
sábado, 31 de maio de 2008
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Chico, o outro
Hoje é dia de Chico César. Ou melhor, noite. Tenho um presente para mim mesmo... Ao cair das estrelas, quando já todos cá em casa estiverem a ver as séries de muito bom gosto e recorte artístico dos nossos canais televisivos, eu estarei na minha sala a ouvir o novíssimo disco do Chico César. O título cheira a festa, mas quem conhece Chico César sabe da qualidade e do bom gosto que o distingue sempre. Saravah, amigo Chico! Hoje "tamos aí"!* até porque a noite deve estar silenciosa por estes lados. Estão todos no Rock In Rio...
Jazz Impressions
Não sou um ouvinte assíduo de Jazz. Os discos desse estilo musical que possuo podem contar-se pelos dedos das mãos (e, vá lá, dos pés também) e pouco conhecimento tenho sobre o assunto. Há, no entanto, um ou outro músico que sempre me habituei a ouvir com agrado. Um deles é Dave Brubeck. O disco que aqui apresento foi lançado a 28 de Julho de 1958 e só há dois dias tive conhecimento dele. Podem, pelo que escrevi na frase anterior, avaliar do meu atraso em relação a obras (e são muitas) de um dos músicos que aprecio dentro da área do Jazz. O Jazz mais recente não me tem fascinado, no entanto, aquele estilo musical que habitualmente se designa por Novas Tendências, incorpora muitas vezes aquilo que penso poder ser o Jazz do futuro e isso atrai-me mais, confesso. Mas voltemos ao disco em questão: Jazz Impressions of Eurasia. Foi encantado que o ouvi ontem em modo repeat por três ou quatro vezes. Que bonito! Que melódico! Que piano magnífico aquele que se faz ouvir ao longo das seis faixas do disco. E tudo graças à minha boa amiga inglesa de Chesham, Trish. (Thanks, my dear. You are a star...) Falar sobre o disco é sempre pior do que ouvi-lo, por isso calo-me já. * a música que agora se ouve neste blog é de Dave Brubeck, mas não está incluida no disco ao qual dedico este post. A faixa Maria pertence ao álbum Music From West Side Story, outro magnífico trabalho e que é, aliás, o meu preferido.
Poema
os pés no rio
ser como as águas
que vibram ao encontro
do meu corpo
Um homem quer-se de pé
quer-se proa de navio
para que ele mesmo navegue
no interior do seu rio
quinta-feira, 29 de maio de 2008
A noite é uma mulher adulta
e é frágil a noite destes dias
como se os rasgos de luz
na pele da noite
fossem ferida acesa
até ser dia
E assim
as noites são estreladas
para que sintamos
a sua imensa solidão
A noite é uma mulher adulta
com medo da escuridão
Poema
com o brilho fresco
do orvalho
e sou nesse olhar
uma criança que brinca
sem sentido algum
senão brincar
Mas tenho hoje
uma outra idade
subjacente ao olhar
que me diz que já é tempo
de saber que há um momento
da brincadeira acabar
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Sigur Rós
Os Sigur Rós parecem diferentes, pelo menos a avaliar pela canção de avanço do seu novo trabalho. O disco chama-se Med Sud Í Eyrum Vid Spilum Endalaust, e o tema de apresentação é Gobbledigook. Parecem estar menos etéreos e mais dados a sons primários, batuques, ritmos bem marcados. O próprio video apresenta já algumas diferenças formais em relação aos anteriores. Sejam bem-vindos. Talvez já fosse altura de mudarem um pouco o rumo sonoro do seu percurso...Diz-me
se nos poemas se revela
um pouco do que sou
diz-me se a luz de certos versos
ainda se acende em ti
ou se é só sombra
e se apagou
Diz-me tudo o que quiseres
o que puderes dizer
sobre o que escrevo
mas diz-me agora
mesmo que o que digas
me soe a resposta fria
Diz-me se o que escrevo
são poemas
apenas isso
ou algo mais
como poesia
Quase
