Faltavam apenas dois dias para ser Natal. Isso, de certa maneira, incomodava-o. A razão era simples e podia ser dita em duas palavras: estava só. Pela primeira vez na sua vida de adulto, não tinha ninguém com quem comemorar a data que se aproximava.
Ia a caminho da sua aldeia. Pela janela do carro olhava a paisagem e sentia-se parte dela. Lá fora, a neve e o frio vestiam de branco o dia que chegava ao fim, timidamente.
Por vezes - pensava enquanto conduzia -, era preciso abandonar certos confortos e rumar a um destino que sabia ser o seu. Porquê esperar mais tempo e adiar o que tinha como certo? Não valia a pena. Estava consciente disso. Estava até orgulhoso da atitude tomada. Um homem não pode ceder. Nunca.
Preocupava-o o facto de não ter ninguém à sua espera. A solidão pode ser uma noite muito fria. Quem iria encontrar por lá? Ainda se lembrariam dele? Como estaria a Teresa? Nem ao certo se recordava da sua exacta fisionomia. Lembrava-se bem dos seus olhos grandes e brilhantes, poderosos, que o faziam estar acordado noites inteiras. Como seria o encontro, mais de vinte anos depois? Mas que encontro? Nem mesmo sabia se o que pensava agora poderia vir a acontecer. Seria uma enorme coincidência. Alguém, por certo, já a teria levado daquele lugar... Era melhor não pensar nisso.
Daqui a pouco mais de três horas chegaria ao fim da viagem. Estava disposto a abrir os braços ao rumo incerto da vida. E, ao pensar nisso, acelerou mais um pouco.
*esta história será continuada aqui
11 comentários:
Boa Carlos!
Belo início.
A solidão é algo que nos toca a todos de vez em quando, ainda que não o admitamos...
Gostei desta frase:
"A solidão pode ser uma noite muito fria."
Vamos lá ver se conseguimos trazer um pouco do calor do Natal ao "ele"! (e porque não a nós tb?!!)
Beijinho e obrigada!
:)
Um começo para reflectir!
Agora há que acelerar para dar a volta ao assunto!
Já estou a imaginar a minha parte.
Abraço!
Começa muitíssimo bem!
Adorei!
Espero que a Mónica ainda considere a minha tardia inscrição...
BEIJO enorme para si!
Wow! Que belo começo... este desafio promete! Até sinto um frio na barriga a tentar imaginar como estará a história quando chegar a mim. Obrigada, muito OBRIGADA mesmo pelo prémio, que quero muito receber, mas não sei o teu mail... snif! Se não quiseres deixá-lo aqui ou no meu blogue, eu deixo-te o meu e podes enviar para lá.
a.sofia.silva@hotmail.com
sofia: tens mail na tua caixinha...
cati: certamente que a mónica conta contigo. Todos contamos, aliás...
tugafixe: agora há mesmo que acelerar. A última frase do que escrevi vai mesmo nesse sentido. Com tanta aceleração, vamos lá ver se não há despistes;-)
mónica: ainda bem que gostaste do início. Ou foi só da frase citada por ti? ;-)
Vamos lá ver como vai ser o Natal desse "pobre coitado"...
Não se esperava menos de ti, não é verdade? =)
E acelerou para a gata... vamos lá esperar o desenrolar...
Estou atenta!
Beijinhus!
Olá Carlos,
eu gostei dessa frase em particular, a qual soou muito bem porque o texto (todo ele) é excelente!
20 anos é muito tempo tempo, hein?
E dois dias?...hummm promete!;)
Beijinhos
daniela: obrigado pelo comentário. Estou cheio de curiosidade para ver crescer esta história...
mónica: pode viver-se mais em dois dias do que em vinte anos... Vamos lá ver se o "nosso homem" aproveita ;-)
Bom início! E pode-se viver uma vida num momento e um momento parecer uma eternidade.
Carlos esperemos q isto fique fixe, e q não se parta muita louça (hohohoho!)
Beijo.
Bom dia Carlos,
A Gata já se "espreguiçou" e a sesta fez-lhe muito bem mesmo. Não é que ela acordou cheia de vontade de continuar a nossa história?
Beijinho
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