguir algumas destas sugestões, sirva-se à vontade... e boas leituras.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

♪♪ Bal, Baltazar ,♪♪ Bal, Baltazar, ♪♪ Baltazaaaaaar ♪♪

Mais do que o regresso à infância, um olhar gentil e poético sobre as pessoas e o mundo: esta é a prenda de Natal que ofereci a mim próprio! A coleção completa (4 únicas séries compostas por 59 episódios, mais alguns extras) é um primor, e o trabalho de remasterização e legendagem merecia um prémio de excelência. Quase não se vê à venda, e nem na fnac se encontra. É, também por isto, um tesouro. Agora podem rir-se à vontade, que eu e o meu colega Professor Baltazar não nos importamos.


( a box Professor Baltazar)

* o uso de tantas cores na escrita deste post é, obviamente, propositado.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

É (quase) Natal

                                           Feliz                   Natal                  2012  

domingo, 23 de dezembro de 2012

Ir à praia em pleno inverno



O post de anteontem fez-me voltar a Pauline à la Plage, e recordar o cineasta, desaparecido há quase três anos. Chegou a hora de abrir o portão (ou de pular a cerca, como preferirem), e entrar de novo no universo fascinante das infidelidades do filme de Rohmer, estreado em 1983.



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Impressões, referências (?)

Serei apenas eu a ver estas referências? As imagens pertencem ao filme Guerra Civil (2010), de Pedro Caldas, que curiosamente nunca estreou em Portugal, devido a questões de direitos de utilização da banda sonora. Eu nunca vi o filme, nem dele teria conhecimento não fosse encontrar um post sobre a obra em questão no blog de Ricardo Gross (Devaneios). A imagem utilizada nesse post levou-me a querer ver outras, e de repente tudo fez sentido na minha cabeça. Talvez só na minha, admito. Mesmo assim, aqui ficam as minhas impressões.



[as personagens Joana (Maria Leite) e Rui (Francisco Bélard), ou Marianne Renoir (sobretudo) e o seu Ferdinand, de Pierrot le Fou.] Repare-se (sobretudo, uma vez mais) na blusa da jovem atriz, e lembremo-nos de certas cenas do filme de Godard.




De novo Joana e Rui, agora fazendo-me pensar em Éric Rohmer, e no filme Pauline à la Plage, com Amanda Langlet (Pauline) e Simon de la Brosse (Sylvain).

Repito o que afirmei nas primeiras linhas deste post: pode tudo isto ser apenas impressão minha, mas de qualquer maneira, adoraria que não fosse. Acho que não vale a pena explicar porquê.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Tops


A novidade deste ano, aqui no I Blog Your Pardon, diz-se em meia dúzia de palavras: nos próximos dias há Top 10 dos Livros, Filmes e Música que mais me marcaram em 2012. 

* Tops ainda em preparação, mas quase terminados.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Presente impossível


Aqui está o presente de Natal mais desejado, embora saiba perfeitamente que não irei tê-la...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Nem eu, nem tu


Sempre sonhei com o dia em que fugiríamos, eu e tu, sem nada dizermos a ninguém. Imaginava o momento em que, ao entardecer, saltarias da janela para o aconchego dos meus braços. Depois o mundo seria tão nosso quanto o nosso desejo de sermos nós dois, o mundo. Mas nesse dia não dei por entardecer, a janela não se abriu, e a realidade toldou o sonho ambicionado. É tantas vezes assim, a vida: um lugar onde se está sem que se esteja preparado.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Pai Natal

O Senhor Stein já pouco liga ao Natal. Pouco lhe diz a quadra que agora se vive, embora não perceba bem as razões que o levam a andar desanimado com esse velhinho de barba branca e olhar generoso. O próprio Pai Natal parece-lhe um Pai Natal reformado da sua missão, ausente, cabisbaixo. Na verdade, o Senhor Stein preferiria viver o Natal de outras alturas, mas sabe perfeitamente que essa possibilidade só existe na sua cabeça, daí que tenha encomendado (num sítio que não diz a ninguém) um pouco do tempo em que o Natal era o acontecimento da sua vida. Pediu que lho entregassem embrulhado, com um enorme laçarote. No entanto, o Senhor Stein sabe que a encomenda poderá atrasar-se, uma vez que o Pai Natal já está muito velhote. 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Poema

Aceitar o que não vem
recusando o que se tem

(viver uma vida assim
como se fosses ninguém)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

"giggity giggity"


Depois de muito tempo sem saber se alguma vez iria voltar a ter o prazer de possuir as temporadas de Family Guy que me faltavam, eis que surge um milagre de Natal: as oitava, nona e décima já por cá se vendem, e a ótimo preço. Daí que, como é bom de ver, já não me escapam. Assim posso assegurar que as férias natalícias terão um outro esplendor...

* (quem não é conhecedor da série não entenderá o título deste post)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pero que las ay, las ay!!