Há tanto tempo! Há tanto tempo desejava ardentemente aquele beijo que nunca tivera e que agora estava próximo. Muito próximo. Tão próximo que era motivo de algum sobressalto interior. Mas sabia-lhe tão bem essa antecipação... Por isso fechou os olhos (para que nessa escuridão tivesse a visão perfeita) e esperou. Nestas alturas os segundos custam mais a passar, parecem eternos no seu atraso, tão eternos como a vontade que sempre tivera desse beijo que nunca chegou, tão eterno como o sabor que perduraria para sempre nos seus lábios carnudos de desejo. E era agora...* esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com/
terça-feira, 27 de maio de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Poema
desde que a sinta por perto
o frescor da pele
a seda do cabelo
o peito duro
suspenso e entreaberto
Depois os olhos
a luz dos olhos
para iluminar
este deserto
Cat Power
Hoje é dia de Cat Power. E o que vos posso mais dizer é apenas aquilo que sei: um Coliseu dos Recreios a rebentar pelas costuras e uma voz magnífica que vai cantar somente para mim...into big black armour
Leave no trace
Of grace
Just in your honor
Lower me down
TO CULPRIT SOUTH
Make 'EM WASH A SPACE IN TOWN
FOR THE LEAD
AND THE DREGS OF MY BED
I'VE BEEN SLEEPING
Lower me down
PIN ME IN
Secure the grounds
For the later parade
(Cat Power - The Greatest)
domingo, 25 de maio de 2008
A canção
Parrallel Lines 30th Anniversary Edition
Parallel Lines talvez seja um dos discos que mais vezes ouvi durante toda a minha vida. Quem me conhece sabe do meu fascínio pelos autores do disco. Os Blondie foram marcantes no caminho das minhas escolhas musicais desde a mais tenra idade. Ainda hoje devo saber de cor a maior parte das letras das suas canções, tantas foram as vezes que ouvi todos os seus discos até The Hunter, trabalho final da primeira fase da banda.Parallel Lines foi gravado entre Junho e Julho de 1978, na Record Plant de Nova Iorque, saindo para o mercado a 23 de Setembro. Faz 30 anos este ano e vai ter direito a uma edição especial, muito na moda no mercado actual: Parrallel Lines 30th Anniversary Edition.
Eis o seu alinhamento:
CD:
Hanging On The Telephone
One Way Or Another
Picture This
Fade Away And Radiate
Pretty Baby
I Know But I Don’t Know
11:59
Will Anything Happen?
Sunday Girl
Heart Of Glass
I’m Gonna Love You Too
Just Go Away
Bonus tracks:
Heart Of Glass (seven-inch single version)
Sunday Girl (French version)
Fade Away And Radiate (108 BPM Remix)
Hanging On The Telephone (Nosebleed Handbag Remix)
DVD:
Picture This (promo video)
Hanging On The Telephone (promo video)
Heart Of Glass (promo video)
Sunday Girl (BBC TV’s Top Of The Pops)
Como completista que sou, espero ansiosamente pelo dia 24 de Junho deste ano para o poder adquirir. Já tenho o vinil (desde a minha infância), a edição normal do cd, a edição digitalmente remasterizada (24 bits) e agora mais uma virá a caminho. Adoraria ter ainda a Compact Classics Gold CD re-issue, de 1994, mas é muito raro encontrá-la à venda nos sítios onde habitualmente a procuro, sendo que quando aparece, os preços são proibitivos.
Mas voltemos ao disco. Quem não conhece a capa das riscas pretas e brancas, quem nunca ouviu o disco, quem não conhece canções como Heart of Glass ou Sunday Girl (e podia aqui referir as 12 do alinhamento original), ou é cego, surdo, ou revelou, ao longo de trinta anos, uma fabulosa capacidade de passar ao lado do mundo. Este disco mudou-nos as vidas, e possivelmente nem desconfiamos da verdade que agora referi.
Para comemorar a data os Blondie (infelizmente já sem três dos membros da formação que gravou o disco) vão realizar a Parallel Lines 30th Anniversary Tour pelo seu país, passando também pela Europa, mas deixando Portugal de lado. Madrid e Barcelona são os locais mais próximos para quem quiser assistir aos shows da banda (como eu, por exemplo).
