Este post é uma excepção. Mas vai valer a pena, acreditem. Venho publicitar um blog feito por alunos das minhas 4 turmas (três de 9ºano e uma de 11º) que está a crescer maravilhosamente bem. Terá, quando concluído, mais de 100 postagens. Não deixem de ir espreitar. Vão ver que vale a pena. E também não deixem de comentar. As vossas mensagens serão aplausos para os ouvidos dos melhores alunos do mundo... Que por acaso são meus!
Está aqui.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Poema da promessa absoluta
Um dia
o poeta despertou
do encanto das palavras
e prometeu a si mesmo
(sem medo de se perder)
que só voltaria à escrita
se tornasse a adormecer
o poeta despertou
do encanto das palavras
e prometeu a si mesmo
(sem medo de se perder)
que só voltaria à escrita
se tornasse a adormecer
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Poema
Hoje sou o Rei
deste jardim
e no balanço das flores
na valsa do vento
descubro a Rainha
que dança para mim
deste jardim
e no balanço das flores
na valsa do vento
descubro a Rainha
que dança para mim
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Poema
Há uma doce melodia
quase etérea
viajante
que acontece no momento
das vontades transbordantes
Uma música sublime
que vem de dentro
e define
o que fica por dizer
Uma canção que insinua
as raízes do desejo
e que chega ao pensamento
antes do primeiro beijo
*poema vagamente inspirado na canção Sweet Song, dos Blur
quase etérea
viajante
que acontece no momento
das vontades transbordantes
Uma música sublime
que vem de dentro
e define
o que fica por dizer
Uma canção que insinua
as raízes do desejo
e que chega ao pensamento
antes do primeiro beijo
*poema vagamente inspirado na canção Sweet Song, dos Blur
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Poema
Há sempre alguém
que nos falta
nos arrepios da vida
uma janela fechada
um passo para a partida
há sempre alguém
que está longe
nos arredores do destino
um passado que não houve
um presente repentino
há sempre alguém
que à distância
nos alimenta os caminhos
e nos faz sentir unidos
nos momentos mais sozinhos
que nos falta
nos arrepios da vida
uma janela fechada
um passo para a partida
há sempre alguém
que está longe
nos arredores do destino
um passado que não houve
um presente repentino
há sempre alguém
que à distância
nos alimenta os caminhos
e nos faz sentir unidos
nos momentos mais sozinhos
domingo, 27 de janeiro de 2008
Poema dos finais dos dias de Inverno
Há um frio cortante
que nos gela o sangue
nos finais de tarde
quando a lareira
menos arde
no interior de nós
um frio implacável
que sobra das horas
dos recantos dos olhares
do limbo da esperança
um frio que dança
gracioso tenebroso glacial
quando se vê no horizonte
um raio de sol
a desmaiar o dia
no seu sorriso final
que nos gela o sangue
nos finais de tarde
quando a lareira
menos arde
no interior de nós
um frio implacável
que sobra das horas
dos recantos dos olhares
do limbo da esperança
um frio que dança
gracioso tenebroso glacial
quando se vê no horizonte
um raio de sol
a desmaiar o dia
no seu sorriso final
sábado, 26 de janeiro de 2008
Para sempre
Assim, envoltos no conforto de braços mais fortes...