Eu sempre gostei de bruxas, e por isso este post serve de homenagem a essas bizarras figuras do meu universo da infância. Quem nunca se maravilhou com elas, apesar de serem quase sempre personagens vilãs, não entenderá o fascínio que é ter uma delas entre os dedos da mão. No fundo, como elas não existem, a existência desta, que a imagem documenta, é tão real como todas as demais. Nesta bruxa azulada, que tão gentilmente pousou para a fotografia, estão representadas tantas outras, a saber: Madame Min, Maga Patalógica (ambas do universo Dysney), bruxa Viviane (da Turma da Mônica), Menéia (das histórias da Luluzinha), Wendy (das aventuras do Gasparzinho), Cuca (do Sítio do Picapau Amarelo), e tantas outras bem menos interessantes e bem mais reais, com quem me cruzo diariamente...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Numa outra vida, talvez...

Todos os que lerem este post nunca mais verão uma data assim, em que os números de dia, mês e ano se repetem!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

Not bad!

Os finais de ano deixam-me nostálgico, próximo de um tempo que ainda me habita o coração. Encontrei esta imagem na net, e fiquei a olhar para ela durante largos minutos, que se foram estendendo no tempo, que recuaram até ser jovem, no meu quarto, enquanto sonhava com o que a vida me iria oferecer, ouvindo a sua voz e o seu som, que até hoje me acompanham. Serei sempre assim, eterno menino a olhar para o tempo, e sem saber bem o que fazer com ele.


(esta imagem, durante muitos anos, preenchia a porta do meu quarto, e abriu caminho a muitos sonhos)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Como habitar uma casa

Primeiramente
deve apreciar-se a solidez
da construção
a austera voz que emana
do seu porte
e depois abrir-se a porta
como se abre o coração
permitindo-se uma gota
de sangue (ou uma
lágrima) a cada entrada
ou a cada anúncio
de saída

Depois deve arejar-se o ar
de cada quarto (um para
cada vida neles passada)
e estender-se no chão
algumas réstias de pó
da sua própria construção
que nos lembre do que fomos
antes de sermos pertença
dessa nova habitação

Um casa
um mesmo corpo
em dispersiva
união

* depois de ler o livro Como se desenha uma casa, de Manuel António Pina

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Eu te saúdo, Dave!


Fiquei bastante triste com o falecimento de Dave Brubeck, anteontem. Foi ele que me levou ao Jazz. Foi dele o primeiro disco de Jazz comprado por mim, e será ele o meu eterno ídolo dessa manifestação artística e musical nascida há já mais de um século. Por tantos e bons momentos perto de ti e da tua música, estas linhas saúdam-te, agradecidamente. Long live Jazz, long live Dave Brubeck!


(os meus cinco discos preferidos de Dave Brubeck, que não param de rodar no meu sistema de som desde que soube da triste notícia)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O beijo mais pop

(clique na imagem para aumentar)

O que vou escrever será, certamente, um grande disparate, e para muitos uma coisa sem sentido algum, uma barbaridade inaceitável. Aceito que assim seja, e atrevo-me aos insultos: para mim, esta fotografia, este beijo de Debbie Harry e Chris Stein captado por Roberta Bayley (New York, 1976) é o equivalente pop do célebre O Beijo do Hotel de Ville, de Robert Doisneau (Paris, 1950). 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Corte do Norte

Escrevi neste blog, há já alguns anos, um pequeno post sobre A Corte do Norte. Referia-me ao filme mostrando a minha vontade em vê-lo, coisa que apenas se concretizou faz três dias hoje. Confesso agora o mesmo que tenho dito aos meus amigos: nunca um filme português me marcou tanto, e me pareceu tão digno de menção. O que nele há de Visconti, a beleza dos diálogos, o secular enredo envolto em mistério, a beleza de Ana Moreira (haverá rosto mais belo no cinema atual?), faz-me não ter dúvidas em afirmar que A Corte do Norte é uma verdadeira obra-prima do cinema nacional. Sei que voltarei a ver o filme dentro em breve, uma vez que ainda tenho um ou outro pormenor por limar. E sei, sobretudo, que vai valer a pena a repetição.


(na imagem, ao centro, Ana Moreira no papel de Emília de Sousa, uma prostituta analfabeta, e Almeida Garrett, ao seu lado, protagonizado por Vergílio Castelo)

* gostava bastante de ler a opinião do meu amigo Artur Carvalho sobre este filme de João Botelho. Está lançado o desafio, Artur?

domingo, 2 de dezembro de 2012

Push The Sky Away


Há muito que uma mulher nua deveria estar presente na capa de um disco de Nick Cave. Cumpre-se agora esse desígnio, em Push The Sky Away (com lançamento previsto para fevereiro, dia 18). 

* quem conhece bem a obra de Nick Cave, compreenderá a primeira frase deste post.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Dezembro

Um último passo e é dezembro
em todo o lado
dezembro antigo e rotulado
mês sem esperança
e sem perdão

Parece ser dezembro intimamente
no som da chuva
que cai no chão
ou nas horas já tardias
em que ficamos
lado a lado
em mais um dezembro
que passa em vão