Como se fosse de facto preciso, esta Parrallel Lines 30th Anniversary Edition é mais um passo para a imortalidade de um disco fabuloso, já várias vezes escolhido entre os melhores 100 discos de sempre da música pop-rock. E, já agora, se nunca ouviu Parallel Lines, não diga isso a ninguém e vá numa corrida ouví-lo. Vai ver que não se arrepende.sábado, 24 de maio de 2008
Poema
quando a mudez da casa
me acordou
e o susto do silêncio
apoderou-se de mim
A morte deve ser assim
uma enorme casa
onde nunca se acorda
mesmo que seja manhã
Poema
e a escuridão abate
sobre nós
como um imenso passado
Sigo os teus passos
sem saber por onde
Num último esforço
a minha voz ainda diz
mas a tua não responde:
Eu não sou daqui
sou de muito longe
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Mar da Gávea
A música que estão a ouvir neste blog chama-se Mar da Gávea. É, como se nota, lindíssima e para mim é terapêutico cantá-la, enquanto a ouço. Aviso, no entanto, que pode tornar-se um vício. Mesmo assim proponho-vos esse exercício: cantá-la, acompanhando Arto Lindsay. Quem quiser arriscar fazê-lo e deixar o relato desse feito no espaço dos comentários ganhará, não o reino dos céus, mas o meu contentamento, o que não sendo a mesma coisa, é mais enternecedor... Aqui fica a letra.Se ela lhe disser que amar é com a maré
Por que dizer que não
Que basta o azul
O importante é saber que o mar
É largo, profundo, imenso e azul
Se ela lhe disser que só deve amor a ele
Pra que dizer que não
Que é sem razão
Coloque o mar no quarto dela
E demonstre o que é amar
Dedique esta canção a ela
E demonstre o que é o mar
O corpo é uma bebida forte
O corpo é uma bebida forte. Alucina, faz tremer, deixa-nos em perfeita convulsão. Quando as mãos desenham as formas, ao tocá-lo, nada permanece igual. Acende-se o lume da fogueira que se alimenta do que pensa o próprio corpo, do que se espera dele, do desejo de ser mais humano naquele instante. E há mulheres que se insinuam até ao limite da vontade, até ao momento da valsa, do abraço lento a dois, primeiro nos beijos, depois nos beijos ainda, depois... depois esta história deriva a escrita por um momento para que os amantes se percam no abismo dos passos seguintes sem serem importunados.Até que a dança termina com a embriaguez da pele. E aí, nesse exacto momento, o corpo é tão frágil que não suporta a mínima corrente de ar dirigida ao coração.
Indícios
Ontem à tarde comprei o livro 100 Maravilhas do Mundo, editado pela Bertrand, Livreiros. Obra profusamente ilustrada, com textos informativos sobre cada uma das ditas maravilhas, como seria de esperar... É um belo volume de 240 páginas. Só à noite, já em casa, me dei conta de que esta compra revelou, com toda a certeza, os primeiros indícios da minha velhice.quinta-feira, 22 de maio de 2008
Poema
e davam as mãos à vida
e nos dias retratavam
a vontade apetecida
de serem sempre meninos
Mas logo o tempo desfez
a quimera desses dias
e só nos sonhos que vivem
podem andar de mãos dadas
para serem eles outra vez
* esta imagem foi retirada do site http://disparosporai.blogspot.com/
Poema
aos momentos sombrios
dos tempos vividos
das vidas dos outros
do que dos outros
há em nós
e voltar sempre
ao limiar da esperança
para que nessas águas
não estejamos sós
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Permanecer
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com
Poema
porque deles germinam
todas as manhãs
e as verdades mais completas
terça-feira, 20 de maio de 2008
Poema
Poema
que te escondias
por entre as sombras do tempo
e sem saberes permitias
o amanhecer do momento
Eras tu
que não me vias
ou eu
que sem querer fugia
enredado pelo vento
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Poema
por detrás de uma nuvem
Compreendo o sol
repreendo a nuvem
Não gosto dos que se aproveitam
dos dias sem brilho daqueles que nos iluminam
Em estado de graça (Joan seja louvada)
E continua, fazendo a banda sonora plena dos meus dias. Mesmo sabendo que já tenho outros discos (que prometem) para ouvir, os meus ouvidos não permitem outras melodias. Não é disto que falamos quando falamos de obsessão? Impertinência excessiva, preocupação constante, perseguição insistente, ideia fixa? É exactamente assim, e ainda por cima por causa de uma mulher!!!* à cautela, quero garantir-vos que não sou um homem perigoso. Todos aqueles que me conhecem podem garanti-lo...
domingo, 18 de maio de 2008
I wanna throw up...
