quinta-feira, 12 de março de 2009

New Musik


I - Os New Musik tiveram vida curta. Para mim, esse é um dos maiores mistérios dos anos 80. Como pode ter acontecido? Os New MusiK eram verdadeiramente geniais, muito para além do seu tempo. Faziam canções com enorme apuro melódico, canções pop com travo futurista, clever and catchy music, I must say. O grande cérebro da banda chama-se Tony Mansfield, e liderou-a de 1979 a 1982. Depois, desapareceram, embora nunca o tivessem feito oficialmente.

II - O primeiro disco da banda surgiu em 1980, pela pouco sólida GTO: intitulou-se From A to B. Todas as músicas do álbum poderiam ter sido singles, mas surgiram apenas Straight Lines, Living By Numbers, This World of Water e Sanctuary. O disco não fez má carreira, chegando ao Top 40 de Inglaterra. Mas sempre foram mal amados e pouco reconhecidos. Eu, literalmente, AMO este disco. E recordá-lo aqui e agora, é um imperativo. Tardio, devo acrescentar. Tenho-o em vinil e em cd, numa versão com 3 extras de grande qualidade. A pergunta que fica é esta: quem nunca ouviu From A to B, está à espera de quê?

III - Para muitos, Anywhere, o segundo álbum da banda (1981), é o seu melhor trabalho. Eu não me atrevo a escolher o melhor disco dos New Musik. Fazê-lo seria quase uma traição à paixão que sinto por todos. Mas, na verdade, Anywhere é imenso, cheio de canções superlativas, algumas trazendo autênticos landscapes sonoros, como a soberba Areas, ou a igualmente soberba Luxury, ou ainda Peace, todas elas deliciosas canções para ouvir e meditar. O disco foi aclamado um pouco por todo o mundo, mas vendeu pouco, ainda menos do que o primeiro. Também o tenho em vinil, trazido sem que ninguém soubesse (estava perdido por detrás de armários cheios de álbuns que ninguém ouvia...) da Rádio Horizonte (da Amadora), onde eu e o meu amigo Janeca tivemos durante dois anos, julgo eu, um programa de música brasileira intitulado Avenidas. Era difícil, para não dizer impossível, comprar o disco em Portugal. Mas eu tenho-o, felizmente. Como também o tenho em cd, com três faixas extras, re-intitulado Anywhere...plus. A pergunta que fica é esta: quem nunca ouviu Anywhere, está à espera de quê?

IV - No ano seguinte, em 1982, foi editado o último trabalho dos New Musik. Warp é um disco bastante experimental, digamos assim. Representou o adeus de uma das melhores bandas dos anos 80, um adeus sem ponta de glória, apesar de ter canções como Here Come the People, A Train on Twisted Tracks, Kingdoms For Horses, uma versão de All You Need Is Love, dos Beatles, logo seguida, no alinhamento do disco, de All You Need Is Love, canção com o mesmo título da anterior, mas assinada pela própria banda. E assim, nesse mesmo ano, os New Musik desapareceram. Também tenho Warp em vinil e em cd, de prensagem japonesa, com cinco faixas extras. E, é claro, a pergunta que fica é esta: quem nunca ouviu Warp, está à espera de quê?

V - Tony Mansfield continuou ligado à música, como produtor. Produziu nomes como Aztec Camera, The B-52's, Captain Sensible, The Damned, entre outros.

* Tenho uma compilação dos New Musik feita por mim (em cd) e ofereço-a a quem melhor souber pedi-la, com jeitinho, de forma meiga. Vão ver que nunca mais os deixarão de ouvir.

** Todos estes discos estão, claro está, no meu Museu dos Melhores Discos do Séc XX

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