sexta-feira, 6 de julho de 2012

Poema

Lembro-me do primeiro encontro
à beira mar com os pés molhados
disposto ao sol tórrido de agosto
e de um breve aceno de vento
(aquele vento que muda a página
do livro no exato momento em que
isso se justifica, e nos faz sorrir)
como que a dizer Não, não te deixes
toldar (o sol do meio dia exige
uma expressão como esta) mais uma vez
Chega de acreditar que esta
será a última E nem penses mais nisso
uma vez que a vida não se repete
(e se, por mero acaso, isso acontecesse)
seria grave e deixaria marcas
mesmo que poucas e impercetíveis
mas mesmo assim marcas (do tipo
rugas na pele) junto ao coração
e com esta idade tão urgente que tenho
a vida seria pouco mais que
um acompanhamento
de uma mais que profunda solidão

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