1. Futebol Clube do Porto - por causa do Costa que por lá anda.
2. Eduardo Sá (psicólogo) - porque a voz e a pose fazem-me comichão em sítios inconfessáveis.
3. Francisco Louçã - porque parece um padreco com um insuportável tom paternalista.
4. José Rodrigues dos Santos - porque sempre que pisca o olho acha que tem mais charme do que o Brad Pitt.
5. Odete Santos - tenho mesmo de explicar porquê?
6. Os programas da manhã da RTP, SIC e TVI - porque parecem feitos para pessoas mentecaptas e, afinal, são feitos por pessoas mentecaptas.
* é claro que a lista teria outros contornos se a extensão permitida fosse outra.
E por falar em Caetano Veloso...
* a 23, em Aveiro
* a 25, no Algarve (no Grande Real Santa Eulália Resort & Hotel SPA - jantar e concerto a 95 euros por pessoa)
* a 26, em Oeiras
* para conseguir ler a letra da canção Pesar do Mundo, clique na imagem. Vai ver que vale a pena.
Obra em Progresso
Caetano Veloso não pára. Não pára e vai sempre à frente, sempre inovando. Desta vez o genial baiano estreou a 14 de Maio (na casa Vivo Rio, R.J.) um show que acontecerá todas as quartas feiras até ao final de Junho. Deu-lhe o nome de Obra em Progresso. Porquê? Porque o alinhamento do show vai mudando consoante os convidados semanais. Os concertos vão apresentando músicas inéditas, algumas de Cê e muitas outras escolhidas pelos seus convidados. No final dessa mini temporada, Caetano escolherá o alinhamento final do seu novo disco, previsivelmente intitulado Transamba, óbvia referência ao seu trabalho de 1972 (Transa) e revelador de uma vontade do baiano já muito antiga de fazer um disco de samba. A acompanhar Caetano está o trio Marcelo Callado (bateria), Pedro Sá (guitarra) e Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados), a Banda Cê que gravou e tocou na apresentação do seu mais recente e musculado trabalho. Eis o alinhamento do show de dia 14, cujos convidados foram a dupla Jorge Mautner e Nelson Jacobina: 1. Perdeu (Caetano Veloso) - inédita
2. You Don't Know me (Caetano Veloso)
3. Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso)
4. Pé da Roseira (Gilberto Gil)
5. Tarado (Caetano Veloso) - inédita
6. Por Quem (Caetano Veloso) - inédita
7. Base de Guantanamo (Caetano Veloso) - inédita
8. O Leãozinho (Caetano Veloso)
9. Não me Arrependo (Caetano Veloso)
10. Minha Flor, meu Bebê (Cazuza)
11. Três Travestis (Caetano Veloso)
12. O Maior Castigo que Eu te Dou (Noel Rosa)
12. Como Dois e Dois (Caetano Veloso)
13. Sem Cais (Caetano Veloso e Pedro Sá) - inédita
14. Homem (Caetano Veloso)
15. Todo Errado (Caetano Veloso)
16. Eu Não Peço Desculpa - com Jorge Mautner e Nelson Jacobina
17. Vampiro - com Jorge Mautner e Nelson Jacobina
18. Manjar de Reis - com Jorge Mautner e Nelson Jacobina
19. Odeio (Caetano Veloso)
20. Nosso Estranho Amor (Caetano Veloso)
21. A Cor Amarela (Caetano Veloso) - inédita
22. Deusa Urbana (Caetano Veloso)
23. Cajuína (Caetano Veloso)
sábado, 17 de maio de 2008
O leito da vida
*esta imagem foi retirada do site http://olharmacro.blogspot.com
Poema
sinto-as mais ainda
quando as toco
e não estão lá
quando as ouço
na mudez do que me dizem
ou quando as guardo
como agora
ao abandono do poema
As coisas que vejo
são assim
de uma grandeza
em sublime incandescência
conjugando nesse brilho
tudo o que são
e a sua ausência
* texto levemente inspirado no livro Pobby e Dingan, de Ben Rice.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Estranha sensação
Fixação