Depois, um dia mais tarde, ficará para sempre a imagem desses momentos. Apenas a imagem e o que aprendemos dela. E depois, um dia ainda mais tarde, já somos nós os braços fortes, já somos nós que protegemos, que amparamos aqueles que são nossos, e sendo nossos, somos nós mesmos também. E abraçá-los, mostrando que os sentimentos podem ter, ao mesmo tempo, a força hercúlea das pedras e a fragilidade dos laços de amor.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Poema
Não sofras
não chores
não há despedidas
que resistam ao sorriso
de te querer assim
Não chores
não sofras
por me pertenceres
por teres o coração
dentro de mim
Mas se chorares
ou se sofreres
encosta os lábios aos meus
e os sonhos
não terão fim
não chores
não há despedidas
que resistam ao sorriso
de te querer assim
Não chores
não sofras
por me pertenceres
por teres o coração
dentro de mim
Mas se chorares
ou se sofreres
encosta os lábios aos meus
e os sonhos
não terão fim
Poema
As mãos
uma vez mais
Passeiam na pele
a despertar sentidos
um a um
sem nenhum clamor
nenhum gemido
Apenas mãos
sobre o corpo apetecido
uma vez mais
Passeiam na pele
a despertar sentidos
um a um
sem nenhum clamor
nenhum gemido
Apenas mãos
sobre o corpo apetecido
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Poema da inevitabilidade
Poema
Nos dedos
tenho a ponta
das palavras
que calei
na tua boca
*este poema foi publicado neste blog em Junho de 2007. Foi um dos meus primeiros posts. Repito agora a dose porque estes versos encontraram nesta imagem um lugar perfeito para habitarem.
**esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
Poema
Vou contando
as horas e os dias
até que batam à porta
ao ombro
tanto faz
O importante é chegar...
Mas que não demore
tenho alegrias contidas
que ameaçam transbordar
as horas e os dias
até que batam à porta
ao ombro
tanto faz
O importante é chegar...
Mas que não demore
tenho alegrias contidas
que ameaçam transbordar
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Poema
Amanhã
se fizer sol
vestir-me-ei de anjo
para sair à rua
e vagarei
(o corpo ao vento)
na esperança
de chegar bem alto
para que à distância
me possas ver
Mas se fizer chuva
não fiques assim
nesse enredo triste:
há sempre outros anjos
para além de mim
se fizer sol
vestir-me-ei de anjo
para sair à rua
e vagarei
(o corpo ao vento)
na esperança
de chegar bem alto
para que à distância
me possas ver
Mas se fizer chuva
não fiques assim
nesse enredo triste:
há sempre outros anjos
para além de mim
domingo, 20 de janeiro de 2008
Os dias que vão
Avançar! Todas as hipóteses em aberto. Bastava que o impulso tomasse conta de nós. Bastava apenas isso, esse pequeno gesto que tardava... Para trás ficaria todo o passado, toda a existência. E se seguíssemos em frente, como seria? Hesitei, olhei para o céu. As nuvens gritavam sentimentos mistos em mim. Em nós? Não sei, não consigo saber nada. Nem mesmo sei se depois de tudo isto passar, os dias serão os mesmos. As mesmas luzes que me guiam, as mesmas mãos que me puxam para a estrada da vida, a mesma voz que me diz, serenamente: Avança, amor. Vamos chegar tarde...
*esta imagem foi retirada do site http://aspartesdotodo.blogspot.com/
Poema
Antes
havia um pássaro
que cantava todas as manhãs
uma flor
que se abria
a cada olhar
um tremor ardente
preso à pele
uma estrela
sempre que olhava o céu
Antes
sabia as horas
de todas as vontades
e nunca me atrasava
nos beijos
que trazia
Antes
havia uma voz
que me mentia
e que dizia
que a vida
seria sempre assim:
uma chama acesa
que nunca teria fim
havia um pássaro
que cantava todas as manhãs
uma flor
que se abria
a cada olhar
um tremor ardente
preso à pele
uma estrela
sempre que olhava o céu
Antes
sabia as horas
de todas as vontades
e nunca me atrasava
nos beijos
que trazia
Antes
havia uma voz
que me mentia
e que dizia
que a vida
seria sempre assim:
uma chama acesa
que nunca teria fim
Poema
Escrever
desenhar os nomes
das pessoas que não vemos
escrevê-las em versos
no papel
escrever o juízo
dizer o prazer
para fingir
no espaço que ocupam
as palavras
que há sementes
sem certezas de crescer
Escrever
para sermos personagens
que o destino
nos convidou
a viver
desenhar os nomes
das pessoas que não vemos
escrevê-las em versos
no papel
escrever o juízo
dizer o prazer
para fingir
no espaço que ocupam
as palavras
que há sementes
sem certezas de crescer
Escrever
para sermos personagens
que o destino
nos convidou
a viver
sábado, 19 de janeiro de 2008
"Desafio porque me apetece" : Sound-a-Sleep
Pensamos mais na vida quando estamos deitados. A noite tem fama de conselheira e talvez seja por isso. Talvez. Mas também é verdade que nos deitamos para dormir, descansar, para sermos verdadeiramente livres por algumas horas. Sim, é isso, para sermos livres: o coração a bater forte, contrariando a vontade do corpo que quer adormecer... Dorme coração. Continua a bater, mas devagarinho, mais devagarinho, quase parando, até não sentirmos que bates ainda...
