
Assim, à antiga!
Um desejo dactilografado!











Conheces o sabor das águas das fontes? A sua sublime frescura ? Faço-te a pergunta porque nem sempre sei dar-te a resposta pretendida. Há dúvidas que nunca nos largam, raios de sol que nunca nos atingem, arrepios gélidos que nos invadem o corpo sem que isso nos convenha. Conforme os dias, assim vai correndo o tempo que neles habita: umas vezes poeira, outras vezes água límpida das fontes que vivem dentro de nós.

Este post não é um exercício de narcisismo. Quem me conhece sabe bem que o que escrevi na frase anterior é bem verdade. O que estas linhas (e a imagem, bem entendido) representam, mais não é do que a minha vénia ao mundo da Apple: iPhone, iBook, iMac, iPod e afins. Esta imagem, de uma série de 4 que irão aparecendo nos próximos dias, foi tirada no iPhone do meu cunhado. E assim, há museus imaginários que se tornam realidade...
Tenho o silêncio em muito boa conta. Há mesmo momentos em que não prescindo da dose certa desse vazio, digamos assim. Por isso, tenho ainda em melhor conta o silêncio musicado deste disco. Chama-se Elizabeth Vagina e é o segundo projecto de Queen Elizabeth. Julian Cope e Thighpaulsandra gravaram-no em 1997 e referiram-se ao disco como 5 Neo-Republican Studies of the Great Goddess Rising. É um disco duplo, de tiragem limitadíssima, uma das raridades da minha já extensa colecção. Tenho-o a dobrar: as duas edições que foram feitas de Elizabeth Vagina (a de edição limitada a que me refiro, e também a outra, de 2002, e que ainda se pode adquirir com facilidade, e cuja capa vos deixo aqui ) são bens preciosos, sobretudo para aqueles momentos onde o silêncio é necessário, imperativo, quase sempre durante certos períodos da noite em que toda a casa dorme e em que o vazio ganha uma dimensão física quase insuportável. Nesses momentos, Elizabeth Vagina consegue manifestar o seu máximo propósito: permitir que o ouvinte pertença a um outro espaço, a um outro tempo que não tem nome nem lugar.
A revista Blitz - que começou por ser jornal - faz 25 anos! Num país onde a divulgação musical é precária em termos de quantidade e qualidade, há que saudar este aniversário, embora discordando com a orientação de tendência mainstream que a caracteriza. Mesmo assim, acho que é justo dizer que a revista Blitz vai melhorando com o correr dos tempos. Parabéns, Blitz!!!
O novo disco de Tom Waits está para breve. Enquanto não chega Glitter and Doom (disco duplo ao vivo, sendo que o primeiro cd regista várias das canções que foi gravando na sua mais recente digressão, enquanto que o segundo regista pequenas histórias que Tom Waits foi contando entre as canções dos alinhamentos dos concertos), aqui fica um presente auditivo do próprio Waits: é só fazer um click aqui e cumprir com o que vos pedem.
Há já algum tempo que as portas deste Museu não se abriam. Abrem-se hoje para festejar um som encantado, feito por uma pequena islandesa também encantada, graciosa e estranha, capaz de me deslumbrar (como é o caso) ou de me aborrecer até à medula ( a palavra medula não é inocente neste contexto, como se aperceberão os que conhecem bem a obra da artista). Falo-vos de Bjork e do seu Vespertine, disco cujo título inicialmente previsto era Domestika, que também lhe assentaria bem. O que me agrada em Vespertine é a sua candura, a sua aura de leveza, de confluência de sentidos (é, de facto, um disco onde as canções têm um perfume próprio, um paladar muito específico, uma capacidade única de nos tocar de forma quase táctil). Aqui não temos as gritarias quase descontroladas que são uma das imagens de marca da senhora Bjork. Vespertine é uma brisa fresca vinda do gelo que intensamente habita cada canção, mas apenas fresca e nunca gélida ao ponto de nos deixar indiferentes. No coração das canções de Vespertine há uma pequena chama que nos orienta por caminhos belos e sensuais. Canções como It's Not Up To You, Pagan Poetry ou Hidden Place podem provocar pequenos milagres em nós. E eu sei bem do que falo...