Não tenho outra explicação para o caso em questão: trata-se de uma forte fixação auditiva. Não ouço mais nada há já vários dias a não ser To Survive, da deliciosa Joan as Police Woman. O disco vai crescendo lentamente, tomando conta de mim até ter-me ao colo, embevecido, disposto às mais íntimas carícias que só certos estados de alma reconhecem de quando em vez. Estou rendido, completamente entregue aos requintes de uma voz sublime, ao dedilhar do piano, às subtilezas sonoras das canções, à parceria final em tom de festa contida na voz de Rufus Wainwright. É tão bonito este disco! Daquele tipo de beleza que dói por dentro e que ao mesmo tempo cura as pequenas feridas que a vida deixa ficar em nós. A vida também pode ser isto: uma alma entregue a uma voz sem rosto presente, mas que ainda assim se deixa tocar quando fecho os olhos.Poema
a querer chegar-se
a querer tomar conta
do que não é seu
como uma variz a querer crescer
tomar-me a perna
depois um palmo mais
(e nisso pode ir-se a vida)
até que deixo tocar-me
ao de leve
como se fossemos íntimos
(e nisso posso ir-me nela)
depois afasto-me
recolho o corpo
e faço tudo
por parecer morto
Poema
sei quase nada
muito pouco
um grão de areia
que o vento arrasta
para bem longe
e na lonjura me vou
Eu já não sou
ou quase nada
muito pouco
parca imagem
do que antes foi
uma pegada
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Guilty Pleasures
Os ingleses têm uma expressão para isto: Guilty Pleasures. Ou seja, algo de que gostamos embora tenhamos alguma vergonha em admiti-lo...E é isso que proponho: uma lista de guilty pleasures (10 parece-me um número interessante como referência). Vale tudo, livros, discos, filmes, qualquer coisa serve, desde que gostemos e nos envergonhemos um pouco desse gosto, ao mesmo tempo.
Quem aceita o desafio de passar uma vergonha em público? Eu proponho a participação dos suspeitos do costume, mais uma ou outra aquisição recente. Vamos a isto? Eu começo:
* Mike Oldfield - Tubular Bells
* Duran Duran - Rio (o segundo disco da banda, embora ao primeiro também lhe pisque o olho)
* Kim Wilde - os dois primeiros discos (Kim Wilde - que tinha Kids In America; e Select)
* Pulseiras de pano coloridas do Senhor do Bonfim
* Crachás - daqueles que se põem nos blusões de ganga
* Os filmes do pior realizador da história do cinema (Ed Wood) - como por exemplo, Plan 9 FromOuter Space
* Hair - o filme de Milos Forman e a respectiva banda sonora
* Comer / beber alimentos coloridos, como gelados azuis, por exemplo
* Heidi e Marco - tenho um certo fascínio pelas respectivas histórias dessas personagens
* Gostar mais de gomas e de refrigerantes do que qualquer um dos meus filhos
E pronto! Agora podem rir-se à gargalhada...
Será que poderei contar com as participações de A Traição de Wendy, A Caixinha dos Meus Botões, As Partes do Todo, Em Bicos de Pés, Homo Zappiens, Just- a-Lazy-Cat, Meia Laranja Inteira, My Crazy Little World, Red Jan, Ideias e Bocados, Zoo, Magoonífico e Blue Eyes?
Os traços dos corpos
Conheço-te as formas desde há muito. Contorno cada uma das tuas curvas com a precisão absoluta de quem ama. O mesmo com os traços elegantes das tuas linhas direitas. É um trabalho moroso, feito de pequenas coisas, hesitações, angústias... Solidão. E faço com elas o que elas me permitem. Apenas isso. Por vezes um quadro desvairado, outras um arado de sonho para quem quiser sonhar.Poema
um outro carente
a precisar de atenção
um poema é como gente
em momentos de aflição
quarta-feira, 14 de maio de 2008
terça-feira, 13 de maio de 2008
Foi rigorosamente assim...
Estou rendido! Rendição absoluta à primeira audição! Um disco seguro para constar no best of de 2008.* esta imagem foi tirada há poucos minutos, quando Joan saía de minha casa, tentando que ninguém desse pela sua presença.
Última hora
Nem acredito! Hoje à noite, na minha sala, vou poder ouvir o novíssimo álbum de Joan As Police Woman. Tão novo que só sai a 9 de Junho. Adivinho e antecipo o filme: ela cantará e eu suspirarei por mais quando o disco acabar. A noite perfeita pode muito bem ter estes contornos. Podem roer-se de inveja. Eu nem vos ligo. Vou estar ao serviço da autoridade...* o disco chama-se To Survive e é o sucessor de Real Life, o melhor disco da minha vida mais recente.