A partir desse instante, a música é outra.
* este post é vagamente inspirado numa música que ouço desde os meus 13 anos. Chama-se Sound-a-Sleep. Está incluída no álbum Eat To The Beat, dos meus adorados Blondie. A letra diz assim:
You close your eyes and you will see
Micro-flashing neon lights
Open your eyes and you will see
It still looks like the same thing
Lie and wait for sleep and listen
To your heart beat too fast for sleep
Close your eyes and you will see
The sound asleep
I want to go, I want to go
I want to go down to go to sleep
Your frame of reference
Is my swimming pool
My, my swimming pool
Still looks like the China Sea
Pool to sea and finally
The sound asleep
Feel the muscles in your face
Twitch, relax, remembering
Everything that went down and will go down
I want to go down to sleep
Insomnia, no sleep disease
Petties parking, feed me please
Lie and wait for sleep and listen
To your heart beat too fast for sleep
(Debbie Harry / Chris Stein)
** este foi um desafio proposto pela Ki.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Poema
Diz-me
coração
se a chuva
que cai lá fora
pode apagar
agora
a chama dentro
do peito
Diz-me
se é isto a vida
ou se é só Primavera
antes de tempo
coração
se a chuva
que cai lá fora
pode apagar
agora
a chama dentro
do peito
Diz-me
se é isto a vida
ou se é só Primavera
antes de tempo
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Thumbs up
Ontem ganhei um prémio. Ou melhor, o meu blog ganhou. Foi o primeiro. E gostei muito de o ganhar. Quem se lembrou do blog foi A Caixinha dos Meus Botões e por isso lhe agradeço: obrigado, Sofia. Vindo do blog que vem é uma honra.
Agora cabe-me escolher outros blogs para atribuir o mesmo galardão. Aqui vão:
* Macro (pelas imagens que são excelentes e porque muitas vezes as estrago um pouco com o que escrevo sobre elas)
* As Partes do Todo (porque se escreve maravilhosamente bem por ali)
* Ponto (porque se o Filipe quiser pode ser um grande escritor, embora já o seja)
* Bocados de Tudo (porque a fotografia pode dar-nos momentos fantásticos)
Julgo que todos estes blogs nunca tinham sido acariciados com um prémio. Também por isso, estes foram os escolhidos.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Sorriso lunar
Fizemos tudo naquelas horas! Fomos só vontade e nenhum juízo. Os dois sem prisões a nada, a vida pela frente a convidar-nos para a cegueira das paixões, a noite a pôr-se mesmo a jeito, a música certa, o calor do momento, o frio do inverno lá fora, a fogueira no peito a querer mais um pouco, mais uma vez... Pela janela encostada à cama, lembro-me de ver, enquanto nos virávamos, um retalho de lua que nos vigiava e que deixou pendurado em mim um sorriso tímido, como que abençoando a vida no interior daquele quarto, no interior de nós.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
domingo, 13 de janeiro de 2008
"And I don't believe in the existence of angels/ But looking at you I wonder if that's true"
Hoje visitei pela enésima vez o The Boatman's Call, de Nick Cave. Tenho por ele uma devoção que geralmente só se tem por aquilo que consideramos verdadeiramente nosso. E, ao ouvi-lo, fui uma vez mais constatando a sua inequívoca beleza viciante. Nunca senti a música tão próxima do ar que respiramos como hoje à tarde, enquanto o ouvia. Nunca me senti tão vizinho dos anjos, tão de mãos dadas com eles, em comunhão. Talvez o tempo cinzento tenha ajudado, talvez a chuva lá fora me tenha predisposto a alma, talvez as notas dedilhadas ao piano tenham acordado em mim uma qualquer magia impossível de entender.