Poema
não espero nada dos dias
a não ser que tenham
princípio e fim
um pouco de alento
vozes que sei
sem as ouvir
uns instantes de silêncio
e de prazer
num misto de alegria
em tom alado
para que possa sempre
ver os dias
que se estendem
por este e
por outro lado
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Soul On Fire
* Soul On Fire é o título desta canção. O video foi gravado na Islândia.
domingo, 11 de maio de 2008
Fried
Esta é uma das capas de discos mais interessantes que conheço. Revelam o que ia na cabeça de Julian Cope num período em que os ácidos quase o tornaram mais uma rock-casualty. Coleccionador de brinquedos de pequenos carros, trouxe para a foto esta carrinha onde inscreveu Fried, título do disco e espelho do que as drogas lhe faziam ao cérebro. Totalmente nu, debaixo de uma carapaça de tartaruga, Julian Cope convenceu muita gente de que a loucura teria chegado definitivamente ao seu convívio, via LSD. Nada mais (ou menos) errado. Fried é um disco genial, genialmente louco, se quiserem, mas um marco (de som e de imagem) do que Cope fazia em 1984. Este é o seu segundo disco a solo, depois da aventura dos TheTeardrop Explodes.sábado, 10 de maio de 2008
Poema a dois
uma meia metade, um sempre pouco
quando se espreita
um quarto crescente...
...suspiro:
o ar que nos prende, sempre iluminado
quando esse desejo
é algo nascente...
A primeira estrofe, bem como a imagem, é dele e pode ser vista em http://olharmacro.blogspot.com/. A segunda é minha e achei bonito ficar assim.
O dia frio
Era o mar e nós. Mais nós do que o mar. O dia frio tornava mais quente os abraços e mais límpida a brisa da manhã. Nada sabíamos do futuro, apenas que o futuro era o segundo seguinte. O segundo seguinte até não haver mais tempos de futuro.sexta-feira, 9 de maio de 2008
Cat, the greatest
A elegância da melodia, das entoações da voz, da surpresa sempre repetida dos acordes (embora já a tenha ouvido centenas de vezes), dos silêncios que se ouvem antes dos versos mais bonitos, tudo isso casa tão bem com este vídeo...
Ten Rock Movies We'd Like To See
02- Girl With a Pearl Jam Earring
03- Ringo Starr Wars
04- The Man Who Fell To Earth, Wind & Fire
05- Bring Me The Head Of Jerry Garcia
06- The Madness Of King George Clinton
07- It's a Stevie Wonderful Life
08- James Last Of The Mohicans
09- Do The Right Said Fred Thing
10- The Who Framed Roger Rabbit?
* esta preciosidade vem na revista Uncut de Junho (sim, Junho) deste ano, mais precisamente num pequeno livro incluso cujo título é The Uncut Book Of Revelations, volume 2.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
A paz dos dias
Já visita habitual da escrita deste blog, hoje trago-o para o dia nascer em paz. Senhoras e Senhores, apresento-vos... Devendra Banhart.
Circular
quarta-feira, 7 de maio de 2008
O resto do que sobra
o brilho das estrelas
na veste negra
deste texto
nada brilha aqui
nada ilumina a escrita
desta voz
tudo é árido e despido
como a última folha de outono
E em volta é tudo sombra
tudo ausência e abandono
terça-feira, 6 de maio de 2008
Porque não me apetece ir já dormir...
Eu queria ser uma Estrela Rock, pelo menos por um dia...
R.I.P., Los Hermanos.
Os filamentos do silêncio
nos filamentos do silêncio
onde as pequenas pedras se juntam
empurradas pela chuva e pelo vento
sabendo que tudo passa
sabendo o que não se diz
porque as palavras estão presas
a outras bocas
em outros sítios
e que a existência dos caminhos
está nas curvas que não dei
e nos versos que não fiz
O pouco do que fica
está aqui
ao alcance da vontade
e do prazer
O pouco do que fica
ficará sempre por dizer
Porque dizê-lo
é apagar a luz...
e está quase a escurecer
segunda-feira, 5 de maio de 2008
A Língua Portuguesa
http://www.ipetitions.com/petition/manifestolinguaportuguesa/
Demora meio minuto.
Poema
risível nas palavras
quando nascem no papel
Depois transformam-se
e ao dispor de quem as lê
tornam-se amargas
ou mel
domingo, 4 de maio de 2008
Talvez
Como acordar os anjos quando ainda dormem? Como evitar que a luz do romper do dia não incomode o sono que persiste? Como desviar o olhar da pele que se expõe tão serenamente? As dúvidas que o amanhecer traz são sempre as mesmas. E permanecem. Acordar os anjos não é tarefa simples. Talvez com um beijo, mas é tão pouco... Talvez sibilando gotas de silêncio nos lábios ainda húmidos da noite... Talvez, talvez.*esta imagem foi retirada do site http://cristal-liquido.blogspot.com/
**obrigado, Suzana Cano.
sábado, 3 de maio de 2008
Já cá cantas, Scarlett
Sim, é verdade. Estou com uma desmesurada curiosidade em ouvir o disco Anywhere I Lay My Head , de Scarlett Johansson. A edição física do álbum ainda tarda, mas ele já anda nos ares da net e chegou até mim. Estou curioso e com receio, ao mesmo tempo. Esta versão recente da Bela e do Monstro pode ser excelente, como pode ser também um flop total. Eu sei que a menina Scarlett chamou David Bowie para a ajudar, mas mesmo assim... Cantar Tom Waits é quase impossível. O termo de comparação não admite passos em falso. Vou ouvi-lo ao cair da noite e até lá vou cruzando os dedos para que a coisa resulte bem aos meus ouvidos.Aqui está o alinhamento:
01 Fawn
02 Town With No Cheer
03 Falling Down
04 Anywhere I Lay My Head
05 Fannin' Street
06 Song for Jo
07 Green Grass
08 I Wish I Was in New Orleans
09 I Don't Want to Grow Up
10 No One Knows I'm Gone
11 Who Are You?
* só a canção Song For Jo não é de Waits. É um original da própria Scarlett.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Have a good night sleep
"You close your eyes and you will see
Micro-flashing neon lights
Open your eyes and you will see
It still looks like the same thing
Lie and wait for sleep and listen
To your heart beat too fast for sleep
Close your eyes and you will see
The sound asleep..."
*esta canção pertence ao disco Eat To The Beat, muito referido neste sítio nos últimos tempos, mas não só. Chama-se Sound A Sleep.
Os poemas inexistentes
a florir numa palavra
num suspiro envergonhado
ou na ausência prolongada
E quando assim é
o que podemos
para além de lê-lo
é fazer nada
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Agora os nossos (som, escrita, imagem)
Sou do tempo do boom do Rock Português. Quando esse tempo me atingiu, não lhe dei muita importância. Entre dois ou três discos curiosos, um ficará para a história. Para a minha e para a outra também, certamente. O primeiro longa duração dos GNR trazia consigo um misto de rock-pop-indie que o colocava bem à frente de tudo o que por cá se fazia. Aquela faixa de quase meia hora (todo o lado B do vinil) dizia tudo sobre a vontade de inovar. Independança é a minha óbvia escolha!
António Lobo Antunes, quem mais poderia eu escolher? Foi muito difícil escolher um livro da sua já longa obra, mas A Morte de Carlos Gardel foi o eleito. É um livro seco, sobre a morte de um rapaz, sobre aqueles que são incapazes de amar, sobre as suas fraquezas... E descobrimos que esses, os incapazes, também podemos ser nós. A páginas tantas, uma personagem de nome Joaquim atira a seguinte frase: "Deus me livre de gostar das pessoas." E nisto se resume esta obra-prima da literatura portuguesa.
O cinema português é, na minha opinião, muito mais interessante do que por aí se diz. Isto digo eu, que nada percebo de cinema. Mas Kilas, o Mau da Fita, parece-me uma obra incontornável. Como resistir ao "chuleco", ao "malandro" que punha todas as suas meninas a render para sustentar a Madrinha? José Fonseca e Costa realizou um excelente filme e contou com a soberba interpretação de Mário Viegas (o Kilas do filme). Só os nomes das personagens dizem bem do delírio da obra: Pepsi-Rita, Lily-Bobó, Palito La Reine, entre outros. A cena da violação da Ana (Paula Guedes) é antológica.* ainda hoje não existe em dvd, o que não se compreende de todo!