Talvez as coisas fascinantes sejam assim, perigosas e belas. Quase letais, quase imortais...
* dois dos versos da canção Into My Arms são usados como título deste post.
Ainda
Saibam que ainda vos vejo, ainda vos sinto no chapinhar das poças, nas algazarras dos polícias e ladrões, ou sentados nos muros brancos da nossa inocência, quando olhávamos as meninas que passavam, e ainda ouço as juras íntimas de amor que fazíamos por elas. Ainda vos vejo nos olhares fugidios de quem passa na rua, nos gestos esquivos, ainda vos vejo nas caras dos outros ao meu redor. Ainda e sempre, também eu ao vosso lado.
sábado, 12 de janeiro de 2008
Missa de sétimo dia (lamento)
Poema
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
lennon's glasses!!
Há três dias atrás deparei com esta imagem. E a verdade é que desde então não me tem saído da cabeça. Não só a imagem, mas sobretudo quando associada ao título que a acompanha. Só consigo definir o trabalho em questão como GE-NI-AL, assim mesmo, em maiúsculas e com divisão silábica, de forma a realçar o adjectivo empregue. O autor é o nosso amigo red. O descaramento de a colocar aqui é todo meu. Imagem e título. Valoriza este espaço e isso é sempre o que vou procurando. Os óculos de Lennon tornaram-se icónicos, seguindo a linha de quem os usou. Mas vê-los assim, onde realmente não existem, tornar metáfora esta imagem de uma qualquer construção como há tantas pelas ruas onde andamos, não está ao alcance de todos. De facto, não há nada que dois olhos atentos e lúcidos não consigam ver.
Venham de lá mais lições, sr. fotógrafo...
*esta imagem foi retirada do site http://bocadosdetudo.blogspot.com/
Poema
Dentro de mim
um só sentido
claridade absoluta
Dentro de mim
um espaço intenso
quase recinto de luta
Uma imensa melodia
que em silêncio
se insinua
E a vontade premente
que combina bem
com a tua
um só sentido
claridade absoluta
Dentro de mim
um espaço intenso
quase recinto de luta
Uma imensa melodia
que em silêncio
se insinua
E a vontade premente
que combina bem
com a tua
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Poema
Por vezes
julgo que estás
em todo o lado
Mas não
engano meu
São apenas
os meus olhos
que imaginam estar
perto do céu
julgo que estás
em todo o lado
Mas não
engano meu
São apenas
os meus olhos
que imaginam estar
perto do céu
Vida inquieta
Não sei se é só comigo, mas há dias em que apetece não pensar e ir ao fundo das coisas. O pior que pode acontecer é perder tudo, nada de muito importante. Nada me prende a grandes planos de vida, por isso mesmo, nada me prende assim tanto à vida que me faça deixar sempre por fazer aquilo que a vida me vai pedindo em surdina: seguir em frente, dobrar a esquina do momento e ser livre para voar até onde a vontade me levar.
*esta imagem foi retirada do site http://soutelododouro.blogspot.com/
Hora marcada
Por vezes são conversas. Apenas conversas para que as horas não tenham o peso pesado dos momentos mais intensos. Conversas para nos entretermos um pouco, para conseguirmos roubar à vida um tempo que ela raras vezes nos dá. Outras vezes é mais do que isso. É não sabermos estar sós, não conseguirmos digerir o conforto incómodo que a solidão pode provocar em nós. Outras vezes é ainda mais grave: quando sentimos que as despedidas têm hora marcada e que já falta pouco... Muito pouco.
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
Dizer poemas
Dizer poemas
fazer das palavras
a solução
dos dilemas
desta vida
Basta saber
o tempo certo
o oportuno momento
de emudecer
o grito
para depois
seguir vivendo
os versos
que nos mostram
o infinito
fazer das palavras
a solução
dos dilemas
desta vida
Basta saber
o tempo certo
o oportuno momento
de emudecer
o grito
para depois
seguir vivendo
os versos
que nos mostram
o infinito
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Poema
Somos tanta coisa
nos dias que vivemos
que deixamos de existir
intimamente
Esquecemos o que somos
tantas vezes...
Só os poemas nos lembram
nos revelam
e fazem de nós
pequenos deuses
nos dias que vivemos
que deixamos de existir
intimamente
Esquecemos o que somos
tantas vezes...
Só os poemas nos lembram
nos revelam
e fazem de nós
pequenos deuses
domingo, 6 de janeiro de 2008
Noche en San Juan
*este é um fim possível para uma história que começa aqui
Não sei se era música o que ouvira. Não sei. Ainda hoje tenho dúvidas sobre o que aconteceu ali, que sons eram aqueles que ouvi naquela sala, vindos daquele palco. Uma coisa era certa para mim: o mundo era só aquilo, naquele instante. Disseram-me mais tarde, pouco tempo depois, enquanto as guitarras continuavam, errantes, a ocupar-me o corpo, os poros, os sentidos, que havia desmaiado. Que perdera os sentidos depois de me ter levantado e caminhado em direcção ao palco. Não foi exactamente quando me dirigi ao tablao que desmaiei. Lembro-me de estar calor, muito calor, de ter dançado, de ter sido outra pessoa - coisa tão estranha em mim !!! -, durante alguns longos minutos. De ter visto alguma roupa, talvez minha, não sei, pelo chão… Depois sim, o desmaio.
O que aconteceu antes disso, não posso contar. Foi tudo muito estranho e muito intenso. Intenso e tremendamente revelador. Se o contasse aqui, estaria a expor-me mais do que pode suportar um ser humano como eu, frágil, de uma fragilidade quase doentia quando se trata das coisas do coração. Não posso fazê-lo. Não posso… Entendam-me. Peço-vos isso. Entendam-me. Só escrevo estas linhas porque estou agora a ouvir a mesma música. Pu-la a tocar ainda há pouco, para me recordar daquela noche en San Juan. Mas vou tirá-la já. Parece que me queima. Não consigo, não aguento…
Quero somente dizer-vos o porquê destas linhas. O que vos conto agora tem um sentido, um único sentido. E posso dizê-lo da forma como ouvi dizer naquela noite. Uma frase, apenas. Simples e crua: la vida es chula, no lo permitas que ella te mate por amor!
* outros fins para a mesma história: aqui, aqui e aqui também.
Não sei se era música o que ouvira. Não sei. Ainda hoje tenho dúvidas sobre o que aconteceu ali, que sons eram aqueles que ouvi naquela sala, vindos daquele palco. Uma coisa era certa para mim: o mundo era só aquilo, naquele instante. Disseram-me mais tarde, pouco tempo depois, enquanto as guitarras continuavam, errantes, a ocupar-me o corpo, os poros, os sentidos, que havia desmaiado. Que perdera os sentidos depois de me ter levantado e caminhado em direcção ao palco. Não foi exactamente quando me dirigi ao tablao que desmaiei. Lembro-me de estar calor, muito calor, de ter dançado, de ter sido outra pessoa - coisa tão estranha em mim !!! -, durante alguns longos minutos. De ter visto alguma roupa, talvez minha, não sei, pelo chão… Depois sim, o desmaio.
O que aconteceu antes disso, não posso contar. Foi tudo muito estranho e muito intenso. Intenso e tremendamente revelador. Se o contasse aqui, estaria a expor-me mais do que pode suportar um ser humano como eu, frágil, de uma fragilidade quase doentia quando se trata das coisas do coração. Não posso fazê-lo. Não posso… Entendam-me. Peço-vos isso. Entendam-me. Só escrevo estas linhas porque estou agora a ouvir a mesma música. Pu-la a tocar ainda há pouco, para me recordar daquela noche en San Juan. Mas vou tirá-la já. Parece que me queima. Não consigo, não aguento…
Quero somente dizer-vos o porquê destas linhas. O que vos conto agora tem um sentido, um único sentido. E posso dizê-lo da forma como ouvi dizer naquela noite. Uma frase, apenas. Simples e crua: la vida es chula, no lo permitas que ella te mate por amor!
* outros fins para a mesma história: aqui, aqui e aqui também.
Urgência
Bastava o cheiro
o teu perfume
bastava o lume
que se acende
as mãos suaves
o olhar crescente
bastava a luz
o corpo inteiro
o abandono da pele
o desalinho
os cabelos
entre os dedos
bastava o riso
bastava a voz
a nudez alva
os pés
no jeito preciso
a elegância inacabada
o gemido sussurrado
bastava que fosse agora
que fosse já
que fosse antes
do poema terminado
o teu perfume
bastava o lume
que se acende
as mãos suaves
o olhar crescente
bastava a luz
o corpo inteiro
o abandono da pele
o desalinho
os cabelos
entre os dedos
bastava o riso
bastava a voz
a nudez alva
os pés
no jeito preciso
a elegância inacabada
o gemido sussurrado
bastava que fosse agora
que fosse já
que fosse antes
do poema terminado
sábado, 5 de janeiro de 2008
Il faut le voir
Poema
Dispo-te
como se fosses
flor
as pétalas
uma a uma
botão de rosa
amanhecido
nudez fatal
paradisíaca
E assim
és flor em mim:
aflordisíaca
como se fosses
flor
as pétalas
uma a uma
botão de rosa
amanhecido
nudez fatal
paradisíaca
E assim
és flor em mim:
aflordisíaca
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Poema em vento
Hoje
o vento arrastou-me
rua fora
folha a baloiçar
piruetas
o ar na cara
frio colado à pele
Hoje
o vento fez-se poema
nesta folha
de papel
o vento arrastou-me
rua fora
folha a baloiçar
piruetas
o ar na cara
frio colado à pele
Hoje
o vento fez-se poema
nesta folha
de papel
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Brincadeira para enganar a morte
Sem que a veja
a morte pondera
se chegou a hora
de ter nova companhia
Ainda não
Espera de mim
mais um poema
para lhe alegrar o dia
a morte pondera
se chegou a hora
de ter nova companhia
Ainda não
Espera de mim
mais um poema
para lhe alegrar o dia
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Invernos
Por vezes continua a ser Inverno, mesmo para além do tempo devido. Inverno em nós, na pele, nos ossos. Tudo parece ser cinza e água a nos castigar o corpo. Tudo parece acontecer gelidamente. Mas mesmo assim, há sempre esperança. Um rasgo tímido de luz, cores que passam pelos nossos olhos húmidos e incendeiam rastilhos contidos de alegria. Por vezes parece ser sempre Inverno, e no entanto, lentamente, as cores de um novo dia insinuam-se sem que nos apercebamos.
Esses são os dias em que adormecemos a sorrir...
Novo look
E ao segundo dia, cara lavada.
Um novo look para esconder as rugas!
Mudar por fora, mas nada mexer por dentro.
São assim as aparências que nos enganam.
Deixe-se enganar por aqui.
Conto consigo.
Um novo look para esconder as rugas!
Mudar por fora, mas nada mexer por dentro.
São assim as aparências que nos enganam.
Deixe-se enganar por aqui.
Conto consigo.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Poema
Um poema
para inaugurar
o novo tempo
Estes são os versos
da máxima esperança
os primeiros a fazer
sinceros e puros
A meio do caminho
será mais difícil
esquecer
para inaugurar
o novo tempo
Estes são os versos
da máxima esperança
os primeiros a fazer
sinceros e puros
A meio do caminho
será mais difícil
esquecer
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